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Análise – Life is Strange: Before the Storm (Conclusão + Limited Edition)

Este é um adeus sentido a Chloe Price no terceiro e último episódio de Life is Strange: Before the Storm. A Deck Nine Games trabalhou a personagem de forma exemplar, mesmo que tivesse alguns revezes pelo caminho. O resultado está aqui.

[Actualização: Limited Edition]

Tal como aconteceu com o primeiro Life is Strange, também esta prequela Life is Strange: Before the Storm da Deck Nine Games recebeu uma edição física com todos os episódios e alguns bónus adicionais. Muito embora já tivéssemos reagido ao jogo aquando do lançamento de cada episódio, decidimos voltar com esta reedição, desta feita com a Limited Edition na PlayStation 4. Conforme recordarão, a análise em baixo foi feita no PC e condicionada pela cadência de lançamento episódico. Não há muito para acrescentar à nossa experiência geral com o jogo, notem. Apenas vamos falar um pouco do novo conteúdo e dar um parecer mais amadurecido depois destes meses.

Já vos tinha falado desta edição limitada do jogo. Com um preço simpático (PVP 39,99€), recebem o jogo com os seus três episódios, um episódio adicional de bónus, um livro de arte, um CD com a banda sonora e os bónus da edição Deluxe, que inclui um modo especial para ouvirem a banda sonora, fatos para Chloe e o primeiro episódio do primeiro Life is Strange. Alternativamente, podem optar pela edição Vynil (PVP 69,99€) que adiciona tudo isto e a banda sonora em discos de vinil numa caixa especial de dimensões maiores.

No que toca ao conteúdo extra desta edição, o que adiciona ao jogo é, na sua maioria, perfeitamente cosmético. Tanto o modo de Mixtape para ouvir a banda sonora, como os fatos opcionais para Chloe não possuem qualquer modificador de jogo, apenas nos dão uma variante estética e sonora opcional. Nem sei bem como classificar este conteúdo, mas vou optar por dizer que é simplesmente acessório. A única adição de conteúdo que irá realmente expandir a vossa experiência é o tal episódio extra de bónus, chamado de “Farewell”. Este episódio foi um exclusivo da edição Deluxe, incluído no passe de época para o jogo.

Confesso que “Farewell” me passou ao lado. Depois de terminar os três episódios na sua montanha-russa de emoções, não pensei que este outro fosse suficiente para me fazer voltar ao jogo. Afinal, já sabíamos o que se iria passar a seguir e no jogo original já nos tinha sido explicada uma boa parte dos eventos que este episódio retrata. Contudo, a curiosidade falou mais alto e, porque queria mesmo dar uma chance à Deck Nine, participei nessa “despedida” inevitável que a produção tanto insistia que tínhamos de testemunhar.

Como já sabíamos Max Caulfield e Chloe Price eram amigas muito chegadas na sua infância. Eventos peculiares, alguns bastante trágicos, vão separar as duas amigas e levá-las a… bem, dois jogos distintos. Até lá, “Farewell” faz um serviço aos fãs por reviver os mesmos eventos que ficamos a par no primeiro jogo: Max vai mudar-se de Seattle e o pai de Chloe vai falecer no tal fatídico acidente de automóvel. Tudo num único dia. Estes dois eventos vão transformar Chloe e penso que é mesmo esse o objectivo deste capítulo: mostrar quem esta jovem era e criar um contraste vincado de quem se tornou posteriormente.

Ironicamente, a forma como este curto episódio nos leva a esse auge, faz-se numa passada lenta e também não temos muito para interagir nem para decidir. Isto porque, como já disse, o destino está traçado para todos os intervenientes. Mesmo tendo menos duração, é como uma tortura para quem conhece o enredo. Fará um melhor serviço para quem começar por aqui em toda a série, passando pelo resto de Before the Storm e finalmente chegando ao primeiro jogo (sim, é esta a linha temporal). Gostei particularmente das actrizes originais terem regressado, dando um contributo verdadeiramente pessoal a cada personagem. Mas, a aura do jogo é francamente triste depois de tanta construção de carácter.

Ao vermos, ali mesmo, o desmoronar de uma vida (várias, aliás), muitos perguntarão se este episódio não explora demais esta triste história. Toda a prequela, quanto a mim, o faz. O primeiro jogo foi uma agradável surpresa para muitos, com uma aventura de fantasia com super-poderes à mistura. Este jogo é, simplesmente, uma aventura gráfica sobre a vida atribulada de uma adolescente. São focos diferentes e a exploração das emoções dos fãs é evidente a cada segundo. Todos gostámos de Chloe e aqui está ela a sofrer… e outra vez… e outra vez. E agora, um episódio em que ela sofre ainda mais.

