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Análise: Inazuma Eleven 3 – Team Ogre Attacks (3DS)

Esta análise abrange, para além do jogo mencionado no título, os anteriores dois jogos da série lançados no ano passado: Lightning Bolt e Bomb Blast.

Aqueles que, como eu, pertencem à geração dos anos 80 lembram-se, de certeza, da série de anime: Captain Tsubasa, rudemente traduzida posteriormente em Portugal por ‘Oliver e Benji’, e que retratava o mundo do futebol, das escolas até aos clubes. Embora recorresse habitualmente a poderes extraordinários de dois ou três jogadores para resolver as partidas, era no carácter humano das personagens que estava a chave do anime. Embora continue em produção na manga japonesa, a série de animação foi descontinuada desde 2002.

Foi na Super Nintendo que, enquanto fã da série de anime, encontrei a melhor adaptação ao mundo dos videojogos com Captain Tsubasa 5. A jogabilidade era perfeita para a altura, misturando elementos RPG com o controlo da série FIFA. Inevitavelmente, quando recebemos os três jogos da 3DS da saga Inazuma Eleven 3, desconhecendo por completo a série que passa actualmente no canal Panda Biggs, associei a ideia de um jogo de futebol com elementos RPG àquela adaptação da 16 bits da Nintendo da série de Tsubasa. Foi por isso, e sendo eu fã de ambos os géneros, futebol e RPG, que tudo me levava a crer que este pudesse ser um jogo aonde iria voltar constantemente nos próximos meses.

A série Inazuma tem usufruído de um enorme sucesso nas terras do sol nascente e, com Inazuma Eleven 3, chegam três versões à Europa do mesmo jogo para a 3DS, um pouco à semelhança do que aconteceu com a série Pokémon que, como Inazuma, também começou primeiro nos videojogos sendo depois adaptada para a televisão. As duas primeiras, lançadas no ano passado, intitulam-se Bomb Blast e Lightning Bolt, enquanto a terceira entrada, Team Ogre Attacks, só saiu já neste ano. As diferenças entre as três versões são escassas e baseiam-se sobretudo em alguns pormenores das histórias de algumas personagens que nos são revelados em cada uma das entradas: de Hector Helio em Bomb Blast; de Paolo Bianchi em Lightning Bolt; e de Canon Evans em Team Ogre Attacks. Em todas elas, a campanha principal é a mesma: a ida da Inazuma National, uma equipa composta pelos melhores jogadores jovens japoneses, ao Football Frontier International.

Os jogos da 3DS são, infelizmente, ports directos das suas respectivas versões na Nintendo DS japonesa. Por isso, os gráficos não chegam a fazer jus à última geração de portáteis da Nintendo. Sobressaiem, no entanto, as cinematics baseadas nas animações da série Inazuma.

A jogabilidade, durante as partidas de futebol 4×4 que nos surgem como se se tratassem dos encontros aleatórios de Final Fantasy, é baseada sobretudo no uso do stylus da 3DS. Sendo eu jogador habitual de jogos de futebol, a adaptação ao stylus para movimentar a equipa em campo, assim como para passar e rematar, foi algo problemática. Passes falhados e movimentações que só eram executadas já tarde resultavam num falhanço tremendo face às capacidades da equipa adversária.

Em determinada altura, quando vamos rematar, fintar ou executar uma manobra defensiva podemos utilizar as capacidades especiais dos nossos jogadores. Contudo, e um pouco à imagem do que se produz actualmente no cinema, Inazuma está repleto de enormes efeitos especiais que me levam a duvidar do seu valor enquanto jogo de futebol. Mesmo assumindo que a intenção da Level-5 não era criar um simulador de futebol, o mundo de Inazuma é demasiado exagerado. Senão veja-se: há jogadores que criam vortexes para conseguirem ultrapassar os adversários; outros que criam paredes enormes para tornar a defesa impenetrável; remates de fogo; defesas à baliza executadas com o auxílio de enormes demónios. Enfim, os exemplos abundam e reconheço que algumas destas coisas já existiam na série que tanto adorava, Tsubasa, embora de uma forma muito menos exagerada. No total, em Inazuma Eleven 3: Team Ogre Attacks existem mais de 300 movimentos especiais.

Contudo, é no exagero que Inazuma perde os fãs de futebol e faz com que não lhes recomende este jogo. Em Inazuma, praticamente todos os jogadores são capazes de executar uma habilidade especial tornando o jogo num festim de bolas de fogo, criaturas demoníacas, e outros tantos efeitos especiais. Raramente me pareceu estar a jogar um jogo de futebol. O contacto físico é, por vezes, tão exagerado que se torna estranho quando nos lembramos que esta é uma série sobretudo dirigida a um público mais juvenil. Fair play nem vê-lo nas entradas brutais que acontecem em campo.

Por sua vez, para os fãs dos RPG’s também não existe muita oferta. Existe, isso sim, uma lealdade fantástica para os fãs da série de anime, com vários detalhes fielmente reproduzidos no jogo.

As personagens de Inazuma são retratadas aqui de uma maneira caricata com um sotaque tipicamente inglês, com vozes obviamente retiradas da versão inglesa da série. Se tivermos em conta que as personagens são oriundas do Japão, o sotaque british não cai nada bem. Também os nomes foram alterados para outros de origem anglo-saxónica. Exemplo disso é o protagonista, cujo nome original, Endou Mamoru, se encontra alterado no jogo e na versão europeia da série para Mark Evans.

É também pela história que Inazuma Eleven 3 consegue conquistar mais alguns pontos positivos. O contexto da ida à competição Football Frontier International  consegue criar alguns cenários bem interessantes na preparação da equipa Inazuma National e cativa os fãs para a aventura da equipa de jovens japoneses. É também graças à narrativa que a longevidade se prolonga por várias horas.

Veredicto

Infelizmente, Inazuma Eleven 3 nas suas três versões parece-nos o espremer de uma fórmula com algum potencial mas que sai gorada naquilo que é o mundo dos videojogos de hoje. Do estúdio que me trouxe aquele que considerei o jogo do ano 2013, a Level-5, tive uma enorme desilusão num título que não satisfaz os amantes dos RPG’s e muitos menos os de futebol. No entanto, saciará os fãs da série Inazuma Eleven que passa actualmente no canal Panda Biggs e para quem este jogo é muito fiel. Ao contrário das minhas expectativas, não voltarei a jogar este jogo tão depressa. Deixo-vos com a pontuação WASD a este jogo híbrido de futebol/RPG, enquanto vou à procura de episódios do Tsubasa para ver.

  • ProdutoraLevel-5
  • EditoraLevel-5, Nintendo
  • Lançamento14 de Fevereiro 2014
  • Plataformas
  • GéneroDesporto, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Exagero de poderes
  • Jogabilidade com o stylus
  • Vozes anglo-saxónicas
  • Port da Nintendo DS para a 3DS

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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