Análise – Cube Life: Island Survival

Goste-se ou não, Minecraft tem sido, desde que foi lançado em 2009, uma presença incontornável na industria dos videojogos. Misturando elementos de sobrevivência com RPG, aliado a um sistema de Crafting bem robusto, as possibilidades são praticamente infinitas quanto ao que pode ser criado por quem o joga. Uma fórmula de sucesso, apoiada por um visualismo retro e que, apelando aos tempos idos da indústria, faz com que o seu público alvo seja praticamente universal em termos de faixa etária.

Tal como acontece em qualquer tipo de arte, seja na música, no cinema ou no género literário, a linha de pensamento “Também sou capaz de fazer aquilo” não tardou a atingir Minecraft. Várias têm sido as imitações ou, talvez aligeirando um pouco a coisa, as adaptações que têm surgido. Umas têm sido melhores do que outras cada uma com o seu grau de pertinência e foi a vez da Wii U receber uma delas. Tem como Nome Cube Life: Island Survival e é sobre ele que vamos falar! 

Apesar de fortemente inspirado em Minecraft, Cube life: Island Survival traz consigo elementos que lhe conferem uma identidade muito própria. O primeiro aparece assim que iniciamos o modo Survival e não é, de todo, comum aos demais jogos do género. Desta vez, a personagem que controlamos tem uma história e, infelizmente, voz para a contar. Não sabemos o seu nome, apenas que era um viajante abastado que eventualmente deu por si naufragado numa ilha.

Apesar de permitir ao jogador estabelecer uma relação com a sua personagem a história que acompanha o tradicional (nos jogos do género) modo Survival rapidamente se torna supérflua e a tal relação depressa se perde. Em vez de continuar a desenvolver a premissa que nos introduziu logo no início do jogo, a nossa personagem apenas tem como objectivo sobreviver aos dias e às perigosas noites que o aguardam. O trabalho de voz que a acompanha já é por si fraco, para não dizer pior, e mais irritante fica quando a nossa personagem começa a constatar o óbvio. “Os animais desta ilha podem ser fonte de nutrição.” Sorte a nossa que o nosso naufrago é o Sherlock Holmes, pessoal!

No modo Survival, a sobrevivência, perdoem-me a redundância, é mesmo a palavra de ordem. Quem for novo neste género, vai passar um mau bocado, especialmente pelas dicas do nosso Sherlock que diz o que podemos fazer mas quando a questão cai no “como”, parece que o “gato lhe comeu a língua”. Nos menus do jogo podemos encontrar o nosso inventário juntamente com o sistema de Crafting e o Crafting Guide que nos apresenta no ecrã da televisão e do Game Pad da consola uma lista do que podemos criar e do que precisamos para o fazer. Quanto à fonte de cada material, isso teremos de descobrir sozinhos.

O sistema de Crafting é bastante robusto mas não deixa de ser bastante rudimentar e pouco intuitivo. O problema é que teremos de recorrer a este sistema vezes sem conta, na medida em que os itens têm uma durabilidade demasiado curta. Isto porque em vez de ser descontada pela quantidade de blocos que partimos com eles, é a força com que usamos as nossas ferramentas que desconta mais ou menos da sua durabilidade.

“Depressa e bem, não há quem” mas em Cube Life: Island Survival o tempo não para e como se não bastassem estes tropeços, a nossa personagem pode morrer à fome e à sede. Apanhem fruta e quando tiverem os itens necessários, cacem os animais que povoam os cenários do jogo. Mas cuidado! Não percam muito tempo para encontrar abrigo, pois se a noite cai, mais perigos terão de enfrentar. Com o cair da noite, emergem do mar (e não, não estou a brincar) vagas infindáveis de canibais e escusado será dizer quem é a presa, certo?

Das duas uma, vá três: Ou lutam, ou fogem para um abrigo ou morrem e começam tudo de novo. Se escolherem uma das duas primeiras opções não se esqueçam de verificar os vossos recursos. Já dizia a Melisandre: For the night is dark and full of terrors… Atenção que podem sempre gravar o o vosso jogo e aqui aproveito para vos alertar de mais uma coisa. Não há checkpoints, por isso quando gravam o jogo, como está é como fica. Quando regressarem, retomam do ponto onde ficaram.

Mais do que no modo sobrevivência, foi no modo Creative onde mais passei o meu tempo e onde mais me diverti. Tal como em Minecraft, a liberdade de poder explorar e criar o que me apetece e quando me apetecer é para mim o mais aliciante que estes jogos têm para oferecer. A criação de mapas é neste jogo um pouco complicada nas (escassas) opções que oferece mas aqui tudo se torna um pouco mais intuitivo. Com todos os materiais a um toque de distância, no ecrã táctil do Game Pad não demora muito até que possamos criar o que desejarmos. Mesmo que para isso tenhamos de primeiro moldar, ou melhor limpar, o cenário antes de o podermos usar. Como um pintor a precisar de limpar a tela antes de a poder utilizar. Criados os mapas resta-nos enfrentar os morosos ecrãs de loading. Quais pilhas Duracel, duram e duram e duram. o que vale é que há sempre uma dica pertinente para ler mas não deixa de ser frustrante ter de passar por eles.

Visualmente este é um título que apesar de não impressionar, faz bem justiça ao género. Os cenários, estão bem preenchidos mas percorrê-los e muitas vezes trabalhá-los leva-nos por vezes às malfadadas quebras de frames. No meio de um visualismo que se esforça por puxar pela nostalgia de quem o joga, é pena que elementos como a água caiam de forma desnecessária num maior realismo, resultando num contraste indesejado e que torna difícil a apreciação deste título neste campo.

Veredicto

Cube Life: Island Survival chega à Wii U como mais do que um clone de Minecraft. Com elementos que se esforçam por inovar o género é pena, no entanto que venham à superfície alguns problemas. Os produtores, mostram que sabem ouvir a comunidade e prometeram actualizações e correcções já em Agosto. Se forem fãs do género, ou até mesmo aqueles que estiverem à procura de uma alternativa a Minecraft e outros tantos, se conseguirem contornar os problemas apresentados nesta análise, certamente que vão encontrar bons momentos neste título. Já os restantes jogadores, talvez queiram pensar duas vezes antes de adquirirem Cube Life: Island Survival.