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Análise: Bloodborne

“Penso que os despistei! Mal me viram, começaram a correr atrás de mim e penso que não queriam apenas falar comigo. O som que eles fazem quando lhes acerto com o meu machado não… não é humano. Eu sou um caçador, vim a Yharnam em busca de uma cura milagrosa mas depressa me deparo com um cenário macabro. Uma grave doença assola esta cidade, em tempos próspera. Os que não estão loucos, foram transformados em bestas horrendas. O que é que se passa em Yharnam? Bolas, no meio da confusão acabei por me perder. Onde é que eu vim parar, a cada passo, parece que as ruas ficam mais escuras. Não posso perder mais tempo, preciso de retomar a minha busca. Há uma cura milagrosa em Yharnam e eu preciso dela.

Rapidamente atravesso vários becos. Esquerda, depois direita e direita, mais uma vez. Não consigo desperceber a sensação de estar a ser observado. Como se, em vez de ser o caçador… eu fosse a presa. Desenganem-se. O meu corpo é uma arma, pronta a aniquilar qualquer ameaça. Anos de treino fizeram de mim o que sou hoje. Preparem-se, porque eu… Sangue? Mas com…” 

Sejam bem-vindos a Bloodborne! A FromSoftware, responsável por uma das séries mais desafiantes de que há memória, está de volta (e de que maneira) para a nova geração. Com este jogo, vamos contar com o regresso de Hidetaka Miyazaki ao papel de realizador e, tal como o implacável Demon’s Souls, em exclusivo para a Sony. À nossa espera está um título que, à primeira vista, muito se assemelha aos seus irmãos que compõem a série Souls. Contudo, Bloodborne chega até nós munido de pequenas nuances que lhe conferem uma identidade muito própria.

Assumindo o papel de um caçador, chegamos à cidade de Yharnam em busca da cura milagrosa que, segundo dizem, nela se encontra. Só que depressa nos apercebemos que algo de muito, mas mesmo muito, errado se está a passar. Uma perigosa doença paira sobre a cidade e os seus habitantes estão agora, ou loucos, ou transformados em horríveis criaturas, dignas dos nossos piores pesadelos. Se quisermos alcançar o nosso objectivo, vamos ter de sobreviver às ruas de Yharnam e aos perigos que nelas se encontram.

Percorrer os vários cenários de Bloodborne é uma experiência arrebatadora. Fortemente inspirados nos estilos Gótico e Vitoriano, desde a maior das torres à mais pequena porta, todos os cenários são riquíssimos em detalhe. Num misto de Fantástico e Terror, há sempre espaço para o mistério, o perigo que espreita a cada esquina ou a cada passo que damos e, claro, para a acção. Fugindo completamente ao género medieval, a FromSoftware traz até nós uma atmosfera arrepiante, capaz de fazer inveja ao mais assustador dos Survival Horrors.

Escusado será dizer o que Bloodborne representa em termos de dificuldade. Este é afinal de contas um título da FromSoftware. Mas, desenganem-se se esperam a mesma jogabilidade que encontram em Demon’s ou Dark Souls. Desta vez, o percorrer dos cenários não será feito com o L1 constantemente premido colocando o nosso escudo em riste à espera do primeiro embate inesperado. Esqueçam os escudos, quer dizer… Há escudos, mas servem mais para gozar com a nossa cara pela sua inutilidade.

Não! Se quisermos sobreviver, a melhor defesa é o ataque. Com uma capacidade de nos podermos desviar dos ataques inimigos bem mais refinada, os combates são rápidos e muito mais intensos, na medida em que, agora, estamos sempre expostos. Se sofrermos um golpe, há uma pequena margem de tempo que nos permite recuperar pontos de vida com os nossos ataques. Quanto às armas que vamos empunhar, à primeira vista, parecem poucas ou pelo menos parecem ser de um leque menor, quando comparadas com as dos restantes títulos da From Software. No entanto, cada uma das armas que podem empunhar na mão direita, pode transformar-se noutra, bastando para isso premir o L1. Desta forma, apesar de parecer limitado, lembrem-se que cada arma oferece duas maneiras de jogar Bloodborne, pelo que a variedade não fica, de todo, comprometida.

Já a mão esquerda ficará encarregue de empunhar Pistolas ou Bacamartes, por exemplo. Com elas, chega um novo sistema de Parry. Lembram-se, na série Souls, do que acontecia com o premir do L2 na altura certa? Quando calculado com o ataque do vosso oponente, este ficava vulnerável a um contra-ataque. Aqui acontece o mesmo. Um tiro no momento certo vai, muitas vezes, fazer uma enorme diferença.

O sistema de progressão da nossa personagem não podia deixar de estar presente. Como tal, vamos fazer level up atribuindo pontos onde, para nós, for mais conveniente. Vamos adquirir novas armaduras, vamos ter runas para equipar e nas nossas armas vamos poder acrescentar bloodgems que lhes conferem alguns bónus adicionais.

