EASPORTSFC25 (9)

Análise – EA Sports FC 25

Como adepto de futebol, estou muito ansioso pelo futuro deste género. Não porque ache que a Electronic Arts revolucionou este tipo de jogos com EA Sports FC 25 mas porque acho que esta franquia está a sofrer com a falta de concorrência.

Digo isto com imenso cuidado porque não quero que pensem que não gostei de jogar EAFC 25. Longe disso. Tive a oportunidade única de analisar este jogo nas últimas semanas, graças ao acesso antecipado, possível por participar nos testes fechados Beta, cortesia da EA. E nestes dias pude experimentar os vários modos de jogo, inclusive o muito badalado novo modo Rush. Contudo, inevitavelmente acabei na infame rotina que os jogos sazonais sempre enfrentam, entrei nos modos FUT e Carreira de Jogador e por ali fiquei. A dada altura, notei que, apesar de umas pequenas alterações aqui e ali, estava a jogar o mesmíssimo jogo do ano passado, apenas com um interface (ligeiramente) diferente e umas quantas nuances que, provavelmente nem notaria, não fosse este meu olhar clínico para cada novo jogo.

Falemos primeiro da oferta, este é, de facto, o maior jogo de simulação de futebol da EA Sports, talvez o maior de sempre neste género. Com mais de 700 equipas e 30 ligas disponíveis, com milhares de jogadores reais recriados compondo melhor ainda as licenças das competições internacionais, Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência, sem esquecer a maior adição de sempre em competições femininas, mais de 120 estádios recriados, incluindo o muito esperado estádio José Alvalade do Sporting na Liga Portuguesa, que se junta ao estádio da Luz do Benfica e estádio Dragão do Porto já presentes na série, tendo ainda remodelações de outros estádios recentemente renovados, não faltará conteúdo disponível.

Como argumentos para esta nova temporada, obviamente temos as renovações dos jogadores e equipas das actuais competições licenciadas, incluindo a nossa Liga Portugal na época transacta. Para jogar temos o já mencionado novo modo de jogo Rush, uma nova arquitectura de tácticas em jogo chamada de FC IQ, várias novidades menores nos modos Football Ultimate Team, Carreira de Jogador e Manager, Seasons e Clubs, assim como uma série de “pequenas” melhorias visuais gerais, incluindo nas animações dos jogadores. Dito assim, parecem bastantes novidades mas, se olharem bem para a lista, não temos aqui nada que seja substancialmente transformador da oferta, especialmente se virmos o que a edição passada trouxe de novo.

Já sabem, o pouco popular modo Volta foi removido. Este modo de futebol de salão e de rua que foi, em tempos uma tentativa de reviver o lendário FIFA Street Football não teve, de facto, o impacto desejado. Contudo, foi claramente um modo a pensar nas partidas mais curtas e mais dinâmicas de outros géneros desportivos. Há anos que os Americanos andam a dizer que o nosso Futebol é muito “parado” e pouco emocionante, pelo que Volta parecia uma resposta a essas críticas. A sua baixa popularidade geral, no entanto, provou que o que o pessoal queria mesmo era “futeboladas” no relvado e não em algum ringue de cores garridas. A EA, pelos vistos, ouviu o feedback… mas não desarmou realmente.

Sem grandes rodeios, o novo e badalado modo Rush é uma nova tentativa de “repensar” o futebol. Mistura as dimensões de campo e velocidades de ataques e contra-ataques rápidos que vemos, por exemplo, num jogo de basquetebol, com a técnica e dinâmica típicas de um jogo de futebol tradicional. A regra aqui é fazer muitos passes rápidos, procurar desmarcações ou dribbles de oportunidade, para depois “matar” com remates em jeito. Temos cinco jogadores, quatro de campo e um guarda-redes para controlar, no pequeno campo relvado com limites mais reduzidos e com umas poucas regras adaptadas. Mas não esperem aqui uma espécie de “futsal num relvado”. Estamos longe disso.

Em Rush, por exemplo, não há cartões vermelhos, apenas cartões azuis para suspensões temporárias. Outra alteração são os penalties, que não são marcados com um remate, são embates 1vs1 com o guarda-redes adversário. Não temos paredes para tabelar, também não temos jogadas “malabarísticas”, perdendo-se também aquelas fintas mais vistosas que tínhamos em Volta. As celebrações são algo adaptadas, algumas são hilariantes mas ficamos por aí no “surrealismo”. Enfim, é como uma “peladinha” de fim de tarde com os amigos no pequeno relvado lá do bairro. A fórmula, quanto a mim, funciona muito bem para um jogo casual e até gostei de “desenjoar” dos modos tradicionais com umas partidas.

Só que parece-me que o modo vai sofrer o mesmo destino de Volta. Essa casualidade não faz muito para adicionar ao jogo, parecendo que a produção continua a tentar agradar à audiência norte-americana, como se o nosso futebol sofresse de algum “estigma” que é preciso “curar”. Repito, para algo casual é divertido jogar com amigos mas para fazer disto uma componente dos outros modos de carreira online, parece-me um “esticar da corda”. Talvez por isso, ao contrário de Volta, não há uma competição ou torneio global com base neste modo especificamente. Pelo menos até ver, a EA parece só apostar nele como um “aperitivo” nos demais modos. Mas, se houver planos para algo mais, não sei se funcionará a solo.

