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Análise – Firewall Zero Hour (PS VR)

Firewall Zero Hour acaba de chegar ao PlayStation VR e é descrito como o primeiro shooter táctico online para esta plataforma. Vamos descobrir se consegue dar resposta à grande expectativa de um jogo de combate, inteiramente jogado na realidade virtual.

Poderão não saber que este é o primeiro título da produtora First Contact Entertainment. E logo um título de um género tão exigente e inserido numa tecnologia tão peculiar. Contudo, mesmo sendo o seu primeiro título, não significa que a produtora não tenha a devida experiência. Todos elementos são veteranos da indústria que decidiram criar esta produtora num projecto interessante: criar incríveis experiências em Realidade Virtual. E com essa premissa, avanço já que, pelo menos nesse desejo, a FCE começa muito bem.

Qualquer pessoa que tenha jogado Rainbow Six: Siege ficará de imediato familiarizado com a oferta principal de Firewall Zero Hour. Contracts é um modo multi-jogador competitivo (PvP) onde duas equipas compostas por quatro elementos, terão de se enfrentar sem qualquer respawn. Numa partida de cinco minutos, a equipa atacante terá também de fazer hack a pontos específicos de uma firewall para revelar a localização de um portátil com informações secretas que terá de roubar. A equipa defensora tem o papel de proteger este portátil a todo o custo e ir eliminando os seus adversários. Familiar?

Pode parecer simples descrito desta forma mas, na prática, a sua simplicidade é francamente enganadora. A dificuldade é francamente proporcional à vossa proficiência com o tiro, o que pressupõe que haverão muitos momentos frustrantes se estão habituados aos shooters convencionais. Aqui, estão mesmo “dentro” do jogo, o que torna tudo diferente. Para nos habituarmos, é possível fazer um treino a solo ou em modo cooperativo. Contudo, nesses modos enfrentamos ondas de inimigos infinitos que vêm contra nós durante os cinco minutos de partida. E vão ficando mais difíceis à medida que vão evoluindo. Mas, já me estou a adiantar um pouco.

Como já disse, o principal foco deste título está nesse modo Contracts onde só é possível jogar online. Há bastante valor para repetir cada sessão, não só por causa do convite à progressão (já lá vamos), mas também por que o tal portátil está sempre em locais diferentes. Contudo, se procuram mais algum modo típico de um qualquer shooter, como uma experiência a solo, por exemplo, vão ficar seriamente desapontados. Se acham que, por causa disso, o jogo já não vos interessa, não desanimem. Vou explicar porque é que este é o melhor shooter que já joguei na PSVR. Talvez dêem uma oportunidade a este título, mesmo que não sejam fãs de jogos online.

O impacto que a RV tem num jogo deste género não pode ser ignorado. Se o compararmos com outros jogos mais realistas, por exemplo, com a série ARMA ou até o já mencionado R6 Siege, diria que é um passo em frente, dando-nos toda um nova envolvência. Com a ajuda do VR, podemos mirar ao dobrar uma esquina, esticando os nossos braços e espreitando cuidadosamente. Antes de entrar por uma porta, podemos espreitar pela brecha. Desta forma, o nível táctico e de imersão atinge outro patamar que ainda não tinha sido alcançado no PS VR. Bravo Team da Supermassive Games tentou mas não neste nível de profundidade. Estamos mesmo lá… a levar tiros…

Outro ponto fulcral onde Firewall consegue brilhar é no seu sentido de progressão. Tudo o que fazemos no jogo, oferece-nos XP, seja online no Contracts ou simplesmente no tal treino contra inimigos artificiais. Com esta evolução, chegam novas armas, acessórios, habilidades e muito mais. Entre o equipamento disponível para equipar a personagem, podem encontrar explosivos C4, granadas e minas de proximidade, etc. Cada uma destas peças de equipamento é desbloqueada quando atingem níveis específicos. E só depois os poderão comprar através do dinheiro do jogo.

Existem ainda 12 fatos que podem escolher para a vossa personagem, todos com possibilidade de serem personalizadas visualmente, claro. Além disso, possuem habilidades que passam por recarregar a arma mais rapidamente ou oferecer mais resistência às balas. Não esperem super-poderes, nem andar pelas paredes (felizmente). Toda acção é terrena e a apostar no realismo possível. E esse realismo também está presente nos nove mapas que nos levam para a acção nos mais variados ambientes. Existem bunkers, hotéis, escritórios e outros locais para explorar. Nada de naves espaciais, portanto.

