Battletech (10)

Análise – Battletech

Num futuro longínquo, a Terra é só uma página da história da Humanidade. A colonização espacial é uma realidade. Contudo, com ela vem também a guerra. E não é uma guerra qualquer. Battletech leva-nos de volta aos combates com mechs gigantes.

A premissa de Battletech é impressionante. Conta com o ambiente fantástico de Battletech/MechWarrior criado por Jordan Weisman e ainda com a mestria dos jogos de estratégia em tempo real da produtora Harebrained Schemes, responsável pela série de sucesso Shadowrun. A receita para o sucesso é óbvia. Contudo, a minha abordagem a este jogo foi algo tardia devido a um pequeno lapso de emails. Quase três meses depois, a insistência da produtora deu resultado. Descobri um jogo que me despertou bastante interesse, não só por causa da premissa que já mencionei, mas também porque é sempre um prazer regressar ao universo MechWarrior. Mesmo que o próximo shooter ainda demore, venha este RTS com óptimo aspecto.

No ano de 3025, a humanidade colonizadora é dominada por famílias influentes. Apanhado no meio destes conflitos, assumimos o papel de um soldado que, com o seu BattleMech, vê-se mergulhado numa autêntica guerra civil. Numa missão de rotina, tudo corre mal e acabamos com o mech destruído e o nosso mentor desaparecido. Felizmente, somos salvos por um bando de mercenários que nos dão a opção de fugir do conflito com eles. A decisão é quase inevitável, juntamo-nos aos mercenários e fugimos desta insana guerra. Eventualmente, acabamos a liderar este grupo improvável. Contudo, a escala do conflito torna-se quase global e os mercenários são obrigados a pegar também nas armas.

A história do jogo pode parecer simples, mas acaba por ser francamente ramificada e cheia de pormenores. Isto porque há imensos elementos RPG e muitos pedaços de história e diálogos bem escritos para assimilar. Alguns desenlaces dependem das escolhas que fazemos e podem criar reverberações algo profundas na narrativa. Muitos desses desenlaces são-nos contados através de cenas intermédias, com uma arte francamente elaborada, desenhada à mão e com animações simples. Notem, porém, que esta história serve apenas de contexto entre missões e não nos dá uma acção propriamente virada para a narrativa. O que seria de esperar num jogo de estratégia em tempo real.

 

Na verdade, há dois tipos de jogabilidade presentes em Battletech. Temos a gestão do grupo de mercenários, o que envolve uma estratégia de gestão financeira e de recursos. Quando estamos no terreno, temos então a tal estratégia mais directa ao assunto. A gestão do grupo não é algo assim tão complexa e serve, na maioria dos casos, para nos ocupar entre missões. Vamos perder algum tempo a gerir questões de manutenção, a melhorar equipamentos e a personalizar mechs e naves. A escolha de quais as missões que deveremos fazer também é nossa, gerindo o valor do prémio, versus os custos de manutenção. Na verdade, é em combate que passaremos maior parte do tempo.

Conforme já deu para perceber, este é um jogo de combate indirecto com Mechs guiados e comandados estrategicamente e de forma não-linear. Significa, portanto, que não estaremos mesmo aos comandos de um destes gigantes. O que é sempre triste de constatar, eu sei. Mesmo assim, a forma como controlamos os robots em movimentos e ataques limitados e por turnos, dá-nos alguma acção pelo meio. Não é um shooter, obviamente e, muitas vezes, sentimos falta de assumir o controlo do robot gigante pelas nossas próprias mãos. Para quem não sabe, esta série começou por ser mesmo um jogo de tabuleiro com jogadas à vez. Assim sendo, esta será a representação mais fiel das suas origens.

É provável que percam algum tempo ao início a perceber a lógica das opções de cada turno. Temos pontos de movimento e de ataque limitados por cada unidade que controlamos. Alguns movimentos consomem não só pontos de turno, mas também energia e calor gerado por armas e equipamento, o que obriga a uma gestão cuidada. Também o terreno pode exercer um elemento táctico importante, obrigando-nos a movimentar para proteger ou para obter um ponto alto para maior visibilidade, por exemplo. E também existe uma interessante mecânica de alvejar partes concretas do inimigo. Se lhe arrancarmos as armas, por exemplo, não terá outra hipótese senão optar pelo vulnerável ataque próximo.

Diria que a curva de aprendizagem no que toca ao combate é acentuada. Notei que a inteligência artificial faz com que os inimigos se foquem numa nossa unidade de cada vez. Preferencialmente, a mais isolada ou mais fraca. Isto pode criar situações algo injustas em que rapidamente perdemos unidades em catadupa, ficando com poucas opções de cobertura ou de avanço no terreno. Também é importante que escolham bem as armas, por causa da sua efectividade e alcance. Dei por mim a preferir tiros mais longínquos que beneficiam mais os mísseis. Ora, se só tinha canhões, o resultado desta estratégia foi obviamente frustrante.

A nível de oferta, tudo o que já falei em termos de interacção vão explorar na campanha a solo incluída. Gostei particularmente do início desta campanha, onde podemos escolher uma série de elementos de personalização, não só da nossa personagem em si, mas também do seu passado e envolvência com as famílias colonizadoras. Cria uma imersão muito interessante e faz sentir que a nossa história é singular. Também gostei do modo Skirmish que nos leva a uma série de combate sem contexto contra a inteligência artificial. Como não podia faltar, podem testar a vossa mestria táctica online em combates PvP contra amigos ou desconhecidos. Pena que não seja possível fazer a campanha em modo cooperativo.

A nível de performance, infelizmente, as coisas nem sempre correram bem. Já houve tempo, quase três meses, para a Harebrained abordar a maioria das questões mais graves. Contudo, algumas dessas questões parecem persistir. Há uma clara perda de performance em algumas fases do jogo que até estou disposto a ignorar. Há tantas coisas a acontecer no ecrã que é bem possível isto acontecer, mesmo que tivesse baixado as opções visuaissem grandes diferenças. O pior, no entanto, foram os constantes crashes. Ao ler os fóruns de suporte, notei que freezes e crashes são mesmo frequentes e algo aleatórios. Isto não prejudica o jogo em si, é certo, mas prejudica a qualidade do produto. Ainda por cima num jogo com loadings algo extensos. Enfim.

Veredicto

Como jogo de estratégia em tempo real, baseado no fantástico universo de MechWarrior, Battletech é um regalo para os fãs de longa data. Será o mais próximo que terão do lendário jogo de tabuleiro que deu origem à série. Em termos de oferta, dá-nos tudo o que é preciso, inclusive numa campanha rica em detalhes e com muita envolvência. O combate é complexo, desafiante e cheio de detalhes para explorar. Infelizmente, tem ainda uns problemas de estabilidade que podem estragar a boa experiência que pode ser. Mas, não invalida de ser um dos melhores RTS de acção actualmente disponíveis. Só é preciso mais um pouco de polimento no nosso BattleMech.

  • ProdutoraHarebrained Schemes
  • EditoraParadox Interactive
  • Lançamento24 de Abril 2018
  • PlataformasMac, PC
  • Género
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Alguns problemas de performance
  • Crashes aleatórios

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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