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Análise: Dead Alliance

Mais um shooter de acção com zombies. Mais uma tentativa de criar um novo título de acção com ingredientes já vistos. Dead Alliance é um projecto ambicioso, num meio repleto de jogos semelhantes. E todos sabemos que para brilhar é preciso algo especial.

Por vezes, as ideias são geniais “no papel”. Mas, algures na sua execução, a produção não atinge o seu potencial. Dead Alliance pode muito bem ser um dos melhores exemplos recentes desta questão. Algures na sua génese, as produtoras IllFonic e Psyop Games provavelmente listaram muitas características de jogos modernos de sucesso e pensaram criar um título seu com muitas dessas ideias implementadas. As equipas aproveitaram ainda para implementar umas ideias muito próprias e que podiam tornar o jogo numa experiência singular. À primeira vista, temos aqui uma receita de sucesso à espera de ser explorada. Contudo, uma análise mais cuidada é necessária para tirar as devidas conclusões.

Resumidamente, Dead Alliance é um jogo de acção na primeira pessoa num futuro pós-apocalíptico e repleto, sim, de mortos-vivos. O conceito base usado no jogo faz-nos lembrar bastante a acção do modo de zombies de Call of Duty, desta feita com modos competitivos pelo meio e com uma maior ênfase na velocidade. Pelo meio introduz algumas mecânicas curiosas, com destaque na capacidade de recrutar zombies para lutar ao nosso lado por tempo limitado. Apesar de focado nos modos online PvP, conta com algumas opções a solo para nos ajudar a treinar para a acção frenética contra outros jogadores.

Como devem imaginar, tendo jogadores dos dois lados e uma série de zombies a deambular pelo campo de batalha, a acção pode ser bastante caótica. Existem vários modos para distribuir chumbo, como os tradicionais Team Deathmatch, King of the Hill ou Capture and Hold. Um dos modos mais que gostei, porém, foi mesmo a solo. Além de um modo em que experimentamos os vários tipos de jogo contra bots da Inteligência Artificial, há uma opção de sobrevivência a solo que me fez lembrar os lendários modos Horde de outros títulos. É mais difícil sozinho, sobretudo porque os zombies surgem em grande número.

À nossa disposição para combater, está uma selecção vasta de armas, que vão desde uma potente besta, até armas de assalto de vários calibres. Mas, a melhor arma que quererão usar, são mesmo os próprios zombies. Para isso, contem com diversos métodos, inclusive granadas que tomarão controlo de vários zombies (PAM) ou uma que controla apenas um deles (Enrager), dando-lhe mais poder e energia. Há outras granadas e dispositivos (zMods) com diferentes acções sobre os desmiolados. E quando os zombies não são nossos “amigos”, podemos usar engodos para nos evadirmos ou atraí-los para atacar adversários. Estas granadas e engodos parecem ser aleatórias no arranque do jogo.

A dada altura, é inevitável constatar que há muito para fazer neste jogo, seja a solo ou com amigos ou desconhecidos. Contudo, nas primeiras sessões em que tentei entrar, tive poucas fases de jogo em que os jogadores preenchessem a sala ou permanecessem até ao fim. Problemas de ligação? Talvez. Mas, pareceu-me que a falta de jogadores se deveu a outros factores. E, quando os descrever, irão perceber porque digo ao início que este jogo é um dos melhores exemplos recentes de como ideias geniais não atingem o seu potencial.

Para começar, os controlos. Não sei bem descrever o que se passa aqui. Há algo muito errado no interface deste jogo. Na versão analisada na PlayStation 4, usando tanto um DualShock 4 como um Nacon Revolution, parece que a personagem não se mexe de forma conveniente. Com sensibilidades ajustadas, consegui dar a volta à questão, mas a pontaria é uma autêntica dor de cabeça. O auto-aim parece não existir ou então precisa de uma reforma urgente. Isto é mais evidente se, como eu, estão habituados a outros shooters como Battlefield, Destiny ou Call of Duty. Dirão que é uma questão de hábito, mas nunca antes lutei tanto para fazer mira certeira num jogo deste género.

Infelizmente, há mais questões que vos poderão frustrar. Não ajuda muito que na maioria (não quero dizer na totalidade) das sessões, encontrasse jogadores a teleportar-se pelo mapa. Não, não se tratou de algum hack, mas sim uma terrível ligação online. A detecção de danos perante este lag intolerável, como devem imaginar, é atroz. Acertar em alguém em quem já temos dificuldade em mirar, mas que se teleporta de um lado para outro, é quase impossível. Por outro lado, poderão achar o jogo francamente repetitivo, em que não ajuda a ausência de um enredo plausível. Obviamente, não podia esperar uma história muito elaborada aqui, mas um enredo simples dava alguma envolvência adicional, não?

Por fim, o aspecto técnico. Se olharem para as imagens promocionais e vídeos, poderão achar que temos aqui um jogo competente. Infelizmente, quando jogado, não deslumbra muito a nível visual. Não é propriamente mau, mas já todos vimos outros títulos com maior cuidado nas texturas, animações e efeitos visuais. Não diria que o seu aspecto seja um ponto negativo, mas também não faz milagres para recuperar a avaliação geral do jogo. Alguns efeitos e modelos parecem datados, outros parecem francamente genéricos.

O pior de tudo, quanto a mim, é a sua oscilação constante na performance. Há muitas quebras de fotogramas por segundo (FPS), mais notórias em momentos mais caóticos. Até em momentos menos intensos, mesmo assim, há muitas pausas momentâneas e quebras nas animações, além de inúmeros pequenos erros visuais que seria exaustivo assinalar individualmente. Isto, aliado à tal estranha latência online, faz da acção com outros jogadores bastante frustrante. No entanto, até a solo temos estas estranhas quebras. E nem me peçam para descrever como são as vozes dos comentários das personagens.

Veredicto

Se gostam muito de shooters na primeira pessoa, poderão acabar com Dead Alliance debaixo de olho. Afinal, possui muito boas ideias extraídas de outros jogos e até introduz alguns conceitos novos muito interessantes. Contudo, cheio de boas ideias, tem uma implementação muito aquém do esperado. Gostava de dizer que há esperança para este título, tendo em conta algumas possíveis actualizações que possam ser lançadas. Mas, já lá vai um tempo desde que surgiu e a avaliar pela popularidade online do jogo, o seu tempo pode já ter passado neste género tão popular e, por vezes, ingrato para recém-chegados. O que é pena, porque eu até gostava de gostar deste jogo.

  • Produtora IllFonic / Psyop Games
  • EditoraMaximum Games
  • Lançamento29 de Agosto 2017
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Repetitivo
  • Latências Online
  • Problemas de controlos
  • Performance geral

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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