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Análise: Dragon Ball XenoVerse

Longe vão os anos em que a série Dragon Ball entretinha as nossas manhãs. Em casa, nas escolas, até nas universidades, todos paravam o que estavam a fazer para assistir a mais um episódio. Desde a série Dragon Ball até ao final de Dragon Ball Z, pais e filhos, professores e alunos, reuniam-se para assistir aos momentos mais emblemáticos da série. Nós não perdíamos o próximo episódio e eles… “também não”! Quem não se lembra: Da primeira viagem em busca das “Bolas de Cristal”? Dos “Torneios de Artes Marciais” e dos combates que opuseram Son Goku a Krillin, Jackie Chun e Tenshinhan? Da derrota de Tao Pai Pai e da queda do exército da Legião Vermelha? Da derrota de Coraçãozinho de Satã? Da chegada de Raditz e dos restantes guerreiros do espaço? Da furiosa transformação de Son Goku contra Frieza, face à morte do seu melhor amigo? Dos famigerados 5 minutos para Namek explodir? Do misterioso “Super Guerreiro” que veio do futuro para impedir uma catástrofe? Da derrota do Cell? Do combate alucinante entre os pequenos Son Goten e Trunks e o dos seus pais Son Goku e (Majin) Vegeta? E do herói acidental que de forma “Hercúlea” conseguiu reunir todas as forças necessárias para a derrota de Majin Buu?

Já lá vai um tempo, não é verdade? Bons tempos em que no final de cada episódio corria a ligar a minha Sega Saturn e rodava o Dragon Ball Z: Legends onde passaria horas a recriar os combates que acabara de ver e outros mais emblemáticos. Há guerras que nunca mudam… e depois há Dragon Ball. Mudaram-se os tempos e com várias vontades o universo Dragon Ball foi reinventado vezes sem conta no mundo dos videojogos. Sem nunca cair no esquecimento já foi RPG, Side-Scroller, um simples Beat’em Up e até uma mistura destes e mais géneros. Títulos bons, outros que nem por isso e outros que roçaram a perfeição mas sempre, sempre com algo em falta. Falo da possibilidade de criarmos a nossa personagem para que também nós tenhamos algo a dizer neste universo, para muitos tão nostálgico. O primeiro título a abordar a série Dragon Ball foi lançado em 1986. 29 anos depois, no dia 27 de Fevereiro deste ano mais concretamente, a Dimps, responsável pela trilogia Dragon Ball: Budokai fez chegar o primeiro título da série à nova geração, Dragon Ball XenoVerse, e com ele um desejo dos fãs (finalmente) tornado realidade.

Depois de trocadas as vozes para o Japonês, a introdução de XenoVerse rapidamente nos faz atravessar três cenas emblemáticas de Dragon Ball Z: primeiro um vislumbre do final do combate contra Raditz, depois contra Frieza e finalmente Cell. Em todos estes combates é impossível não reparar que algo de muito estranho se está a passar e depressa vamos ficar a saber porquê. A linha temporal está a sofrer graves alterações que comprometem tanto o passado como o presente e consequentemente o futuro do universo de Dragon Ball tal como o conhecemos. Desesperado, Trunks pede ao Dragão que lhe envie um aliado poderoso capaz de o ajudar a enfrentar este grave problema.

Surge assim a nossa primeira missão: A criação da nossa personagem cujo sistema é bastante robusto. Ao todo temos quatro raças para escolher: Saiyans, Humanos, Majin, Frieza Clan e Namek. As duas últimas são as únicas que não oferecem uma versão feminina mas cada raça tem uma habilidade natural. Por exemplo o clã do Frieza é mais ágil. Depois disso resta-vos definir as várias linhas que vão dar vida, cor e voz à vossa personagem. Sem esquecer, claro, o estilo de combate. Escolham bem pois só voltarão a poder criar personagens adicionais depois de terminada a história principal.

Combinando uma história original com novos antagonistas, à fuga do simples percorrer das várias sagas e momentos mais emblemáticos que todos adoramos mas ao mesmo tempo todos conhecemos de trás para a frente e de frente para trás, tinha tudo para ganhar. No entanto e sem estragar nada, mostra-se como uma oportunidade desperdiçada pela sua linearidade e por nela persistir o lema de que este é um modo, não para se fazer mas para se ir fazendo. Quero dizer com isto que não vão conseguir percorrer toda a história de enfiada. Uma vez que só pode ser jogada a solo, depressa se vão ver metidos em missões com uma dificuldade implacável onde, além de estarem em desvantagem numérica, pouco ou nada vão conseguir fazer contra os vossos adversários.

Quando chegarem a este ponto, é sinal que está na hora de fazerem uma pausa para evoluir e equipar melhor a vossa personagem. Com um toque de RPG, este é um título que oferece um enorme grau de personalização do nosso herói. Nas lojas vamos ter acesso a uma enorme variedade de roupas que, de forma díspar, vão beneficiar os atributos (Health, Ki, Stamina, Basic Attack, Strike Super e Ki Blast Super) da nossa personagem. Há também uma loja de habilidades mas é mais limitada. Entram assim as Parallel Quests. Como o nome indica este é um conjunto de missões ou desafios alternativos à história. Nelas vão ganhar habilidades, roupas, experiência, enfim tudo o que o vosso herói precisa!

