Mais infoProdutora: Radian Simulations LLCEditora: Radian Simulations LLCLançamento: 06/09/2022Plataformas: Género: ,

Durante a última Steam Next Fest, uma demonstração de um jogo despertou o meu interesse. Chama-se Gunner, HEAT, PC! e a sua simplicidade geral esconde algo muito, muito interessante.

Entretanto, a produtora Radian Simulations está empenhada em lançar este jogo em acesso antecipado no próximo dia 6 de Setembro. Antes disso, deram-me o privilégio de jogar antes, no que só posso chamar de “acesso antecipado ao acesso antecipado”. Como irão constatar, o que a Radian está a fazer é algo ambicioso, com muita atenção ao realismo possível num videojogo deste género da simulação. O que nos leva, desde logo, a ter alguma prudência quanto a expectativas. O que temos já em mãos, porém, pode ser um prenúncio de algo francamente positivo.

Este é um jogo de pura acção envolvendo combate com tanques. A ideia não é tanto criar mais um jogo de tanques, havendo tanta oferta por aí, mas uma simulação de combate realista. O movimento, a reacção, as lógicas, os timings e as dinâmicas estão desenhadas para serem realistas e punitivas. Rearmar munição demora tempo, os danos causam falhas pontuais, disparar requer perícia, enfim, não é bem um jogo de reacções rápidas, tendo até algum elemento de estratégia pelo meio, especialmente a comandar uma divisão.

O que é francamente apurado aqui, porém, é a balística das munições e a sua capacidade de destruição. Cada bala ou explosivo, realmente contam na equação. A maior prova disto mesmo é que um tiro em locais diferentes da fuselagem do inimigo cria danos distintos. Isto fica particularmente evidente na câmara de raio X que surge no final das sessões e que nos mostra os danos provocados pelos projécteis nas unidades. Há aqui um enorme esforço de simular as físicas de forma realista, como poderão constatar.

É preciso dizer, antes de mais e reforçando o que digo acima, que nesta fase de acesso antecipado o jogo está ainda muito embrionário. No site oficial, é possível consultar o “plano” da produtora para produzir este jogo. E uma leitura sucinta mostra que as principais características esperadas num jogo deste género, não estão incluídas. Por agora, o foco é apenas no combate directo com os tanques, com a produção a trazer aviação de suporte, infantaria, tripulação animada, mais facções e outras adições importantes mais tarde.

Por agora, só temos modos de jogo a solo, com os modos multi-jogador planeados para mais tarde. Temos um modo de acção instantânea para não perder tempo e também uma campanha. Esta campanha está muito básica nesta primeira fase, contendo apenas um briefing básico e missões algo repetidas. O combate é situado na guerra-fria, entre as tropas NATO e do Pacto de Varsóvia. A produção espera adicionar mais facções, com as tropas da Alemanha e Soviéticas, com vozes localizadas e tudo. A própria campanha será melhorada com aspectos mais dinâmicos e tácticos.

No rigor, este jogo é só um pouco maior que a demonstração que apenas nos dava o modo Instant Action. A verdadeira adição é a tal campanha, deixando no ar as futuras adições que, obviamente, não chegarão à demo. A Radian está muito optimista de lançar esta base tão despida de conteúdo, é algo arriscado. No entanto, com esta jogabilidade tão viciante, estou certo que muito darão uma chance ao jogo. Até posso atestar que, de um modo geral, o que temos é suficiente para causar boa impressão, pelo menos naquilo que promete desde já.

A jogabilidade é simples com teclado e rato, com apenas alguns comandos adicionais que é preciso recordar. Infelizmente, não temos um interior dos tanques, tendo apenas a hipótese de operar com atalhos. Jogamos como comandante do tanque no posto exterior de observação ou na mira do canhão. Espero que a produção se dedique a desenhar os interiores para a merecida imersão que este jogo deve ter. A ideia é comandar o tanque em movimento, mira e disparo do armamento, em várias missões de ataque, patrulha ou defesa de áreas.

O controlo dos tanques é relativamente intuitivo. Digo “relativamente” porque há uma certa profundidade que não é óbvia nos primeiros instantes. Por exemplo, no M1A1 Abrams, se ficarmos sem munição para disparar, o artilheiro precisa passar as munições do armazém interno para a torre. Este processo demora um tempo e, entretanto, o canhão fica completamente inactivo e precisamos esconder-nos neste processo. Outro pormenor é quando temos danos ou perdemos um elemento. Se o artilheiro ficar ferido, demora mais tempo a fazer as coisas. Se morrer, ficamos sem arma.

Todas estas nuances criam uma dificuldade acrescida. Mas, há mais. Mirar não é um processo simples de “apontar e pronto”. É preciso calcular trajectórias ou usar o laser para mirar com precisão. É também preciso decidir se usamos uma munição Sabot (projéctil penetrante) ou HEAT (explosiva). E ainda temos de manobrar e defender dos ataques inimigos. Para mim, a principal dificuldade surge a detectar as unidades inimigas à distância e manobrar para disparar em tempo útil. Tudo tem de acontecer antes que me vejam e eles próprios disparem.

No entanto, é preciso alguma contenção nos elogios, já que há muito mais para fazer que adicionar facções ou aspectos cosméticos. Começa logo pelo menu e pelo interface que precisam de uma enorme remodelação para serem mais estruturados e mais modernos. Mas, também a inteligência artificial precisa de vários ajustes, especialmente na detecção de colisões e “pathfinding”, reduzindo um pouco a sua capacidade de detecção. Também os danos visíveis precisam de um ajuste profundo, já que, em algumas perspectivas, não é possível distinguir veículos destruídos dos activos.

A nível visual, tirando os pormenores que já mencionei, o jogo até se aguenta muito bem no plano técnico. Com um PC mediano e “tudo” no máximo, mantem-se nos 60FPS (podem ser desbloqueados), sem sofrer muito com os detalhes, animações e efeitos no ecrã. Claro que faltam muitos aspectos da simulação, como os danos visuais ou a infantaria e até os modos multi-jogador que irão, com certeza, puxar pelo motor de jogo. Mas, estou confiante que este jogo será relativamente leve e modesto no hardware. O que só vai beneficiar a oferta no futuro.

Veredicto

Neste acesso antecipado, descobri um jogo muito básico, é certo, mas com fortes alicerces e um foco muito preciso no realismo. Gunner, HEAT, PC! não é bem o vosso jogo típico de tanques, especialmente no que anda para aí a nível de “free-to-play”. É algo conciso, uma busca pela simulação e pela táctica, para todos os que buscam algo mais “pesado” e próximo da realidade. Infelizmente, a Radian Simulations tem muito para trabalhar para chegar ao conceito que promete. Mas, pensem nesta possível compra como um “investimento” para algo realmente promissor.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.