Lutar em Bloodborne é aliciante. Vamos morrer, muito. Fui cuspido, esfaqueado, empalado, espetado, regurgitado, ensacado e levado para um manicómio… Mas, nem por um momento, achei o jogo injusto. Implacável, sim, mas nunca injusto. O mínimo erro pode e custará certamente a nossa vida. Pior ainda, se morrermos largamos os nossos Blood Echoes, a moeda do jogo. Quando voltarmos ao sítio onde as perdemos, pode dar-se o caso de terem sido recuperados por uma das criaturas que nos matou. Se a matarmos recuperamos os nossos Blood Echoes. Transformando-se em lições, é gratificante ver os nossos erros a serem convertidos em experiência que nos levará a viver momentos aliciantes, em confrontos com criaturas, algumas delas comparáveis a bosses, ao som da música dos nossos passos (ora calmos, ora apressados), dos nossos tiros e das nossas investidas. É especialmente interessante verificar que, a dada altura, percorremos áreas numa questão de minutos, quando até há bem pouco tempo demorávamos horas para o fazer.

Mas, claro que a experiência não podia ficar completa sem as tão aclamadas Boss Fights, o exponente máximo de todo o desafio que os títulos da From Software têm para oferecer. Todas elas são bem diferentes umas das outras e assentam que nem uma luva em toda a atmosfera gótica e vitoriana que podemos encontrar em Yharnam. Se a isso acrescentarmos a fantástica banda sonora que nos acompanha e que se intensifica de início ao fim, preparem-se para confrontos memoráveis.

Acrescentando a tudo isto e para aumentar mais a longevidade deste título além do New Game +, chegam as Chalice Dungeons. Muito ao género dos rifts que encontramos em Diablo 3, estas são dungeons criadas aleatoriamente onde teremos várias criaturas para matar, tesouros para descobrir e claro, bosses para derrotar. A sua extensão e o que nelas se encontra varia, pelo que nenhuma é igual a outra. Chegam em duas versões, a normal e a de natureza procedimental. Ambas podem ser jogadas tanto online como offline mas aqui só se já tiverem iniciado a vossa sessão pelo menos uma vez para que o respectivo Download tenha sido efectuado. Esta componente pode também ser alvo de partilha! Gostaram da última Chalice Dungeon que completaram? Foi extremamente difícil e querem partilhar o desafio com a comunidade? Então façam-no porque as Chalice Dungeons podem ser partilhadas. Claro que, consequentemente, podem também fazer Download das de outros jogadores. Sozinhos ou acompanhados, o facto é que a repetição promete não constar no vocabulário de Bloodborne.

A FromSoftware não se esqueceu também dos jogadores mais competitivos e por isso fiquem descansados que o PVP está ainda presente. Estes encontros serão, na sua maioria, provocados pelos convidados e não pelo hospedeiro. Podemos sofrer invasões de um máximo de 2 jogadores em simultâneo e só poderão ocorrer em áreas onde esteja presente uma mulher com um sino. Ela aparece quando um potencial hospedeiro invoca uma mulher com um sino tocando o “Sinister Resonant Bell” ou quando inicia uma sessão com outros aliados. Aqueles que tocarem o sino, com o intuito de invadir o mundo de outro jogador, terão à sua espera uma recompensa caso o consigam derrotar. Caso falhem a vossa invasão, o vosso alvo consiga escapar e derrotar o boss da área, ou caso sejam forçados a voltar para o vosso mundo, não ganham recompensa alguma.

Tal como já acontecia nos títulos anteriores da FromSoftware, será também possível deixar mensagens que podem ser lidas por outros jogadores. Como sempre, estas surgem na forma de dicas, armadilhas e até piadas, podem ser avaliadas por nós e, caso consigam uma boa votação, têm uma maior duração e serão vistas por um ainda maior número de jogadores. De regresso, também está a possibilidade de ver como ocorreu a morte de outros jogadores, só que, agora, em vez de Bloodstains (manchas de sangue) vamos encontrar túmulos em que vemos também os vultos de outros jogadores. Estes vultos representam uma breve transmissão quase em directo de outros jogadores que estejam a atravessar a mesma área que vocês.

Veredicto

Bloodborne chega e de que maneira à Playstation 4. Uma experiência arrebatadora e, para mim, o melhor título da FromSoftware. Se já são fãs da série Souls, este é um título que é muito fácil de recomendar. E o mesmo digo para os que gostam de um bom jogo. A dificuldade pode afastar grande parte dos jogadores mas acreditem que assim que lhe derem a oportunidade, Bloodborne vai absorver, sem piedade, as vossas horas de jogo e vocês não se vão importar. Depois do que aconteceu com o The Order: 1886, a Sony volta a ter motivos para se vangloriar com a chegada deste “enorme” exclusivo.

  • ProdutoraFromSoftware
  • EditoraSCE Japan Studio
  • Lançamento25 de Março 2015
  • PlataformasPS4
  • GéneroAcção, Aventura, Role Playing Game
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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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