É recomendado que comecem a participar nestas quests assim que estas forem ficando disponíveis mas não posso deixar de vos avisar sobre o factor “sorte” que a elas se encontra associado. Isto porque podemos dar por nós a fazer a mesma missão vezes sem conta, horas a fio, sem o resultado desejado. Vezes há em que uma missão cumprida nos recompensa com uma incrível dose de nada… Este desnecessário grind, sobe a longevidade, mas sobe também a frustração de nos impedir de ter o personagem nas condições desejadas para continuar a história.

Parece que quando começa a haver uma boa coisa em XenoVerse há logo alguma coisa que tem de estragar. Dou como exemplo uma outra alternativa para o acesso a novas habilidades que é aceitar umas das personagens da série como mestre. Existem vários, desde o Piccolo (Coraçãozinho de Satã) a Vegeta, Son Goku, Gotenks, etc. Cumpram todas as missões e no final ganham o seu ataque derradeiro ao estilo Father Son Kamehameha. Só que aqui o espírito que aparece atrás de vocês é o mestre que vos ensinou o ataque que estão a utilizar. Interessante, certo? Certo. Só que a meio do meu percurso com o treino com um dos meus mestres, o Vegeta, às tantas precisei de lhe apresentar um certo item. Onde é que o apanho? Numa Parallel Quest. Várias (demasiadas mesmo) foram as vezes em que consegui o melhor dos resultados nessa malvada missão. Alcancei o objectivo secreto e cumpri-o também por várias vezes mas então o raio do item que insistia em não sair.

Sorte a nossa que as quests nos permitem jogar com personagens que até então fomos desbloqueando no modo história. Apesar de penosa a experiência torna-se assim menos aborrecida. E já que falamos em personagens, o leque disponível em XenoVerse é bastante robusto mas há ausências que não vão escapar ao olhar dos fãs como a de Zarbon, Dodoria, Dabla. Quanto aos filmes, Beels e Whis estão presentes, bem como Bardock e Broly. Personagens dos restantes filmes, como Bojack e a sua equipa, ficaram de fora neste título.

No que diz respeito à jogabilidade de XenoVerse, não desilude mas não é perfeita. Em muito semelhante à que podíamos encontrar em Raging Blast e Tenkaichi a curva de aprendizagem é bastante acessível. Depressa vamos dar por nós a percorrer os cenários do jogo a velocidades vertiginosas e a infligir devastadoras combinações de ataques sobre os nossos adversários. Os combos estão bem presentes e nos combates mais curtos funcionam muito bem. Já nos combates mais demorados depressa nos apercebemos de que a lista de combinações possível não é vasta o suficiente para evitar que caiamos na incessante repetição das sequências mais eficazes.

O controlo da nossa barra de energia é também crucial para que na altura certa possamos executar as nossas habilidades especiais. A não ser que tenham a habilidade equipada que permite apenas o pressionar de um botão para o fazer, por defeito é através dos nossos ataques sobre o adversário ou vice-versa que a nossa barra de energia sobe. Já que falamos de energia, não gostei de reparar que algumas transformações conferem (mesmo que por tempo limitado) energia ilimitada, o que nos permite desencadear os nossos especiais derradeiros vezes sem conta. O executar de um Final Flash ou de uma Spirit Bomb umas 4 vezes consecutivas perde um pouco da magia que tornava estas habilidades tão “especiais”. Devia ser mais difícil e limitada a execução destes ataques.

Mas como nem sempre de um bom ataque depende o sucesso de um combate também as manobras defensivas estão presentes. Estas vão desde o simples bloquear ao mais técnico desaparecer e reaparecer nas costas do adversário. Como novidade, para o combate além do nosso arsenal de habilidades, podemos também levar 4 itens. Estes só podem ser utilizados uma vez em cada combate e servem para recuperar os nossos preciosos pontos de vida, remover algumas condições impostas por alguns ataques dos nossos oponentes e até restaurar a nossa barra de energia ou de Stamina. Infelizmente, na medida em que podem quebrar alguma da mística dos combates de Dragon Ball, estes itens, especialmente os de cura, vão fazer uma enorme diferença nas missões mais complicadas, tanto da história principal como das Parallel Quests.

Tudo isto sempre acompanhados por uma boa qualidade em termos de visualismo e animação de personagens. Se a personagem criada por nós já é por si bem animada independentemente do equipamento que nela colocarmos e das habilidades que para ela escolhermos, o que dizer das personagens oficiais? Estas chegam à arena de combate, cada uma delas com o seu leque de movimentos e animações. Jogar com uma personagem não é de facto o mesmo do que jogar com outra. Isto só faz com que tenhamos mais vontade de as explorar melhor, o que é óptimo pois a variedade é sempre bem vinda. No que diz respeito aos cenários, só tenho pena que alguma da destruição que neles causamos não seja permanente até ao final do combate e que a banda sonora que os acompanha não seja, de todo, a mais adequada, chegando a ser supérflua.

Veredicto

Contrariamente à série Budokai que era fácil de recomendar mesmo para quem não era fã de Dragon Ball, este é um título mais indicado para quem realmente aprecia esta série. É óptima a sensação de podermos criar finalmente a nossa personagem e de a ver pela primeira vez a transformar-se em Super Saiyan e a participar em combates de cortar a respiração.  O conteúdo à nossa disposição é vasto e o leque de personagens, apesar de algumas ausências, é bem robusto. Só é pena, o enorme grind que a este título se associa e que por vezes se transforma numa pesada âncora na boa progressão da nossa personagem.

  • ProdutoraDimps
  • EditoraBandai Namco
  • Lançamento27 de Fevereiro 2015
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroLuta, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Constante e penoso Grind impede que desfrutemos de XenoVerse ao máximo
  • História linear
  • Alguma ausências em termos de personagens

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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