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Análise: Dangerous Golf

E desde quanto é que o golfe é perigoso? Desde que a Three Fields Entertainment decidiu criar um novo título que pega nesse aborrecido desporto e o torna épico. Dangerous Golf é um jogo que nos permite descomprimir um pouco por… destruir tudo com bolas de golfe em chamas! Ficaram curiosos?

Se vos falar nesta pequena produtora Britânica de apenas 11 funcionários, talvez não vos diga muito. Se vos disser que alguns destes funcionários, a dada altura, pertenceram a uma tal Criterion, talvez vos recorde do lendário Burnout. Não houve (até agora) outra série tão divertida de condução e… destruição! E realmente, este último pedaço de ADN parece estar presente em Dangerous Golf. Estão de volta as explosões, a destruição, os movimentos em câmara lenta… mas agora fora de estrada, dentro de salas, cozinhas e outras divisões. E, em vez de colidirmos veículos, temos uma bola de golfe e toda a sorte de mobiliário e outros objectos para deixar em cacos. Claro que a dimensão dos jogos não é comparável, mas será que temos a mesma diversão?

Como classificar este jogo? Não é um simulador de golfe, fiquem descansados. De facto, nem sequer é um título de desporto. Diria que é um jogo de arcadas, onde a perícia é subjectiva (já vão perceber porquê) e onde o jogador é, basicamente, um espectador de uma simulação de físicas. Sim, há bolas de golfe, buracos e bandeiras para acertar, tal como qualquer campo de mini-golfe. Contudo, aqui não conta tanto a quantidade de tacadas (Par) que damos para a bola chegar ao buraco. É que nem sequer temos um taco para bater a bola. E o próprio esférico é mais um aríete (por vezes em chamas) que uma bola de golfe. O objectivo fica bem claro logo nos primeiros minutos de jogo em que somos introduzidos a um tutorial: Disferindo o primeiro golpe na nossa bola (Tee), temos de destruir o máximo número de objectos.

Alguns dos ditos objectos possuem mais valor que outros e precisamos evitar alguns objectos específicos e intocáveis. Em cada sala há estátuas, caras garrafas de champanhe, pratos, prateleiras, pianos, enfim, toda a sorte de mobiliário, acessórios ou peças decorativas. Cada objecto destruído possui um número de pontos determinado. Alguns conferem bónus acrescidos, outros dão pontos por acertar em conjuntos iguais. Temos de pontuar o máximo possível recorrendo às capacidades da bola, combos e truques para ganhar medalhas e subir na tabela. No final, a bola perde o ímpeto e acaba imobilizada. Onde ficar, temos de finalmente apontar para o buraco e finalizar a jogada com o Putt. Acertem no buraco, termina a partida, falhem e perdem metade da pontuação.

E como se joga este género de golfe destrutivo? Não é muito difícil aprender. No momento do Tee não somos obrigados a escolher o taco ou a posicioná-lo. Na versão analisada na PlayStation 4, somente movimentamos o analógico esquerdo para disferir esta tacada inicial. Confesso que esperava muito mais ao nível da interacção. Não esperava uma simulação do género de um simulador, mas ao menos deveria ser possível escolher o ângulo de toque na bola para disferir efeitos ou, pelo menos, dar a sensação de toque intencional. A opção de interacção simplificada com o analógico parece-me escassa. E também não ajuda muito a limitação a uma única tacada. Felizmente, que nem só do Tee depende a jogabilidade.

Inicialmente a bola irá cumprir a trajectória inicial até se imobilizar. Como temos de garantir que cumprimos a regras do mapa, como já ficou claro, só o Tee pode não chegar. Antes de iniciarmos o Putt para o buraco final, porém, ainda podemos activar algumas cartas que permitem estender a jogabilidade. A mais comum é a Smashbreaker que permite literalmente incendiar a bola e torná-la quase imparável por alguns segundos, orientando-a ajustando a câmara. Para activar esta carta específica, notem, terão de primeiro destruir um número mínimo de objectos. E notem que muitos dos pontos que obtemos são reacções secundárias e não tanto consequências directas do nosso movimento. Ao acertar em garrafas de champanhe, por exemplo, as rolhas também saltam e atingem outros objectos.

Há mais cartas modificadoras que introduzem interessantes novidades na jogabilidade, alterações de mecânicas ou mesmo de alterações de físicas, como a carta “Danger Time” que desacelera o tempo. Todas estas cartas, assim como o grau de dificuldade e novas localizações e mapas, vão sendo adicionadas consoante vamos jogando e conquistamos medalhas. Ao início, parece um jogo muito básico e nos primeiros mapas parece também algo repetitivo e sem grande desafio. No entanto, terão de jogar mais para introduzir mais destas cartas modificadoras. De facto, dei por mim a repetir tacadas só para obter mais medalhas e desbloquear mais cartas e bónus.

