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Análise: Betrayer (PC)

Betrayer é um FPS que te leva ao mundo das colónias do Novo Mundo, nos primeiros anos do século XVII. Esta é a análise WASD a um indie onde nada é como seria de esperar.

Este jogo independente foi desenvolvido pela Blackpowder Games que, por sua vez, é composta por antigos membros de uma das companhias que marcou a minha adolescência: a Monolith. Para aqueles que desconhecem o nome, a Monolith foi responsável por jogos como F.E.A.R. (2005) ou Alien versus Predator 2 (2001). Contudo, os jogos que me marcaram da autoria daquela companhia foram mesmo Blood (1997) e Shogo: Mobile Armor Division (1998). Embora Betrayer nada tenha a ver com estes dois clássicos, a presença de membros daquela equipa não deixou de despertar a minha curiosidade.


Começamos este jogo a preto e branco como um náufrago na costa da Virginia para, depois de entrarmos mais para dentro no mapa, encontrar uma colónia virada do avesso e assolada por conquistadores espanhóis que patrulham todo o mapa. Contra eles apenas dispomos de um machado tomahawk, um arco e flecha, um mosquete e um bacamarte. As duas últimas com um enorme tempo de reload característico destas armas do século XVII. Por isso, na maior parte das situações, Betrayer beneficia um jogo mais baseado nos ataques furtivos, com recurso ao cenário e ao vento para mascarar os nossos movimentos.

A partir daí o mundo de Betrayer abre-se e somos obrigados a partir à descoberta de pistas acerca do que aconteceu em Fort Henry, outrora repleto de colonos ingleses e que agora se encontra completamente despojado de toda a vida humana. Betrayer deixa-te sempre no limite do desconhecido, não te dá missões e muitas vezes és obrigado a vaguear para descobrires a próxima pista que te ajuda a desvendar cada um dos mistérios desta colónia fantasma. Como nossos únicos aliados nesta realidade tenebrosa, temos de confiar nos nossos ouvidos e nos sons que nos direccionam para cada uma das pistas para o que realmente se passa nesta colónia. Por isso, o ideal é mesmo jogar Betrayer de headphones colocados para não deixar escapar pitada.

Como em Dark Souls, de cada vez que perdemos, regressamos ao forte para depois ter de percorrer o caminho até ao local da nossa morte para recuperarmos tudo aquilo que tínhamos apanhado. Caso percamos novamente sem chegar até aos nossos itens, podem esquecer o que tinham angariado porque perdem-no para sempre. E como se não chegasse a realidade assustadora repleta de soldados espanhóis que nos tentam matar, existe ainda a possibilidade de entrar numa nova dimensão através do badalar do sino em Fort Henry (e nos consecutivos fortes que formos encontrando). Aqui conseguimos ver os espíritos que deambulam neste mundo colonial e os conquistadores espanhóis são substituídos por esqueletos com tanta ou mais vontade de nos matar.

O indie da Blackpowder é muito original e traz uma lufada de ar fresco ao género de terror na primeira pessoa. O universo a preto e branco, onde só o vermelho existe como cor, é muito peculiar e deixa-nos sempre com os nervos em franja. Na busca de perceber qual é o nosso papel nesta colónia, acabamos a ajudar vários espíritos errantes que por ali deambulam. Quando completamos aquilo que nos pedem, raramente encontramos o que esperávamos. O inesperado de cada um dos mistérios é mais um excelente ponto positivo deste indie.

A atmosfera que Betrayer cria é genial, aterradora e muito bem conseguida. Para isso contribui em muito o departamento visual deste indie que sobrevive num sinistro mundo colonial do século XVII praticamente sem mácula. A natureza movimenta-se ao sabor do vento de uma forma que me deixou completamente perplexo. Os detalhes são fantásticos e, mesmo que o preto e branco com realce dos vermelhos não seja ao gosto de todos, o pessoal da Blackpowder deixa em aberto a hipótese de podermos disfrutar Betrayer num mundo a cores através da alteração dos níveis de cores no menu de opções.

Contudo, é no combate que Betrayer mostra algumas fraquezas com inimigos não muito inteligentes, embora vermo-nos livres deles seja sempre um desafio, estes limitam-se a caminhar para a frente e para trás nas suas rondas facilitando a emboscada. No entanto, se nos vêem antes do nosso ataque furtivo, vão-nos perseguir até ao infinito ou até que um de nós morra. Acreditem, se somos apanhados por eles no combate corpo a corpo, o mais certo é que sejamos mesmo nós a perder.

Veredicto

Betrayer envolve-nos com a sua atmosfera sinistra e gráficos impressionantes enquanto nos coloca dúvidas atrás de dúvidas neste misterioso universo colonial. A incerteza alimenta-nos através das várias horas de jogo deste indie que está disponível no Steam ao excelente preço de 19.99€. Não existem desculpas para não experimentar este que será, com toda a certeza, um dos melhores indies a chegar ao PC no primeiro trimestre de 2014.

  • ProdutoraBlackpowder Games
  • EditoraBlackpowder Games
  • Lançamento24 de Março 2014
  • PlataformasPC
  • GéneroAcção, Aventura, FPS
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

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Não Gostámos
  • Inteligência artificial dos inimigos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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