É que EA Sports FC como foi anteriormente EA Sports FIFA Football, marca os seus “golos” no relvado principal, no futebol 11vs11 tradicional, com todo o ambiente criado em seu redor de forma exímia. O futebol é um espectáculo mundial de enorme popularidade e propagação, sendo as suas regras sobejamente estabelecidas. Ou se ama, ou se odeia, não é preciso “reinventar” nada. Se Volta ainda foi uma adaptação do futebol de salão e de rua, Rush é algo mais “destacado” de tudo. Onde queremos mesmo jogar, porém, é numa partida tradicional, numa final da Liga dos Campeões ou num dérbi decisivo entre dois grandes do futebol nacional. E aí EA Sports FC 25 é… mais do mesmo.

Repito, toda a sua oferta, simulação e conteúdo é exemplar. Quem dera aos amantes de algumas modalidades ter um videojogo tão fiel e dedicado quanto este. Só que as novidades reais neste novo título não representam nenhum salto tecnológico substancial. O tal novo FC IQ que a produção tanto apregoou ser uma evolução na táctica em jogo, para mim, é positivo mas também pode ser uma complicação desnecessária. Anteriormente, podíamos criar formações de defesa e ataque (até quatro alternativas) para mudar em tempo real em cada partida. Agora, podemos mexer em muitos outros parâmetros no mesmo menu, mudando-os igualmente em tempo real. Na teoria, é óptimo, na prática, pode confundir bastante.

Tudo se resume à implementação. O anterior menu de apenas duas teclas, passa a ser de quatro teclas, com uma lista de diversos parâmetros para alterar em tempo real. Desde as formações (4-3-3, 4-4-2, etc), foco no ataque ou na defesa, filosofias de passe (tiki-taka ou em profundidade) e até alterações individuais específicas podem ser aqui ajustadas enquanto jogamos. Teoricamente, isto permite usar melhor os estilos de jogo estreados no ano passado mas, no rigor, acaba por complicar demais o que estamos a fazer em campo. Se pensarmos que estamos, ao mesmo tempo, a jogar com a bola, é uma camada de controlo que pode tornar a interacção algo complexa para uma boa parte dos jogadores.

Penso que este menu usando o D-Pad (nas versões analisadas PS5 e XSeries X|S) ou nos controlos direccionais do PC, funcionaria muito melhor no modo Manager onde temos uma função mais estratégica. Contudo, aí não teríamos grande vantagem de o usar. Podemos simplesmente pausar a simulação para fazer estes e outros ajustes no menu geral bem mais completo, fazendo com que este menu rápido seja apenas um “atalho” conveniente. Talvez porque prefiro preparar bem uma partida antes do jogo em si, sinto que é uma novidade um tanto excessiva. Quase tanto como os complexos menus laterais de EA Sports F1 24, curiosamente, que só uso praticamente para ir às boxes.

As demais pequenas novidades prendem-se com ligeiras nuances que são, ora bem vindas, ora irrelevantes. Bem vinda é a remodelação do menu dos modos de carreira, incluindo agora um resumo da semana mais legível e não tão convoluto. As animações de início e fim de jogo (finalmente) têm algumas novas cenas e coreografias e até podem ser desactivadas por completo. Nas Temporadas, o modo Rush é engenhosamente usado nas captações de jovens promessas. Nas novidades irrelevantes, porém, em Ultimate Team agora a abertura de pacotes contempla a silhueta dos jogadores e também as cartas duplicadas são agora agrupadas num área específica. Também os pontos de experiência podem agora ser gastos em todo o jogo, mas se o foco continua tanto em FUT, também não é algo assim tão significativo.

Estas e outras pequenas novidades, como a nova decoração de menus e arte geral podem até ter alguma visibilidade mas fica a dúvida se ajudam mesmo a sentir alguma evolução. Ao longo dos anos, esta série sempre soube destacar-se dos demais, dando a ideia que a EA não se ficava por meras actualizações de temporadas a cada ano. Cada novo FIFA/EA FC parecia um jogo novo, mesmo que, no fundo, a simulação evoluísse bem mais lentamente. Contudo, nessa altura havia uma concorrência notória de PES (e outros títulos) que agora não existe, pelo menos não na mesma dimensão e formato anual. Parece mesmo que esta franquia entrou numa “velocidade cruzeiro” e vendo o que aí vem no horizonte, é bom que não se deixe levar apenas pelo seu palmarés dos vários títulos do passado.

Veredicto

Infelizmente, chegámos àquele momento inevitável em que, sem competição para puxar por si, EA Sports FC 25 não tem grande incentivo a reinventar a franquia. Como líder incontestado, é ainda o “campeão” do seu género, trazendo o maior volume de conteúdo que há memória, tentando ainda algo diferente com o modo “Rush”. Contudo, não vejo ninguém a comprar este jogo só para jogar um modo irrealista. Na sua oferta base, tirando umas poucas novidades, novas licenças e uma óbvia renovação das ligas e competições, arrisco dizer que é quase idêntico ao jogo do ano passado. O que pode ser um prenúncio muito negativo para um futuro em que os dois pretendentes “free-to-play” (eFootball e UFL) poderão começar a ganhar em campo. Como se diz na gíria do futebol, agora é tempo de “meter a carne toda no assador”, EA.

  • ProdutoraEA Sports
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento27 de Setembro 2024
  • PlataformasPC, PS5, Xbox Series X|S
  • GéneroDesporto
b
Bom

Equilibrado e com boas ideias, os seus erros não o impedem de brilhar.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • ... mas o futebol não precisa ser "reiventado" com Rush
  • Poucas novidades realmente relevantes
  • Novo FC IQ pode ser algo complexo demais

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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