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Análise: InFamous First Light

Já não é inédito que o pessoal da produtora Sucker Punch edite jogos standalone tendo por base um dos seus jogos originais. InFamous 2 teve um spinoff chamado “Festival of Blood” com vampiros e outras “desgraças”. Agora com First Light, porém, optam por uma história sóbria e que até encaixa perfeitamente no seu grande jogo InFamous: Second Son. Trata-se de InFamous: First Light e aborda a história da irreverente personagem feminina Abigail “Fetch” Walker.

Este jogo é um prólogo de Second Son onde descobrimos como o interesse romântico de Rowe (se escolheram Bad Karma) entrou em contacto com o D.U.P. e a sua líder carismática Brooke Augustine, mas também o que levou ao assassinato do seu irmão Brent e aos eventos imediatamente antes da sua fuga e posterior encontro com Delsin. Infelizmente, ou felizmente, não há muitas surpresas já que a história estava já definida desde o jogo jogo original. Apesar de ser sempre interessante obter profundidade numa personagem tão complexa como Fetch e o seu desejo premente de destruição, quem já jogou Second Son começa logo com spoilers de já saber o destino de Fetch e do seu irmão Brent. A única forma de aproveitar bem a história seria mesmo não ter jogado o primeiro jogo a que este serve de prólogo. Aí o enredo era fantástico e envolvente. Enfim, o que realmente interessa é que voltamos a usar o seu Néon, afinal o nosso poder preferido no primeiro jogo, com algumas novidades.

História à parte, esperem toda a qualidade gráfica de Second Son neste jogo. A máxima “Equipa que ganha não se muda”, neste caso é evidente, já que o jogo original é um autêntico Showcase para a Playstation 4. As animações e texturas são exemplares, mesmo as cutscenes em jeito de cartoon são impecáveis e, claro, as animações faciais e expressões aliadas ao casting de vozes irrepreensível, continuam fantásticas. Abigail, Brooke e mesmo personagens secundárias transmitem as emoções e intensidade do momento. A Sucker Punch, ciente destes pormenores, inseriu uma pequena opção no menu que já tínhamos visto em The Last of Us Remastered que nos permite entrar num modo fotográfico com ângulos, foco e outras opções, para apanharmos Fetch em acção. É sempre simpático para quem gosta de fotografia, mesmo em ambiente virtual.

Notem que este não é um conteúdo adicional ou DLC. É um jogo que funciona sozinho (vulgo standalone) e que não precisa do jogo original para correr. No entanto, quem já possuía o Second Son irá praticamente revisitar esse fantástico jogo e a sua dinâmica. Há, obviamente, algumas diferenças. No início do modo carreira, não há guardas da D.U.P. pela cidade, deixando-nos com a sensação de impunidade a usar poderes, enquanto que Delsin tinha de ser comedido e ter cuidado para não ser visto. Também apenas usamos a metade Norte da cidade de Seattle e nunca chegamos a ir para a parte Sul. Logicamente, tratando-se de um episódio menor, o próprio modo de carreira é bem mais curto. Se fizerem tudo o que é pedido, terão umas boas 4 horas de jogo, não muito mais, até porque depois de terminarem, só existem as arenas para fazer. Mas disso, já falamos.

A maior desilusão, quanto a mim, é não existir Karma. Fetch não é guiada por qualquer compasso moral como foram Cole (InFamous e Infamous 2) ou Delsin (Second Son). Isto é algo tão característico da série, poder tomar decisões de cariz positivo ou negativo, que achei um retrocesso na lógica do jogo. Mesmo com o espírito combativo e imprevisível de Fetch, fica a faltar o tal momento de decisão que até nos permitia jogar quase dois jogos diferentes.