Neste título podem jogar com o DualShock 4 e vão usá-lo da mesmíssima forma como usariam noutro jogo de acção. Mas, quando estiverem com uma MP5 ou uma Glock, vão perceber que esta não deverá ser a melhor forma de jogar este título. É aqui que entra o PS Aim Controller. Com este acessório, o jogo ganha outra vida por se tornar intuitivo como pegar numa arma. Mesmo a controlar uma pistola com uma mão, não se torna estranho. O movimento da personagem é livre e pode ser feito com o analógico presente na frente do acessório enquanto que o analógico atrás permite rodar em intervalos de 45º para diminuir as possíveis náuseas.

Como o sistema de tracking do PlayStation VR está limitado a apenas uma câmara, os nossos movimentos estão, de certa forma limitados. Podemos olhar em redor livremente mas, quando por exemplo olhamos para trás, temos uma mensagem a dizer para virar para a frente. Isto porque o jogo perde a capacidade de ver para onde estamos a apontar. Curiosamente, esta simples mensagem, ajuda a que nunca percamos a arma de vista e estejamos sempre focados na acção. Também evita as nefastas perdas de orientação por perdermos a referência da posição da arma.

Os tiroteios estão muito bem feitos, de tal modo imersivos que damos por nós a esconder-nos instintivamente atrás de obstáculos e a tentar desviar das balas. A armas funcionam de acordo com os parâmetros que esperam de um FPS. A caçadeira é capaz de matar com um só tiro em proximidade mas não irá ser tão eficiente à distância. Para esse caso, têm uma série de espingardas que são ideais para essas situações. Não esquecer também que um tiro na cabeça, não só mata instantaneamente a qualquer distância, como também dá pontuação extra. E apesar de mirar ser essencial em distância, é também possível fazer tiro cego atrás de obstáculos.

Ao jogar online será necessário comunicar com os outros elementos da mesma equipa, caso contrário a derrota é certa, a coordenação permite um melhor posicionamento. Contudo, mesmo que sejamos eliminados, também podemos usar várias câmaras posicionadas nos mapas e continuar a comunicar com a equipa. De certa forma, é uma maneira inteligente da espera para regressar à acção não ser tão demorada. Principalmente para mim, que tenho o hábito de cair nos primeiros minutos. No entanto, considero esta característica algo injusta para a equipa adversária. Estamos a ver tudo o que fazem e a informar a nossa equipa.

O facto de termos apenas uma vida em cada partida, obriga-nos a sermos mais cautelosos e a evitar erros consequentes. Acho que nem quando jogo Dark Souls sinto que a morte pode ser tão punitiva. Em outros jogos, o respawn dá-nos sempre uma certa dose de tranquilidade. Morremos, mas voltamos dentro de segundos. Aqui, passamos a valorizar cada movimentação e cada tiro. Por outro lado, ficamos muito mais atentos aos perigos e armadilhas, activando os nossos sentidos de uma forma única. Ouvir o pequeno clique de uma mina ou uma granada a cair atrás de nós, é capaz de causar momentos memoráveis.

Visualmente, Firewall Zero Hour é um jogo com muito bom aspecto. A produção conseguiu provar que a sua experiência pode ser memorável neste ambiente, graças a um detalhe gráfico acima da média para o PlayStation VR. Todo o mundo é consistente, tem inúmeros pormenores e está bastante detalhado. Nas personagens em si as animações são competentes e possuem movimentos credíveis. Estranhamente, existe música de fundo durante as batalhas, algo que dispenso a bem da imersão. Percebo que seja para intensificar a acção mas, num jogo deste calibre, queremos ouvir de onde vêm os tiros. Felizmente, dá para desligar a música. Sugiro que o façam.

Veredicto

Firewall Zero Hour desafia todos os que duvidavam que a fórmula funcionasse. Dá-nos um shooter verdadeiramente táctico para a Realidade Virtual e que funciona de forma exemplar. Para serem bem sucedidos, terão de fazer muito mais do que apenas premir um gatilho. Têm de aprender a mirar como deve ser, a comunicar com a equipa e a pensar na melhor estratégia para cada mapa. O seu foco principal no online poderá não agradar todos. Contudo, quem aprecia o género e reconhece o valor desta experiência realista na primeira pessoa não ficará indiferente. E se ainda não têm um PS VR e um PS Aim Controller, vão ter aqui um grande pretexto. Não se vão arrepender.

  • ProdutoraFirst Contact Entertainment
  • EditoraSony Interactive Entertainment
  • Lançamento28 de Agosto 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, PSVR
  • GéneroAcção, Shooter
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Focado quase exclusivamente no online
  • "Deathcams" podem ser injustas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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