Tal como disse algures durante esta análise, se calhar estou a comparar demais com o primeiro jogo. Se calhar queria mais dessa experiência original com viagens no tempo e decisões que causam reverberação. Se calhar este jogo não é para mim do ponto de vista demográfico. Talvez. Este episódio de bónus acaba por ser “o selo que faltava no envelope”. É uma despedida de um jogo que, se calhar, eu não soube apreciar. Se serve os fãs, não sei. Considero-me fã do jogo da DontNod, de Max e, sobretudo, de Chloe. Adorei revisitá-las neste jogo e neste episódio. Mas… falta-lhe aquela centelha que originalmente me fez fã.

[Conclusão da análise em progresso de 2 de Janeiro de 2018]

Leiam a nossa análise ao primeiro e segundo episódios.

Este jogo tinha dois problemas de enorme envergadura. Em primeiro lugar, tanto o primeiro Life is Strange, o jogo para o qual este serve de prequela, como a própria personagem central Chloe Price têm uma legião de fãs que não podiam ser desconsiderados. Por outro lado, a Deck Nine Games não é a produtora original desta série, pegando num legado pesado deixado pela DontNod Entertainment. E há ainda uma outra questão primordial. É que Chloe não possui os poderes sobrenaturais de Max Caulfield. O que começou por ser um “serviço aos fãs” no primeiro episódio, pareceu tornar-se em algo simplesmente aborrecido no segundo. Confesso que iniciei este terceiro episódio com alguma precaução. Estava algo cansado desta história cujo fim já conhecia.

Contudo, era evidente que no episódio anterior eu estava à procura de outro jogo igual ao da DontNod. Decidi com este terceiro episódio esquecer completamente esse legado e focar-me no que me era dado desde o primeiro momento. Este jogo não quer ser igual ao primeiro, quer apenas contar uma história em que as nossas decisões têm significado, num tom ligeiramente diferente e que nos levará, então sim, ao primeiro jogo. De facto, é neste episódio que os desenlaces dos dois primeiros episódios assumem reais conseguências, fazendo pleno sentido. Felizmente, é como se o segundo episódio fosse apenas um leve preenchimento do que nos preparava no terceiro.

“Hell is Empty” é, sobretudo, um episódio de fecho de círculos, como seria de esperar. Uma boa porção do mesmo, leva-nos a perseguir o passado de Rachel, mais precisamente em busca da identidade da sua mãe. Os desenlaces não são propriamente revelações porque já conhecemos os seus contornos, mas é, mesmo assim, uma triste história de abandono, vício de drogas e outras questões delicadas demais para figurarem frequentemente em videojogos. Por outro lado, é inevitável que nos revejamos na imaturidade de algumas decisões precipitadas que tomamos, típicas de um adolescente que também fomos (ou somos, depende da vossa idade).

No fundo, esta é uma história de pessoas imperfeitas. Enquanto que Max conseguia manipular o tempo e tentar repor alguma normalidade ou simplesmente anular algumas opções menos positivas, Chloe tem de viver com as consequências das suas decisões. O que significa que nem tudo acabará de forma positiva ou elegante para ninguém. Nada é demasiado revelador ou profundo, até porque já sabemos o que acontecerá de seguida, mas este jogo não é composto por destinos, mas sim por trajectos. Muitos de nós tivemos a sensação que o segundo episódio estava a “empatar”. Talvez por isso, este episódio parece terminar de forma algo abrupta, com uma simples montagem de eventos. É uma muleta técnica, válida obviamente, mas que me parece mesmo apressar o fim.

Quando os créditos rolam, fico com uma clara certeza: Este jogo consegue fazer a ponte e realçar a qualidade do enredo e das personagens do original Life is Strange. Já sabemos que há um episódio de bónus a chegar em breve e que, provavelmente, vai pavimentar ainda mais o caminho para esse outro jogo. Contudo, viver a história desta jovem de cabelo azul (neste episódio já tem uma madeixa azul, já agora), aprofundou-a e, com certeza, agradou os fãs pela honestidade e frieza do seu envolvimento com Rachel Amber. Pelo menos, conseguiu fazer-me reinstalar o jogo e já o estou a recomeçar. Nem que seja só por isso, já valeu a pena jogá-lo.

Veredicto

Este último episódio de Life is Strange: Before the Storm é uma clara afirmação de que, não só Chloe é uma personagem excepcional, como a Deck Nine Games esteve, de facto, à altura do desafio de nos contar a sua história. O maior problema deste jogo é que será sempre comparado ao primeiro título e, nesse termo comparativo, nunca irá realmente vencer. Acima de tudo, porém, tem uma elevada qualidade narrativa, facilmente suportando o seu próprio “peso”. O muito foco na narrativa, apostando menos na interacção ou em alguma capacidade sobrenatural, leva-nos a ganhar novo apreço pelas suas personagens, justificando o nosso interesse na fantástica aventura que foi o primeiro jogo.

  • ProdutoraDeck Nine Games
  • EditoraSquare Enix
  • Lançamento19 de Janeiro 2018
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One X
  • GéneroAventura Gráfica
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algumas respostas ficam por dar
  • Apressa-se um pouco para chegar ao fim

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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