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Análise: Halo – The Master Chief Collection

Foi com algum nervosismo que liguei a minha Xbox One e iniciei o processo de Halo – The Master Chief Collection. Não porque tivesse alguma dúvida sobre o jogo ou achasse que teria sido um erro instalá-lo na consola. Longe disso, sou um fã assumido de Halo e houve imensa antecipação para este jogo, sobretudo porque Halo 2 iria receber uma excelente remasterização a todos os níveis. Por outro lado, analisar este jogo é muito mais do que analisar um shooter… estamos a analisar História. E conto-vos como é este renascer de uma das maiores sagas de ficção científica em videojogos.

Ok! A introdução foi suficientemente dramática? Espero que sim! É que aqui nas minhas mão está um pedaço de enredo que vai além do que é contado no jogo. Nesta série estão 13 anos de história que se confundem com a da própria marca Xbox. No longínquo ano de 2001, a Microsoft tinha um projecto que muitos desejavam que não desse certo: uma consola de jogos. Em termos de títulos de lançamento, a nova consola Xbox tinha, entre outros, um jogo qualquer chamado “Halo – Combat Evolved”. Um jogo de combate na primeira pessoa e que, em 2001, era quase um anátema nas consolas!

Mas, adivinhem? A Xbox tornou-se um sucesso. E Halo foi um dos culpados. Foi o título mais vendido para a consola da Microsoft, ultrapassando todos os outros. É inevitável dizer também que foi Halo que “vendeu” a Xbox. Em paralelo, talvez apenas comparável a Super Mario na Nintendo e Gran Turismo na Playstation. Ainda hoje há recordes estabelecidos pelo primeiro e segundo jogo da série, rapidamente consolidando-a como uma das séries mais rentáveis de sempre em consolas.

A pensar nesse elevadíssimo nível de importância a Microsoft nunca deixou cair a série. Mesmo com a saída da criadora original do jogo, a Bungie, e com a passagem de testemunho para a 343 Industries, Halo foi sempre o grande jogo da Xbox e Xbox 360. Com a chegada da nova geração de consolas, porém, Master Chief ainda não tinha chegado à Xbox One. Já em 2011, na comemoração dos 10 anos do primeiro Halo, vimos chegar Halo – Combat Evolved Anniversary, ainda na Xbox 360, com texturas e som remasterizados e vimos que o destino estava traçado: todos os jogos iriam ser reeditados.

A vinda de Halo 4 e as suas fantásticas animações e jogabilidade, fez-nos crer que a série estava em boas mãos na 343 Industries. Além disso, a confirmação de que a Microsoft não deixaria adormecer Master Chief veio na última feira E3 com o anúncio do lançamento por esta altura de Halo – The Master Chief Collection que iria contar com a inclusão de Halo – Combat Evolved Anniversary, a remasterização do recordista Halo 2 e a adaptação para Xbox One de Halo 3 e Halo 4, todos os jogos que contam a história de Master Chief. Infelizmente, de fora ficaram alguns jogos. Halo Reach, o jogo de despedida da Bungie e o começo dos conflitos entre Humanos e Covenant, é, se calhar, a perda mais significativa. Halo Wars, Halo 3 ODST e Halo Spartan Assault também ficaram de fora. Mas, convenhamos… Esta é a história de Master Chief, justifica-se que só existam jogos em que esse seja o protagonista, certo?

Se quiserem conhecer todos os jogos de Halo até agora, inclusive os que estão contidos nesta antologia, leiam o nosso artigo de preparação Halo: O Legado de Master Chief que vos trouxemos a semana passada. Neste artigo, podem também ter um vislumbre do enredo e algumas curiosidades.

Liguemos lá a consola que já chega de esperar! Além do jogo em si, somos convidados a instalar uma App muito interessante na Xbox One. Chama-se Halo Channel e, sim, é mesmo um canal, como se de uma televisão se tratasse. É quase um DVD/BluRay de extras, como os que recebemos nos filmes. Trata-se de uma App online que nos traz tudo o que é multimédia acerca de Halo. Desde podermos ver todas as cinemáticas dos jogos, reportagens e making-of, pedaços de enredo e até as célebres séries de introdução como Halo-Nightfall, produzida por Ridley Scott que falámos aqui, Halo Channel é um dos muitos mimos da 343 para os fãs. E há mais!

Entrando em HMCC, somos de imediato brindados com um agradável design. Todos os jogos estão integrados num menu único e fácil de usar. Todos partilham definições (sendo possível personalizar cada jogo com configurações distintas ou comuns) e design de interface. Todos os jogos estão formatados para os standards da Xbox One com tratamento HD 1080p.

Todos os níveis, todos os modos e até todos os skulls (modifiers que permitem tornar o jogo mais difícil e com características únicas) estão disponíveis logo no arranque. Ou seja, não precisam jogar toda a carreira (embora o devam fazer) do início para jogar aquele nível que querem. Melhor, é possível, de imediato, jogar em modo cooperativo a qualquer um dos níveis e até jogar em playlists pré-definidas, com níveis dos quatro jogos, por ordem de tema. Se bem que, se querem sentir a verdadeira evolução na jogabilidade, não o devem fazer, já que as diferenças de lógica e design de níveis são incrivelmente díspares.

Jogar um nível de Halo 4 e depois outro logo a seguir ao primeiro faz-nos exasperar. Com a decisão da 343 de não alterar a jogabilidade ao nível de movimentos, modelos e interacções, apenas o grafismo tem aqui um ponto negativo. Pela bitola de hoje, Halo 1 e Halo 2 precisavam que alguns níveis fossem revistos a nível de lógica, repetição e dificuldade. Experimentem chegar à Library do primeiro Halo e depois saiam de lá pelo caminho inverso e percebem o que eu digo. Em 2001 a coisa era mais linear, mas hoje essa mesma linearidade é muito penalizada.

Depois do primeiro Halo, o segundo também mereceu tratamento Anniversary. Mas Halo 2, que celebra o seu aniversário no dia de lançamento desta compilação, dia 11 de Novembro, teve direito a um tratamento ainda mais VIP, comparado com Halo 1. Além das texturas remasterizadas que podem ser alternadas com apenas o premir de um botão, como acontece no primeiro jogo, Halo 2 contém cenas introdutórias dignas de Hollywood, como teve Halo 4. Ver todas as cenas introdutórias de Master Chief e Arbiter com qualidade cinematográfica é qualquer coisa. No entanto, esta é outra disparidade. O salto tecnológico das cutscenes entre jogos é algo estranho entre Halo 1 (cenas in-game), Halo 2 (cenas cinemáticas em CGI), Halo 3 (Novamente in-game) e Halo 4 (novamente cenas cinemáticas em CGI). Talvez demorasse mais uns anos para reeditar todas as cenas introdutórias de Halo 1 e 3, ainda por cima com Halo 1 tão recentemente reeditado e com Halo 3 com uma reedição tão cedo na sua vida. Entendo perfeitamente. Só que uma edição definitiva merecia mesmo isso.

Esperem então um grande salto entre os quatro jogos também em termos de animações. Claramente, a Bungie andou a desbravar caminho até ao definitivo Halo Reach e deve ter aprendido muito nesse processo. A 343 não mexeu nesse legado, talvez para agradar aos fãs originais. No entanto, é quase certo que muitos recém-chegados vão franzir o sobrolho às diferenças entre os quatro jogos. É que essa intenção também se manteve no modo multi-jogador.

Mas, afinal, o que é Halo sem o multi-jogador? Por mais que gostemos de andar a passear com Master Chief pela galáxia a desancar Covenant e Flood, é nas arenas contra humanos de carne e osso que Halo brilha. Ainda hoje considero o multi-jogador de Halo imbatível. Nem mesmo os jogos modernos conseguem o equilíbrio de classes, de valor e de perícia que esta série consegue, sobretudo desde a génese do Xbox Live com Halo 2. Neste pacote, o multi-jogador está disponível em todos os jogos e em diversos modos clássicos. Os mapas são os originais, remasterizados para os níveis actuais de grafismo, mas mantendo todos os pontos originais, inclusive animações e modelos. Nos vídeos de making-of diz-se em tom de gozo que até os bugs continuam lá. Aquelas sessões de “vermelhos contra azuis”, aqueles “killstreaks”… tudo está de regresso em toda a sua glória.

Infelizmente, nos últimos dias enquanto preparávamos esta análise, algumas partes deste modo estavam offline ou ainda nem tinham sido implementadas. Ainda não conseguimos jogar uma sessão online nos mapas de Halo 3, por exemplo. Não pretendo, porém, passar a mensagem de que se trata de um ponto negativo. É apenas uma falta. Até porque tivemos acesso ao jogo antes do seu lançamento. Quando lerem isto, provavelmente já estará tudo resolvido. Não percam tempo e partam para uma sessão de Deathmatch! Requer um pouco de hábito a lógica arcade, sem ADS (Aim Down Sights, o que nos outros jogos significa trazer a mira ao olho para fazer pontaria), onde conta a velocidade e destreza, além de aproveitar os excelentes mapas de dimensões e desafios diferentes. A experiência multi-jogador de Halo é obrigatória.

Notem que a nível de extras no modo multi-jogador, há ainda um outro mimo da 343 para os fãs. Todos os que adquirirem esta compilação terão acesso à Beta do modo multi-jogador de Halo 5 Guardians! A beta deverá começar nos próximo mês de Dezembro, por isso, fiquem atentos!

Veredicto

Halo – The Master Chief Collection é mais do que uma mera compilação. É uma recordação do passado. Uma homenagem a uma grande personagem, num grande enredo, em jogos vanguardistas no seu tempo. Halo foi, ao longo da sua história, uma série de estreias e de standards que foram impostos nos demais jogos do género. Quando hoje em dia jogarem Call of Duty ou Battlefield, saibam que muitas das coisas que gostam nessa jogabilidade nasceram no Halo que, a par de outros “grandes” como Counter Strike, são obrigatórios aos fãs dos tiros na primeira pessoa. Se não conhecem, têm a partir de hoje uma oportunidade de os conhecer desde a sua origem. Talvez a verdadeira ênfase esteja no Halo 2 que levou um tratamento de luxo mas todos os outros têm o seu lugar. Se quiserem mesmo sentir o que foi Halo, podem sempre jogar o primeiro com os gráficos e banda sonora originais. Uma experiência, no mínimo, inédita e impagável.

  • Produtora343 Industries
  • EditoraMicrosoft Game Studios
  • Lançamento11 de Novembro 2014
  • PlataformasXbox One
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Primeiros jogos acusam idade
  • Desnível da remasterização em Halo 1 e 3

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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