loading-human

Análise em progresso: Loading Human – Chapter 1

Os jogos de Realidade Virtual ainda estão numa fase muito embrionária, onde as produtoras surgem com novas soluções para os seus problemas. Este jogo Loading Human, de certa forma, consegue resolver um dos problemas comuns, mas falha noutros aspectos.

Um dos maiores desafios até agora nos jogos de Realidade Virtual, surge ao abordar o movimento contínuo. As produtoras ainda estão a experimentar várias formas de implementar as suas ideias e como ainda não há regras definidas no que se deve (ou não) fazer em determinados géneros, ainda vão surgindo várias abordagens para diferentes problemas. Here They Lie, a título de exemplo, foi o único jogo que me causou tonturas pontuais por sentir que o movimento era demasiado lento para a velocidade com que era possível olhar ao redor, causando uma certa desorientação enquanto se caminha pelo jogo.

Por outro lado, temos jogos como o Batman: Arkham VR que simplesmente nos teleporta para o local que indicarmos, sendo, quanto a mim e até agora, a forma mais funcional de nos guiar pelo jogo. Porém, tal como disse anteriormente, ainda há espaço para novas abordagens e uma delas é desta produtora que traz uma forma interessante de caminhar. Usando os dois comandos PS Move, o protagonista move-se apontando o Move para a frente ou para trás, sobre o vosso ombro. Resta saber se esta mecânica funciona. E, já agora, se a qualidade do jogo a acompanha.

https://www.youtube.com/watch?v=GShCOk2do3Y

Esta é uma aventura de ficção científica na primeira pessoa, que nos coloca no papel do astronauta Prometheus. Este, ao sair da academia espacial, é ordenado a ajudar o seu pai, um brilhante cientista que está a tentar recuperar uma fonte de energia chamada Quintessence, que consegue reverter a saúde em rápido declínio do seu Pai. Para o ajudar, Prometheus conta com a ajuda de Lucy uma Inteligência Artificial que o acompanhará durante toda a jornada.

A narrativa é contada através dos pensamentos do protagonista ou a ler os vários documentos espalhados pelo jogo, incluindo as suas entradas no diário. Para um jogo em Realidade Virtual, porém, talvez não devesse ter textos tão longos para ler, tornando-se algo incómodo de o fazer passados alguns minutos de jogo. Este problema podia ser resolvido se o texto também fosse narrado, mas isto não acontece. Terá sido um atalho da produção ou falta de orçamento?

Para além de conhecer a história por trás de Loading Human, o jogador terá de usar as suas mãos (e gatilhos) para apanhar vários objectos. Uma boa parte da jogabilidade é feita a caminhar entre salas para interagir com esses objectos. Pode parecer simples, mas não é. Este é, de longe, o título que mais perdemos tempo a observar o que nos rodeia. Não por algum problema técnico mas porque temos sempre a sensação de que temos de interagir com todos os objectos. A dada altura, estava inadvertidamente a atirar objectos para o outro lado da sala e na altura que devia usar um objecto específico para avançar, não sabia onde estava.

Apesar de ser divertido interagir com todos esses objectos e perceber que todos têm um comportamento diferente, tornou-se frustrante quando nos apercebemos que passamos a maior parte deste capítulo a apanhar objectos para resolver simples puzzles. Ou seja, o jogo introduz-nos a uma lógica curiosa e de enorme potencial, para depois a usar de forma exaustiva, tornando-a simplista e mesmo banal.

No que toca ao movimento, já expliquei lá em cima como funciona: usamos os dois PS Move, para a locomoção apontando os comandos para a frente ou para trás. Pode parecer estranho e para mim foi mesmo, pelo menos até me habituar. Digo-vos que, depois de algum treino, a técnica parece ter funcionado. Apesar de haver tantos movimentos, não houve um único momento em que tivesse sentido tonturas. Nesse ponto, a produtora merece os meus parabéns. Contudo, visto que a maior parte do jogo é passado a apanhar objectos, confesso que senti algumas dificuldades no que toca a alcançá-los.

Para terem uma ideia, vejam este exemplo. Houve momentos em que já estava próximo do que queria interagir, mas eram precisos mais uns milímetros para a frente para conseguir, de facto, apanhar o objecto. A isto, junta-se o facto que também ser possível mudar a posição de pé ou agachado, apontando o PS Move para cima ou para baixo. O método funciona, mas talvez ainda não seja o ideal. Cria alguma frustração, uma vez que mesmo com a tecnologia apurada do PSVR, medir distâncias neste ambiente tridimensional requer um refinamento na interacção. E este jogo parece precisar de uns poucos ajustes.

Sobre o grafismo, tenho de ser sincero na minha apreciação. Este não é o título mais atractivo que já experimentei com o PlayStation VR. Mas, também não é o pior. Fica algures no meio, por assim dizer. Os ambientes são bonitos e muito bem criados cheios de detalhes interessantes, com objectos também eles detalhados. Contudo, as personagens deixam algo a desejar em termos de modelação e rigor na fisionomia. Mas, talvez o maior problema, sejam mesmo o omnipresente aliasing (efeito de serrote nas margens dos objectos) que nos distrai e, de alguma forma, acaba por quebrar a imersão visual no jogo.

Em termos de longevidade, demorou cerca de 4 horas a terminar o primeiro capítulo. Isto, contando com o tempo que andei à procura de objectos perdidos debaixo dos sofás que deliberadamente atirei para ver como se comportavam. Sim, eu sou assim, tão experimental com as físicas em jogo. Tendo em conta que se trata de um título de Realidade Virtual, com as expectáveis restrições de cansaço visual e físico, é uma longevidade relativamente aceitável. Dependendo do sucesso deste capítulo, notem, a produção promete produzir, pelo menos mais dois. O que no total se poderá traduzir numa dimensão considerável na aventura completa.

Veredicto

Ficção científica, ambientes bem construídos e uma narrativa empolgante quanto baste. Loading Human tinha a fórmula certa para funcionar. Mas, a excessiva repetição de objectivos deixou no ar alguns sentimentos mistos. A longevidade é aceitável para um jogo de Realidade Virtual. E, apesar de não ser o jogo mais bonito do PlayStation VR, até tem uma boa envolvência. Tem também várias funcionalidades bem implementadas, embora tenha outras que são completamente o oposto. Ainda não é desta que uma aventura gráfica surpreende pela positiva no PSVR. Pode ser que o(s) próximo(s) capítulo(s) venham a resolver estas questões e, talvez, expandir esta experiência.

  • ProdutoraUntold Games
  • EditoraMaximum Games
  • Lançamento13 de Outubro 2016
  • PlataformasPC, PS4, PSVR
  • GéneroAventura
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Longos parágrafos para ler
  • Falhas ao alcançar os objectos
  • Repetição de objectivos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários