TheAngler (5)

Análise – Call of the Wild: The Angler

Provavelmente depois de verem a minha análise a outro simulador de pesca, alguém achou que eu estava igualmente qualificado para analisar Call of the Wild: The Angler. Não os posso desapontar.

Vindo da produtora Expansive Worlds, já conhecemos muito bem esta sua fórmula. Esta é a mesma produtora interna dos Avalanche Studios que nos trouxe outro jogo popular neste género “sim-game”, The Hunter: Call of the Wild. Se jogaram esse outro título de caça, recordarão que é um simulador em mundo aberto, onde vamos trilhar vastos mapas em busca dos mais diversos animais para caçar. É inevitável que eu use esse outro jogo para servir de termo de comparação, até porque empresta bastantes conceitos aqui, ao mesmo tempo que outros pormenores são logicamente modificados para esta outra realidade.

O espírito deste jogo é exactamente o mesmo, como poderão constantar. The Angler partilha o mesmo cuidado visual com o ambiente geral, criando um mundo vivo e cheio de momentos de beleza para nos perdermos. Mais que apenas calçarmos as galochas e ali ficarmos à beira-rio, porém, este é também um jogo de exploração, com algumas missões paralelas, num incentivo de estabelecermos contacto com a natureza e desfrutar de alguns momentos de descontração. Reconhecemos facilmente o ADN da Expansive Worlds e do robusto motor gráfico Apex.

Comparando ainda com The Hunter, aqui os perigos são menores, já que os animais que “caçamos” não nos tentam “caçar de volta” e não há propriamente muita adrenalina envolvida, mesmo que o peixe dê alguma luta para o apanhar. De resto, podemos perfeitamente reconhecer as semelhanças na jogabilidade. A nível da jogabilidade, é também uma mistura entre simulação e elementos arcade, que até é perfeitamente justificado. Mesmo que muitos jogos neste género se achem “simuladores”, porque muita da técnica envolve alguma intuição e sensibilidade, não é fácil de replicar algo realista num simulador.

Caçadeira na prateleira, é tempo de pegar apenas e só na cana. Depois de criarmos a nossa personagem, somos convidados a passar um sucinto, mas precioso tutorial para nos ensinar tudo o que precisamos para começar. E não demorarão muito tempo para apanhar aquele Salmão lustroso. Como já disse, aqui a simulação é moderada, se calhar ainda mais acessível que foi no jogo de caça. Temos à mesma uma panóplia de canas e equipamento recriado com rigor, sem esquecer os vários iscos e as várias técnicas necessárias para cada espécie, mas nada realmente intrincado ou profundo.

A grande diferença neste jogo para os tantos títulos da concorrência, é que, além da técnica de pesca em si, também temos de também procurar os melhores locais para pescar espécies diferentes. Podemos não ficar apenas na margem da vila mais próxima a dar “banho à minhoca”. Podemos deambular por vales remotos em busca da enseada perfeita. Faremos quilómetros usando um jipe ou um bote, de onde podemos também pescar a meio de lagos e rios. Uma vez mais, o jogo desafia-nos para o tal espírito de exploração, dando-nos missões paralelas e tarefas que nos entretém.

Infelizmente, ao contrário de The Hunter, aqui o conceito de troféu é um pouco mais vago. Se apanharmos um bom peixe, o máximo que temos direito é uma selfie com o mesmo. Teremos sempre de devolver o peixe à água, num claro contraste com as mansões repletas de animais embalsamados do jogo de caça já mencionado. Gostaria de poder expôr aquela “pescaria maravilha” mas tenho de me contentar com a fotografia. É talvez algo para explorar no futuro (já falaremos nisos). Todos sabemos como os pescadores adoram falar das suas maiores pescarias.

Também por causa disto, a progressão é pouco entusiasmante. Ao contrário de outros jogos onde vendemos a presa para ganharmos dinheiro virtual, porque devolvemos o peixe à agua, não temos qualquer lucro directo. Ganhamos apenas pontos de experiência e créditos consoante o tamanho do peixe… OK! É praticamente o mesmo. Ainda assim parece que nos “pagam” para pescar, ao invés de podermos vender a pescaria pela raridade e peso que, quanto a mim, faria muito mais sentido. Parece uma tentativa de “pacificar” a acção que, na prática, simula o acto de apanhar animais.

Tal como o antecessor, também esta actividade pode ser feita a solo ou na companhia de outros jogadores. Este título também inclui um modo cooperativo online até 12 jogadores, cada um com o seu progresso único. É possível partilhar carros ou barcos para deambular pelo mapa, assim como pescar nos mesmos locais em conjunto. “Reza a lenda” que a pescaria é um acto solitário mas discordo. É sempre interessante conhecer alguém com o mesmo apreço pela actividade que nos dedicamos. Ainda por cima, se nos ensinar técnicas ou locais que desconhecemos.

Devo dizer que nos primeiros dias em que testei o jogo encontrei vários problemas técnicos, especialmente a nível visual. Foi algo que tive em conta e estive mesmo a aguardar por uma importante actualização da produção para eliminar os erros mais significativos. Não é algo que faça normalmente, tendo por hábito analisar o jogo “tal qual”. Se algo não está bem, não hesito em falar nisso. Contudo, neste caso, a produtora fez um trabalho exemplar para corrigir os principais erros e assim promete que vai continuar. Contudo, não é possível deixar passar um outro aspecto.

Infelizmente, a oferta em jogo é francamente diminuta nesta fase inicial. Não falo da personalização ou do equipamento disponível, porque temos um vasto leque de itens para adquirir e coleccionar. Também não falo de termos só um único mapa, reserva fictícia de Golden Ridge nos EUA porque, apesar de ser o único local disponível, é muito vasto e tem muito para nos ocupar. Falo, isso sim, do principal objecto do jogo: os peixes. Temos apenas 12 espécies de peixes para pescar, o que, não só não é realista na vastidão deste ecossistema criado, mesmo com as várias técnicas necessárias, traz muito pouca variedade ao jogo.

Fica muito claro que a produção não lançou algo tão limitado em oferta por falta de recursos ou mero acaso. Se olharmos para o formato de The Hunter, com um jogo base e dezenas de expansões posteriores, o inuito é obviamente o mesmo. A ideia é lançar uma base e depois gradualmente empurrar os jogadores para adquirirem as futuras expansões de mapas, que inevitavelmente trarão mais espécies para pescar, mais equipamento e outras adições. Não há nada de errado neste formato, apenas acho que se justificaria que o jogo base custasse menos que os seus 29,99€ ou até que fosse “free-to-play”, pagando apenas as expansões.

Veredicto

Fiel à fórmula do seu antecessor, Call of the Wild: The Angler é um jogo de pesca com algum desafio, quase um simulador, sim, mas é também um jogo de exploração com alguns elementos muito “zen”. Infelizmente, além de um esquema de progressão sem sentido, a sua principal lacuna é mesmo a variedade. Com um só mapa e apenas 12 espécies para apanhar, fica no ar a ideia que a produção quer manter um esquema financeiro para o futuro. Mas, hey, se se tornar tão vasto e rico em conteúdo como The Hunter, estou certo que muitos ficarão agradados.

  • ProdutoraExpansive Worlds
  • EditoraAvalanche Studios
  • Lançamento31 de Agosto 2022
  • PlataformasPC
  • GéneroDesporto, Simulação
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Apenas 12 espécies de peixes...
  • Problemas técnicos e bugs
  • Esquema de progressão

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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