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Análise: Everybody’s Golf

O Golfe não é para todos. Ou melhor, o Golfe real não é para todos. Exige empenho pessoal e um bom investimento financeiro para chegar a um nível satisfatório. Contudo, este novo jogo da PlayStation 4 é mesmo para todos. Ou não se chamasse Everybody’s Golf.

Haverão de concordar comigo que não há nada de realmente entusiasmante neste desporto. Contudo, os campeonatos mundiais envolvem milhares de praticantes, muitos deles em busca dos seus prémios milionários. E mesmo que achemos ultrapassado ou monótono, os jogos de consola ou de computador baseados neste desporto até tiveram algum sucesso. Os jogos desta série exclusiva da Sony celebram 20 anos de existência, tendo uma versão lançada em cada consola da marca PlayStation. Chegando agora à PS4, porém, tem uma nova abordagem na jogabilidade que pode não agradar a todos os veteranos.

Não é preciso ser um grande entendedor para jogar golfe neste título. Pessoalmente, sei muito pouco da diferença entre um putter ou um driver. Do que me lembro, porém, jogar golfe é bastante linear. Temos uma pequena bola branca para acertar num buraco numa distância considerável, dando o menor número de tacadas possível. Não me recordo de nenhuma actividade paralela como exploração do tee (o campo de jogo), pesca nas lagoas ou caça ao tesouro. E é neste preciso momento que tenho de me concentrar na ideia que este é, também, um jogo social. Ora não houvesse a componente online para partilhar com até 50 jogadores. Sim, este pode muito bem ser o primeiro MMO de Golfe…

Convenhamos que a produtora Clap Hanz já não lançava um título nesta série há mais de cinco anos, com Everybody’s Golf 6 na PS3 e PS Vita a ser, praticamente, uma actualização do quinto título da série. E ainda bem. Toda a jogabilidade facilitada com controlos simples deste título levou a que se tornasse num dos jogos mais bem sucedidos na PS Vita. No entanto, os tempos são outros e parece haver uma certa necessidade de tornar quase todos os jogos em plataformas sociais. Este conceito até pode funcionar com muitos jogos, mas eu não consigo ver esta funcionalidade como essencial para todos os jogos.

Não me importava mesmo nada que este jogo continuasse a ser offline. As aplicações sociais são interessantes para desportos multi-jogador ou que tenha interacção com outros jogadores. O golfe é, por natureza, um desporto solitário, a não ser que considerem as conversas com o Caddie um trabalho de equipa. Ter pessoas a deambular pelo tee à nossa volta enquanto tentamos o drive é, no mínimo, uma distracção. Ter algumas partidas com vários jogadores à vez e um quadro de liderança entre jogadores para tudo o que fazemos, é a menor das nossas distracções e até dá alguma sensação de competição. Era o suficiente quanto a mim.

E depois há o formato de mundo aberto para a tal exploração e actividades paralelas. É possível interagir com os demais jogadores e até entrar numa espécie de combate de conquista de campos, chamado de Turf War. Aqui, damos tacadas para conquistar campos contra-relógio, com alguma táctica pelo meio. Eu entendo que os jogos precisem de mais oferta para manter o jogadores interessados. Mas já existem tantos jogos para socializar e para este tipo de actividades multi-jogador. Eu só quero um jogo para jogar golfe e estes jogos sempre foram bons nisso, mesmo com a tal interacção de 3 cliques tão simples.

Uma das actividades paralelas que confesso que gostei bastante, é poder andar de cart pelos campos. Ok, os carts fazem parte do mundo do golfe e, estou certo, algures alguém já fez corridas entre buracos com estes lentos veículos eléctricos. Também apreciei a forma como o jogo acaba por favorecer mesmo quem joga golfe, melhorando as suas prestações em cada evolução. Isto faz com que, por detrás da sua fachada de jogo para a família, com personagens coloridas, haja um claro interesse em ser algo mais sério. Não chega a ser um simulador, com devem calcular, mas é competente no que toca a dar tacadas em bolas.

Logicamente que tudo depende da vossa abordagem. Podem passar imenso tempo nas tais actividades ou em busca de pequenos bónus espalhados pelo mapa de jogo. Assim, parece-me, que também é possível evoluir, se calhar até de forma mais rápida. Isto também abre espaço para uma possível compra de boosters via micro-transacções via PS Store, ou seja, o infame “pay-to-win”. Não é que este seja um jogo muito levado para a competição, mas nunca é saudável eliminar a progressão por experiência para dar lugar ao desembolsar de dinheiro real em troca de bónus.

Depois há todo um mundo de objectos personalizáveis e desbloqueáveis para descobrir. O vosso avatar ganhar imensas peças cosméticas, por exemplo. No modo de carreira, encontrarão alguns bosses para derrotar. Se o fizerem recebem roupa, equipamento e outros itens, além da possibilidade de jogar em outros campos. Estes ficarão depois disponíveis, não só a solo mas também para as actividades multi-jogador que já mencionei. Podem também participar em desafios diários, sob a forma de campeonatos que, uma vez ganhos, também oferecem mais peças de equipamento e bónus.

Resta-me falar do aspecto geral do jogo, além da sua prestação ao nível técnico. Estamos a anos luz do último título, como seria de esperar. O jogo beneficia da capacidade de processamento da PS4, dando uma nova vida aos vastos campos e respectivas animações. As personagens podem ser personalizadas num nível quase demente e há todo um aspecto de banda desenhada, muito familiar da série, até mesmo com as letras coloridas a cada nossa prestação. Enfim, é o que seria de esperar deste título, depois dos jogos anteriores lançarem o mote, agora com uma maior robustez no visual. Nunca seria um colosso gráfico, mas é uma experiência agradável. Diminuam só o volume da banda sonora, vão por mim…

Veredicto

Longe do elitismo do desporto real, este renascimento da série Everybody’s Golf, agora na PlayStation 4 tem uma jogabilidade acessível, com algum facilitismo próprio de um jogo de arcada para descontrair. Faz jus ao seu legado, trazendo algumas novidades que poderão não agradar a todos. As actividades paralelas, aliadas à componente online de carácter social parecem algo acessórias. São, deveras, opcionais mas também trazem outro tipo de experiência, com modos que, não querendo levar o desporto muito a sério, só servem para distrair. No fundo, cumpre o objectivo de divertir várias audiências. Entretanto, o golfe que dá nome ao jogo, afinal, não é para todos…

  • ProdutoraClap Hanz / SIE Japan Studio
  • EditoraSony Interactive Entertainment
  • Lançamento29 de Agosto 2017
  • PlataformasPS4
  • Género
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Componente online era dispensável
  • Actividades paralelas
  • A banda sonora é... vá lá... peculiar

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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