Fetch tem no seu poder de Néon a sua grande arma. Tal como quando Delsin o absorveu, podemos usá-lo para correr rapidamente, trepar paredes e até planar no ar. Há também os conhecidos “tiros” de néon e até mísseis. Mas existem algumas alterações cosméticas e outras de lógica, como por exemplo o facto de Fetch gastar muito menos energia a executar poderes (já que é a Conduit original do poder, enquanto que Delsin apenas o absorveu), haverem boosters chamados de Neon Clouds, para acelerar a corrida, colocados em pontos estratégicos e, claro, tratando-se de uma personagem feminina há alterações significativas nas animações.

Tal como no jogo anterior, podemos apanhar powerups que nos conferem pontos de perícia ou “Skill” (chamados SP). Com este pontos podemos melhorar os poderes de Fetch e até obter novas capacidades como tornar os mísseis néon em projécteis tele-guiados ao alvo ou gastar menos energia em cada utilização do poder. Estes pedaços de néon chamados “Lúmen” estão escondidos pela cidade, exigindo combinações de saltos, corrida ou ambos para obtê-los todos. Há alguns Lúmens especiais contidos em missões de salvamento de cidadãos, destruindo câmaras policiais ou desenhando grafittis de néon na parede (muito menos interessantes do que com Delsin, diga-se). Há uma outra forma de angariar Lúmens que envolve correr atrás deles através de um circuito pré-definido que recorre às omni-presentes Neon Clouds para apanhar. São fantásticos… mas escassos e acho que a Sucker Punch podia aproveitar este modo para criar Time-Trials ou corridas especiais.

A grande novidade (e a que vos vai agarrar por algum tempo, estou certo) é a introdução às Arenas. Algures pelo meio da história do modo carreira, somos apresentados a arenas na sede da D.U.P. onde Fetch combate contra inimigos virtuais (hologramas). Cada arena apresenta um modo de jogo diferente, desde salvar inocentes antes que sejam assassinados, sobreviver a vagas de inimigos cada vez mais fortes, etc. Tanto as arenas como os modos de jogos vão ficando gradualmente disponíveis com o avançar da história de Fetch. Quando terminarem a história, podem depois tentar a sorte nas Arenas ou num ponto central do mapa onde está a arena física ou simplesmente aceder no respectivo menu à Arena que pretendem.

Tal como já disse, os possuidores de Second Son podem jogar as mesmas arenas com Delsin em vez de Fetch e assim usar a panóplia de poderes diferentes, além de Néon a que Delsin tem acesso. Há ainda desafios para todo o jogo (Carreira e Arenas) de quantidades de adversários imobilizados, tipos de poderes usados e mesmo de quantidades de pessoas salvas que oferecem SP. Os pontos ganhos por Fetch ou Delsin nas Arenas e nos desafios convertem-se em pontos Skill e ajudam na progressão, já que mesmo todos os pontos conquistados no modo carreira não chegam para maximizar os poderes de Fetch. Se querem fazer 100%, terão de cumprir os desafios e vencer as arenas.

Veredicto

Infamous: First Light tem alguns ingredientes para ser um pequeno jogo de sucesso. Desde o simpático preço para um jogo completo e não um DLC que vai permitir a muita gente experimentar o fantástico universo de InFamous a preço de saldo, até ao já conhecido e fantástico motor gráfico que puxa a Playstation 4 a altos níveis. Temos jogo. Só que… a campanha curta e previsível com o mega-spoiler do jogo original tira-lhe um pouco o brilho. A ausência de decisão por Karma é um anátema na série InFamous e convenhamos que mesmo sendo o poder que mais gostamos, usar só Néon torna-se aborrecido se nos lembrarmos como era explodir carros com o poder de Cinzas ou voar pelos céus com o poder Video. O modo Arena torna-se mais interessante e até compensa isso tudo. Idealmente quem não jogou Second Son deve jogar este primeiro. Quem já jogou, apesar do spoiler, também vai apreciar dar umas voltas com Fetch… eu gostei!

  • ProdutoraSucker Punch
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento27 de Agosto 2014
  • PlataformasPS4
  • GéneroAventura
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ausência de Karma
  • Usar só metade da cidade
  • Second Son é um spoiler

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários