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Análise: Call of Duty Black Ops III

A série Black Ops de Call of Duty foi sempre a preferida de muitos jogadores. Não só soube sempre aliar a famosa jogabilidade dos CoD a um enredo sólido, como foi muito bem aproveitada pela produtora Treyarch para desenvolver outros tipos de jogabilidade, sobretudo com os seus famosos Zombies. Agora, Call of Duty Black Ops III dá um salto ainda mais no futuro, mesmo sem esquecer o passado.

Seria de esperar, tantos anos depois, que os Call of Duty perdessem a sua essência. No entanto, mesmo perante acusações de repetição, não podemos dizer que este Black Ops III não tenta inovar. Podemos fazer alguns paralelos com o jogo do ano passado (Advanced Warfare), sim, mas é um jogo com um enredo próprio (e que enredo) e com os seus próprios modos de jogo. Apesar de ser uma continuação de Black Ops II, o enredo é completamente separado desse outro jogo da série, com apenas uma ou outra menção aos eventos desse título. Claro que irão franzir o sobrolho com algumas opções da Treyarch, mas o que é um CoD se não tiver uma ponta de discórdia?

Se compraram a versão Playstation 3 ou Xbox 360, os próximos parágrafos não vos servirão de muito. Já sabem que estas versões não possuem modo de carreira. O que, para todos os efeitos, é algo negativo. Afinal, ainda muita gente possui as consolas da geração anterior. Mesmo que tecnicamente o jogo seja demasiado avançado para a PS3 ou X360, era simpático ter lá a campanha para todos a poderem desfrutar. Mas será que o melhor do jogo é mesmo a campanha?

O futuro do ano 2065 é sombrio. Não será porque a tecnologia não nos permite melhorar todos os aspectos da nossa vida, mas precisamente porque não sabemos viver sem ela. No combate, o soldado acaba por ser a arma mais essencial, potenciado por essa mesma tecnologia cibernética. No entanto, usar a maquinaria e inteligência artificial tem um preço muito caro a pagar. As nações equipam-se com armas inteligentes e a humanidade sucumbe ao medo. As Black Ops, operações secretas de espionagem tornam-se essenciais para travar as novas ameaças. Isto porque o “progresso” acaba por substituir a infantaria por robôs no combate convencional. Para os controlar, uma inteligência artificial que tem um propósito muito bem definido e que não passa pelo nosso bem estar.

Sem querer falar muito mais do enredo, irão personificar um soldado das “Black Ops”, aquelas que os governos dizem que não existem. Depois de uma série de eventos em que num encontro ficamos gravemente feridos, somos involuntariamente implantados com tecnologia cibernética e associados à agência de espionagem Norte-Americana, CIA. Doravante, teremos poderes aumentados pela tecnologia, mas também outros bónus que nos irão transportar para uma viagem alucinante. Digo-vos que o enredo até está bem estruturado com direito a algumas reviravoltas. No entanto, há momentos de profunda confusão e outros de situações mentalmente desconcertantes. A sério! A última missão é, à falta de melhor definição, insana. E há cenas que chegam a roçar o mórbido. Sempre atenta, a Treyarch até nos pergunta no início se queremos presenciar esses momentos antes de arrancar o modo carreira. A escolha é vossa.

Eu arrependi-me de dizer que sim e vou ter pesadelos com robôs a arrancar braços… isto se não conseguir tirar da cabeça uma certa lenga-lenga que… “listen only to the sound of my voice”… oh, não…

Falando da jogabilidade, esperem mais do mesmo. O combate no modo de carreira é focado nas armas (claro!) e agora, também no Parkour proporcionado pelos poderes biónicos adquiridos. Escalar e atravessar paredes, dar saltos e cair em cima dos adversários, pegar fogo aos robôs remotamente, lançar enxames de nano-máquinas para distrair ou incinerar adversários, tomar controlo de máquinas, dominar mentes, etc, são tudo poderes que auxiliam no combate. Claro que as armas possuem a devida atenção, com muita variedade e diferentes características, sendo possível personalizá-las com extras e até cores e pinturas que vamos desbloqueando.

Cada missão é precedida por uma espécie de Hub onde podemos escolher tudo, desde o já mencionado armamento, à armadura e capacete que queremos usar, perks e poderes especiais. É também aqui que podemos rever quais as missões que queremos fazer, realizar treinos em ambiente virtual, visualizar troféus ou conquistas, além de podermos rever vídeos ou até ouvir música. Percam tempo nesta base para prepararem a missão. Tentem perceber que tipo de arma mais se adapta ao vosso estilo de jogo, se uma metralhadora pesada, se uma espingarda sniper e treinem na arena virtual ou vão ter um mau bocado, sobretudo a solo.

As missões são quase todas iguais e algo repetitivas. Tirando as variáveis oferecidas pelos poderes cibernéticos, é “tiro neles”, com progressão lenta, muita cobertura e diversos pontos para atingir até desbloquear a próxima área. Lá mais para a frente vão surgir robôs de enorme envergadura que irão agir como “bosses”. Teremos de os destruir antes de avançar no terreno. De notar que nestas fases, poderão haver adversários em vagas que só terminam com a destruição do “boss”. É aqui que vale a pena recordar que toda a campanha pode ser jogada em modo cooperativo, seja localmente, seja online (até quatro jogadores). E acreditem que vão precisar da mão amiga em alguns momentos mais caóticos, sobretudo em dificuldades mais acrescidas.

