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Análise: Far Harbor (DLC de Fallout 4)

Quando um jogo é já de si enorme, aumentá-lo pode não ser a solução. A não ser que se trate de um jogo da Bethesda. Mais que meros novos itens ou um punhado de missões, “Far Harbor” é uma verdadeira expansão para Fallout 4. Depois do cumpridor “Automatron” e do desapontante “Wasteland Workshop“, este é também, finalmente, um DLC digno do passe de época.

Não pensem que desconsiderei os dois anteriores DLCs. Em paralelo com as fantásticas actualizações gratuitas para o título original, ajudaram a amadurecer o que para muitos é ainda o jogo do ano. Só que desde o primeiro anúncio que este “Far Harbor” nos parecia o tal DLC que todos esperávamos: O que expandia a jogabilidade e nos faria reavivar o interesse pelo jogo. Não que o deixássemos de jogar. Aqui para nós, passo muitas horas à frente de Fallout 4 a explorar a Wasteland, a instalar e remover mods e, mais recentemente, reiniciei a campanha no modo Survival. Motivos para continuar a jogar um jogo que tanto gostámos, não faltam, este novo DLC é só mais um.

Acontece que Far Harbor foi descrito como o maior pacote de extras jamais desenvolvido pela produção, com novas áreas, missões, inimigos, armas e outros pontos de interesse. Por isso, a expectativa era enorme. Afinal, o RPG original é tão rico em enredo, personagens e missões, que mais poderiam as mentes criativas da Bethesda reservar num pacote de conteúdo extra? Muita coisa. Afinal Fallout 4 não foi (e ainda não é) perfeito e precisava de algumas correcções e alguma redefinição em alguns pontos. Este DLC não é só uma nova área com mais uns extras, é mesmo um novo rumo para o grande RPG que já tínhamos.

Tudo começa com uma das investigações presentes na agência de detectives de Nick Valentine. Um velho amigo de Nick pede-lhe ajuda no desaparecimento da sua filha, cujo desaparecimento estará relacionado com uma misteriosa colónia de Synths. A jovem terá fugido para Far Harbor, uma ilha cujos habitantes estão em guerra. De um lado estão os colonos, do outro os tais Synths e há ainda uma facção dos lunáticos “Children of the Atom“. Entretanto, a região é assolada por uma misteriosa e letal névoa radioactiva, que parece cada vez mais densa.

Sem querer estragar a vossa experiência, saibam que todo o enredo é familiar e encaixa perfeitamente no remanescente da história. Só que, ao contrário das missões originais, esta nova missão traz-nos algo que se calhar sentiram falta no jogo original: A forma como as decisões influenciam o desenrolar da história, independentemente da facção que escolhermos.

Já em Fallout 3 recordo que o karma era muito influente no enredo, infelizmente isso perdeu-se neste último capítulo da sério. Em Far Harbor esse karma, propriamente, não regresse, o destino do habitantes desta ilha está mesmo nas nossas mãos e as facções possuem uma moral bem clara. Por outro lado, ou optamos pela paz ou vamos lá pela célebre lei da bala. Há escolhas! Uma importante componente de um jogo de Role Play e que está finalmente de regresso neste DLC.

Também um bom punhado das missões não são tão lineares como no título original. Embora lá estejam missões de assassinato ou limpeza de zonas, há todo um novo rumo e originalidade, com algum reaproveitamento de mecânicas e repensar de dinâmicas na acção. Parte da piada deste DLC é descobri-las, por isso não vou fazer nenhum spoiler. Saibam apenas que não se devem cingir às missões do enredo principal e devem mesmo explorar a ilha e conversar com todos os que se cruzam convosco.

E, já agora, quando dialogarem com as personagens, notem que esses diálogos estão bem mais elaborados e as opções são bem mais diversas. Já não temos tantas opções como “Yes” ou “What?”, mas sim respostas ou questões mais elaboradas e concretas para escolher. Apesar de podermos melhorar um pouco as opções dos menúss de diálogo com mods, nunca é demais que o jogo-base se esforce por nos dar, também, frases conversas mais esclarecedoras do excelente diálogo que está a decorrer.

Entretanto, o ambiente de Far Harbor é, também ele, um protagonista. Recordam-se da zona a sudoeste do mapa original, numa zona repleta de radiação chamada “Glowing Sea”? Esta nova ilha é igualmente desafiante, se calhar ainda mais, até porque os adversários são muito mais fortes e a radiação é também mais impactante. Para ajudar, há toda uma meteorologia e a visibilidade reduzida pela névoa que não parece dar tréguas. Será bom levarem a vossa Power Armor bem artilhada, sobretudo por causa da protecção da radiação, mas também pelos inimigos de nível superior que vão encontrar.

Apesar destes inimigos serem sempre proporcionais ao nosso próprio nível, há uma clara intenção de aumentar a dificuldade, sobretudo com os bosses e seres com mutações “lendárias”. Para os enfrentar, temos ao nosso dispor algumas armas novas, com especial destaque para um brutal canhão de arpões ou um gancho ridiculamente poderoso. Estas e outras armas não são fáceis de obter, algumas são ganhas por cumprir uma série de requisitos ou missões, mas acreditem que vão querer obtê-las pela diversidade e vantagem que oferecem. A ideia, depois, é que a progressão e melhoria destas armas ainda pode aumentar com o já conhecido crafting presente em jogo.

Resta só falar de como estas novidades se inserem no jogo original. Apesar da ilha estar incluída no mundo da Commonwealth original (a Norte), sentimos que estamos num local realmente diferente. A tal névoa omnipresente e muitos outros efeitos, assim como as imensas zonas arborizadas (mas nem por isso mais verdes), parecem pesar um pouco mais no sistema, notando-se algumas quebras de performance pontuais que talvez venham a merecer um pouco de optimização. De resto, continua irrepreensível a nível técnico, se calhar ainda mais refinado, graças ao trabalho intenso da produção de dar uma nova experiência aos jogadores, escutando-os ao mesmo tempo.

Veredicto

Finalmente uma verdadeira expansão para Fallout 4 e não apenas uma extensão de missões que perpetuem o jogo original. Estamos perante um enredo sólido com escolhas concretas, numa fantástica ilha cheia de perigos reais, facções distintas e muito para explorar e decidir com uma moral bem definida, algo muito pedido pelos fãs. No fundo, “Far Harbor” não se limita a fazer “mais do mesmo” e, sim, a expandir o jogo original, melhorando-o. E faz isso enquanto oferece uma enorme história para descobrir, com missões cheias de ramificações. Quem diria que ao fim de, mais ou menos, meio ano ainda estávamos a ser surpreendidos em Fallout 4?

  • ProdutoraBethesda
  • EditoraBethesda
  • Lançamento19 de Maio 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroRole Playing Game
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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