FM-2021 (1)

Análise – Football Manager 2021

O futebol real pode estar muito diferente neste ano, até mesmo na qualidade das exibições de algumas equipas a nível mundial. Estádios vazios não contribuem para o espectáculo que este desporto pode ser. Contudo, este universo peculiar está intacto em Football Manager 2021. Em muitos aspectos chega a ser mesmo melhor que a vida real.

Se na versão anterior, a franquia esteve numa espécie de “velocidade cruzeiro”, apostando em novidades subtis e com impacto mediano, a Sports Interactive decidiu “jogar ao ataque” nesta nova versão para a época 2020/2021. Não é que nenhuma das novidades sozinha chegue para justificar uma nova versão a cada ano. Continuo a achar que estas novidades podiam sobreviver muito bem como actualizações de título, ao invés de uma nova edição. É que algumas das questões menos positivas são recorrentes, num jogo que não evolui muito, a bem também da familiaridade. O que faz este novo Football Manager brilhar, na realidade, nem é algum dos destaques individuais mas a soma de todos eles. Afinal, são equipas que ganham jogos e não talentos individuais.

Inevitavelmente, esta é uma análise às novidades e o que trazem ao jogo. Acontece muito isto em títulos sazonais de desporto. Vamos, quase sempre, falar dos pormenores que o distinguem, assumindo que são fãs da franquia, gostam deste género tão peculiar de “manager” ou, simplesmente, procuram uma alternativa aos jogos tradicionais de futebol. Este não é um jogo para novatos, uma vez mais. E mesmo quem, como eu, já anda nestas lides de treinador/gestor de equipas de futebol há várias épocas, há muita coisa que pode passar ao lado, sem dúvida. Infelizmente, este é um mundo complexo e os jogos de gestão nunca são realmente simples, por mais simplificados que possam ser.

O grande foco nesta nova versão está na comunicação. Seja entre os elementos da equipa, seja agentes desportivos, dirigentes, os média e outros. Há agora uma opção interessante de escolher a forma como conversamos, havendo até diferenças na linguagem corporal. Apontar o dedo, pode dar um tom acusador que pode intimidar um jogador menos regular. Atirar uma garrafa em fúria durante uma reunião ou bradar numa conferência de imprensa, até dando murros na mesa e tudo, é uma forma interessante de empregar alguma “paixão” às nossas interacções. Anteriormente, apenas podíamos escolher vagamente o tom das conversas, este novo formato parece-me mais “humano” nas interacções, sem dúvida.

Agora, por mais que o jogo se esforce em tornar as reuniões ou conferências de imprensa mais impressionantes e realistas, há algo que continua a não merecer muito cuidado nesta franquia. As opções disponíveis para as respostas nos diálogos, tal como apontei no jogo anterior, continuam repetitivas e não reflectem o realismo pretendido nestas interacções. Tudo bem, entendo que vamos escolher um perfil de comunicação e não vamos mesmo precisar de outro “registo” de respostas. Também podemos dizer que isto espelha bem as “respostas mecânicas” dos treinadores reais. Ainda assim, devia haver limites na quantidade de vezes que nos repetimos a dar respostas.

O que é pena, para dizer a verdade. Sempre achei que esta lacuna era das mais apontadas pela comunidade e esperava (aqui, sim) uma melhoria. Pelo contrário, as conferências de imprensa, algo que na vida real é uma componente tão importante para a comunicação de um clube, não parecem ter sofrido nenhuma alteração ou melhoria, pelo menos alguma assinalável. Bom, visualmente tem umas pequenas mudanças, com os jornalistas dispostos de forma realista e outras mudanças visuais. Irão notar que o visual tomou um lugar central nesta produção, sem dúvida. No entanto, melhor aspecto nem sempre significa melhor interacção, infelizmente.

Um elemento que considero muito interessante, tem a ver com as novas mecânicas de especulação. Esta mecânica surge em dois novos formatos curiosos. A mais interessante, quanto a mim, é a especulação de golos marcados, ou seja, a previsão de golos em cada partida, baseada nas oportunidades criadas. A matemática não é simples de fazer, mas é uma estatística curiosa, que nos dá uma espécie de barómetro de cada equipa criada, especialmente comparando com outras equipas que iremos defrontar. É uma forma algo cínica de avaliar equipas, admito, mas é francamente útil se for bem entendida.

Outro lado onde esta mecânica se torna igualmente interessante, é na especulação da imprensa, algo que o vídeo acima demonstra. Tudo bem, esta imprensa virtual usa claramente “informação privilegiada”, avaliando as nossas acções directas. Notarão também que algumas das manchetes são bastante vagas ou enganadoras. Contudo, quando temos interesse num jogador e vemos que outros treinadores estão a assistir aos seus jogos, torna tudo mais interessante. Há até momentos onde esta especulação se intromete em negócios de contratos. Como a imprensa desportiva, regra geral, é tão intrometida e especulativa, soa a algo bastante realista.

Noutros lados há inúmeras pequenas melhorias e alterações que, na maioria dos casos, melhora ou “suaviza” a experiência geral de um jogo tão complexo. Há mais feedback da equipa técnica e administrativa, temos agora um novo módulo de recrutamento, entre outras novidades. Só que há algumas coisas que não valiam a pena mudar. O mais flagrante é a remoção das setas de moral, trocadas por pequenas caras do estado de espírito dos jogadores. Sobretudo nos discursos no balneário, fica por vezes um pouco confuso perceber se a mensagem é bem recebida, esmorece a moral ou simplesmente causa ira. O sistema antigo parecia-me competente e não era precisa esta alteração.

Agora, o que era preciso e foi realmente abordado, foi o aspecto geral dos modelos 3D que nas edições anteriores os jogos nunca impressionaram muito. Começa logo pelo nosso avatar, em que podemos até “colar” uma fotografia nossa. Mas, onde realmente me deslumbrou foi no importante aspecto visual dos jogos em campo. Ainda não é desta que rivaliza com FIFA Football ou Pro Evolution Soccer, calma. Ainda assim, tudo tem óptimo aspecto, com movimentos bem mais realistas dos jogadores e uma inteligência artificial amplamente melhorada. Chega a dar vontade de entrar em campo para jogar.

Veredicto

Jogar Football Manager 2021 é apostar num dos melhores títulos da actualidade dedicado ao chamado “desporto rei”. Há imensas melhorias nesta nova edição, mesmo que, pelo meio, tenha algumas alterações que não fazem grande diferença. Onde o jogo mais brilha é, de facto, em campo, com uma representação muito mais realista das partidas e onde nem faltam os efeitos de transmissão televisiva. Pode ainda não ser muito intuitivo, tornando-se outra vez intimidativo para novos jogadores. É de proveitar os tutoriais, porque ao se empenharem, descobrem um título ainda mais viciante.

  • ProdutoraSports Interactive
  • EditoraSEGA
  • Lançamento24 de Novembro 2020
  • PlataformasPC
  • GéneroEstratégia, Gestão
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ainda é confuso para novatos
  • Ainda temos diálogos repetitivos
  • Algumas mudanças não eram necessárias

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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