Falando de modos cooperativos, claro que temos de falar da campanha de Zombies. Como uma área completamente distinta do resto do jogo, Shadows of Evil possui um enredo próprio passado nos anos 40. Ou seja, nada de tecnologia futurista por aqui. Só armas e poderes específicos para destruir zombies em vagas. E chega! Todos os mapas são feitos para serem jogados de forma cooperativa a quatro e é essencial a comunicação entre a equipa. É simplesmente impossível jogar a solo ou sem coordenação. Jogamos com uma das quatro personagens (Nero, Vincent, Jessica e Campbell), cada uma com a sua especialidade e tipo de combate. A cada vaga de zombies a dificuldade acresce, as munições acabam rápido, é preciso comprar armas entre cada vaga, enfim… já toda a gente conhece o modo de Zombies da Treyarch. Esperem o que mais gostam e a habitual diversão garantida.

Antes de falar do modo multi-jogador, devo assinalar a excelente qualidade visual deste novo CoD. Falo do incrível leque de actores de Hollywood presentes tanto no enredo principal do modo carreira, como no modo de Zombies. Na campanha, Christopher Meloni (Law & Order) como John Taylor ou Katee Sackhoff (Battlestar Gallactica), são o destaque. No modo Zombies, Jeff Goldblum (Jurassic Park) como Nero, Neal McDonough (Band of Brothers) como Vincent, Heather Graham (Austin Powers) como Jessica, e Ron Perlman (Hellboy) como Campbell, compõem o estrelato. Todos estão reproduzidos digitalmente com atenção demente ao detalhe, captura de movimentos e expressões faciais ao melhor nível.

De resto, todos os ambientes gráficos de um mundo futurista mergulhado nos combates urbanos, de Singapura ao Egipto ou mesmo a clássica e boémia Morg City dos anos 40 são absolutamente fantásticos. Com cenários vastos e destrutíveis, as animações baseadas em captura de movimentos, a encenação dos momentos mais emocionantes com recurso aos actores, fazem-nos crer que estamos a assistir a um autêntico filme. De realçar que toda a campanha possui uma fluidez cuidada, mesmo nas situações de maior caos. Estão lá os devidos momentos épicos de grandes batalhas, inclusive um enorme assalto aéreo com aviões de combate, um regresso ao passado na Segunda Guerra Mundial (com armas do futuro, depois percebem) e as típicas cenas repletas de acção dignas de um filme de Michael Bay (explosões, sim).

Pena é que na versão analisada (Xbox One) tivéssemos momentos em que algumas texturas perdiam resolução de forma inexplicável. Houve mesmo situações em que perdemos texturas em todo o cenário, ressurgindo lentamente. Caso contrário, graficamente o jogo seria quase perfeito. Também ainda não foi desta que a malta da Treyarch se redimiu e produziu sons para as armas que sejam credíveis. Tanto jogo por aí com sons realistas e imersivos de tiros e movimentos de armas e continuamos a ouvir os “pop-pops” das suas metralhadoras futuristas.

E agora o multi-jogador competitivo. Afinal, tantos campeonatos mundiais que usam a série Call of Duty e com a própria Activision a apostar nos E-Games, este jogo só pode (deve) ser igual ou superior aos jogos anteriores. Acima de tudo, as novidades cibernéticas deverão proporcionar variedade na acção, mas não podem tornar-se demasiado assimétricas. Felizmente que estes perks são doseados e baseados na evolução ao longo do jogo. Alguns são temporários outros são apanhados em jogo. A desvantagem é, assim, controlada. Terão de escolher uma das classes ou Especialistas antes de arrancar a vossa carreira online e também esses possuem habilidades especiais e até armas específicas, como a Outrider e o seu arco com flechas explosivas.

A verdadeira variedade na jogabilidade online, porém, surge do Parkour e das habilidades criadas com os “Thruster Packs”. Estes aumentam o salto e até permitem um curto voo, proporcionando momentos épicos de uma corrida pela parede, um curto voo e uma queda com toda a força em cima de um adversário incauto. Em comparação com o rival Titanfall, este jogo não se foca em Mechs gigantes, pelo que vão usar muito mais estas habilidades no terreno do que no jogo da Respawn. Para dizer a verdade, é mesmo o que mais gostava nesse jogo, pelo que me sinto assim em casa. Já agora, os mapas são mais verticais do que o que é normal na série, com muitos pontos para escalar, convidando a movimentos mais acrobáticos.

Um destaque especial para a personalização que até já falei no modo carreira. Também aqui podemos personalizar cada arma que tenhamos no inventário com extras (miras, punhos, etc), mas também visualmente com pinturas e design próprios. A personalização vai mais além com o design de figuras e formas até 64 camadas. Dando largas à imaginação, podemos criar uma arma única e até com um logótipo exclusivo criado por nós.

Veredicto

O 12º capítulo de Call of Duty pode recomendar-se. E não só ao fã (que vai acabar por comprar todos os títulos, mesmo), mas também a quem gosta de um bom jogo com muita oferta. A longevidade dos três modos principais, Carreira ou Zombies Cooperativos e Multi-jogador Competitivo, tornam este título num excelente pacote, com imensa variedade e muitas horas de jogo garantido. A campanha possui um enredo estranho e alucinante, mas não deixa de proporcionar bons momentos. Não é visualmente perfeita com algumas questões técnicas e problemas crónicos. Há momentos em que vão achar que têm em mãos um pouco de Deus Ex, misturado com um pouco de Killzone e Titanfall. Mas é um Call of Duty com diversão garantida em três formas de jogar tão distintas. Os Zombies e Multi-jogador são o real ponto forte deste jogo. Em três frentes, Call of Duty Black Ops III vai ocupar-vos muito tempo, com a qualidade esperada da série.

  • ProdutoraTreyarch
  • EditoraActivision
  • Lançamento5 de Novembro 2015
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Enredo algo confuso e desconsertante
  • Alguns problemas gráficos
  • Banda sonora e sons das armas
  • Falta da campanha nas geração anterior de consolas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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