Tudo isto parece uma excelente premissa, com diversão garantida. Para que consigamos o máximo número de pontos, precisamos abordar os 100 mapas como um enorme puzzle em que teremos de planear trajectórias para obter o máximo número de pontos e usar as tais cartas de forma estratégica. Depois, é preciso garantir que a bola fica numa posição simpática para acertar no buraco final, seja directamente, seja por tabelas. Na verdade, lá mais para a frente, as medalhas de conquista ficam cada bem menos nobres (De platina ou ouro, passamos a prata e bronze), uma vez que os objectivos ficam cada vez mais complexos e surreais. E este desafio só aumenta o interesse em jogar.

A nível de modos de jogo, podem optar por escolher jogar um ou mais mapas individuais ou iniciar uma roda pelos tais 100 mapas numa “tour”. E não precisamos de jogar sozinhos, uma vez que podemos jogar à vez com um amigo localmente. A “acção” é cooperativa, permitindo aos jogadores destruir o cenário por completo em duas jogadas (uma para cada por cenário). Claro que o primeiro jogador a dar a tacada terá a vantagem de destruir os alvos mais apetecíveis. Alternativamente, ainda podem jogar online em lobbies até oito jogadores. De facto, acho que o jogo atinge o seu mais alto potencial a ser jogado com companhia. Afinal, quem é que vai jogar mini-golfe sozinho? Infelizmente, talvez porque o jogo ainda não é muito popular (ou por outro motivo qualquer), nunca consegui encontrar jogadores suficientes para iniciar uma única sessão.

Uma nota muito positiva vai para os cenários, físicas, modelos de destruição e efeitos visuais. Equipado com o robusto Unreal Engine 4, este Dangerous Golf tem um óptimo aspecto. As salas estão repletas de objectos, quase todos destrutíveis e irrepreensivelmente detalhados, com texturas e efeitos de destruição visualmente competentes. Houve muito trabalho de design nestes cenários que vão desde casas de banho, a salas de estar requintadas, passando por cozinhas e outros locais improváveis para se jogar golfe. Tecnicamente, o jogo nunca se ressentiu da quantidade de objectos, partículas e efeitos, o que é um bom atestado à sua programação e físicas.

Os menus não acompanham este rigor técnico e parecem um mundo à parte do jogo, com um design tipo banda desenhada e “rabiscos”. Ajuda que esta atitude descontraída passe também para alguns momentos humorísticos em jogo, como uns esqueletos que reagem às nossas tacadas ou os sons emitidos por sanitas. Afinal, o golfe pode ser um desporto aborrecido, mesmo quando o objectivo é destruir à nossa volta, é preciso descontrair.

A nível sonoro, os efeitos são competentes, sobretudo graças a alguns momentos humorísticos que já falei. Uma curiosidade, todos os que jogaram Burnout 3 vão-se recordar da narração de Ted Stryker, que regressa agora para o energético vídeo introdutório que serve de tutorial. Só tenho mesmo algumas reticências com a banda-sonora escolhida para este jogo. Parece-me algo desajustada, não pelo seu género, com malhas de punk rock aqui e ali, mas talvez pelo efeito de repetição dos temas que não ajuda muito. Ao fim de uma hora a jogar, tive de a desactivar. Será, talvez também uma questão de gosto pessoal.

Veredicto

Todo o mérito tem de ir para a Three Fields Entertainment. Nem tanto porque tenha criado aqui um um colosso lúdico, mas porque inventou um género muito próprio e divertido. Aliar um desporto aborrecido a momentos épicos de destruição, parece impossível, mas esta equipa conseguiu. Ideal para jogar com amigos localmente ou online, é pena que não seja mais popular e que as sessões online sejam tão pouco frequentadas. Gostaria também que a interacção não fosse tão simplista e nos desse mais controlo. No entanto, Dangerous Golf é um título divertido que junta uma mecânica de precisão, ao puro caos, como uma espécie de puzzles para resolver, tudo embrulhado num visual e físicas impressionantes. Querem uma sugestão? Joguem isto naqueles dias em que preferiam “partir tudo”!.

  • ProdutoraThree Fields Entertainment
  • EditoraThree Fields Entertainment
  • Lançamento2 de Junho 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroArcade
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Interacção algo simplista
  • Falta de jogadores para sessões online
  • Música dos menus

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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