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Análise: Danger Zone

Depois do Golfe, a Three Fields Entertainment virou-se para o que sabe fazer melhor: destruir veículos. Isto porque uma parte desta equipa esteve envolvida na série Burnout. E não é por mero acaso que sentimos um certo dejá vu quando jogamos Danger Zone.

E não, não estou a falar da célebre música de Kenny Loggings, banda sonora do filme Top Gun. Estou mesmo a falar desse grande título que nos traz tanta saudades. Burnout pode estar na gaveta da Electronic Arts, mas está imortalizado na nossa memória e é bem homenageado com este novo pequeno jogo explosivo. Este não é um jogo com uma mensagem subtil. Quem conduz na vida real, ou joga os mais diversos títulos de condução, sabe que um dos principais objectivos é evitar os demais veículos. Em Danger Zone, evitar os veículos é sinal de que não o estamos a jogar como deve ser.

A premissa é que neste jogo temos de criar o acidente mais destrutivo e explosivo possível, em diversas situações, como cruzamentos, autoestradas em contra mão, rampas e outras estruturas. Lembram-se de Crash Mode da série Burnout? Já terão uma ideia do que vos espera. Lembram-se do bónus “Crashbreaker” deste modo que permitia ao carro explodir e atribuir ainda mais pontos? Aqui chama-se “Smashbreaker” como no seu jogo anterior Dangerous Golf. Lembram-se do menu de Burnout 3? É muito parecido. De facto, subtileza é que este jogo não tem. O que não é propriamente negativo, apenas estamos curiosos como a EA olhará para isto e não franze o sobrolho com um dedo no botão da acção judicial. Contudo, este é apenas uma “homenagem” a um único modo da série Burnout, com outro nome e… bom… é só isso mesmo.

A nível de jogabilidade não há muito para aprimorar num modo já de si simplista no jogo em que se inspira. Temos de usar os nossos dotes de cálculo para a maior destruição possível com um automóvel que conduzimos contra o trânsito. Pelo caminho também há tokens com bónus de dinheiro e smashbreakers adicionais para aumentar ainda mais a factura. Quantos mais carros atingirmos, seja directamente, seja por acidentes secundários, mais “dinheiro” é gasto. Quando o “monte” está criado, detonamos um explosivo (o tal smashbreaker) para dar ainda mais ponto. No final, os mais gastadores recebem medalhas (bronze, prata e ouro) e ainda podem escrever o seu nome numa tabela de resultados mundial. E é só isto: arrancar, calcular, embater, esperar que o dinheiro acumule e repetir até ganhar uma medalha.

Confesso que esperava mais dos criadores de um dos jogos de condução mais icónicos de que há memória. Danger Zone é curto, com uma oferta igualmente curta e directa ao assunto. Na verdade, cada situação que nos é dada é um enorme puzzle para resolver e passar para o próximo nível. Ao fim de uns 20 níveis diferentes, cada vez mais complexos e com outras capacidades, mas também alvos de medalhas mais elevados. O incentivo é repetir inúmeras vezes até obtermos pelo menos a medalha de bronze e ver o que a produção nos dá a seguir. Isto foi exactamente o que aconteceu com o já mencionado Dangerous Golf da mesma produtora, um jogo que agora me parece estranhamente parecido com este.

Não quero com isto dizer que a jogabilidade seja má. Cumpre o objectivo primário, com físicas de movimento, inércia e gravidade realistas o suficiente. Confere o necessário desafio para analisar bem o que fazer e pensar de forma estratégica em como piorar o dia de muita gente no trânsito (a sério, não se inspirem aqui). Contudo, é só mesmo isto que está implícito neste jogo. Fiquei bem impressionado nos primeiros minutos de jogo, mas cedo percebi que tinha já visto toda a oferta. O veículo usado é sempre o mesmo, a acção é praticamente igual do princípio ao fim. Seria interessante se o jogo trouxesse um editor de níveis por exemplo. E terminados os níveis com as respectivas medalhas, só mesmo se querem entrar nas tabelas mundiais é que terão algum interesse em repetir a acção.

Também ao nível técnico esperava mais. Não pensei que viesse aí um colosso visual, até porque o seu preço de apenas 12,99€ não dá muita margem para algo de qualidade gráfica superior. Enche o olho com impactos e explosões dignas de um filme de Michael Bay, para nos dar alguns bons momentos de espectáculo. Mas todos os cenários são desprovidos de detalhes, simulando um ambiente de laboratório com plataformas criadas por um qualquer computador. Não há uma música como tema de fundo, não há um vídeo introdutório, uma apresentação mais personalizada. A dada altura, fiquei sem perceber se isto era intencional para criar um jogo simples de modo a “encaixar” algum financiamento rápido ou pura falta de recursos.

Se calhar as expectativas estavam mais elevadas, sobretudo depois de Dangerous Golf. Queríamos mais da ex-Criterion. Quando ouvimos que vinha aí outro jogo de automóveis desta equipa, pensámos logo num Burnout alternativo. Notem, porém, que o jogo foi anunciado em Abril e foi lançado o final de Maio. Dificilmente seria muito mais isto. Não estou a tentar criar uma desculpa para Danger Zone. Apenas a tentar dizer que, se calhar, pelo preço simpático, temos um bom jogo para descomprimir e terminar ao fim de umas horas. Mesmo assim, sem dúvidas, não era bem (só) isto que queríamos jogar destas mentes criativas. Será este um primeiro passo para um futuro grande jogo?

Veredicto

Resumidamente, Danger Zone é um pequeno jogo de puzzles que envolvem criar os acidentes mais destrutivos ao volante, num convincente jogo em que as suas físicas são as principais protagonistas. Lembra-nos muito o Crash Mode de Burnout e nem faz muita questão de esconder essa influência clara. Mas, tal como essa lendária série agora em pausa, é preciso muito mais que embates fantásticos a alta velocidade. Que este jogo seja apenas mais um ensaio a preço simpático, enquanto esperamos que a Three Fields Entertainment nos traga o grande jogo que todos achamos que é capaz de fazer.

  • ProdutoraThree Fields Entertainment
  • EditoraThree Fields Entertainment
  • Lançamento30 de Maio 2017
  • PlataformasPC, PS4
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Curto
  • Cenários sem inspiração
  • Repetitivo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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