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Análise: Battleborn

O novo Battleborn tem um enorme peso nos seus ombros. O legado de outro grande jogo da mesma produtora Gearbox Software, Borderlands, faz-se sentir neste novo título de acção. E pode dizer-se que, até certo ponto, a sua influencia é notória.

Diria que Battleborn é uma espécie de Borderlands simplificado. É como se a produção decidisse remover toda aquela “chatice” dos RPGs e dos loots complexos e nos oferecesse a pura acção simples e visceral da série, mantendo todo o humor latente. Claro que não podia simplesmente fazer isso com a amada série que até vai ter um terceiro capítulo em breve. Ao invés, criou todo uma nova história com personagens e eventos distintos, deu-lhe uma personalidade única e só emprestou algumas poucas porções da fórmula de sucesso de Borderlands. O resultado é um jogo incrivelmente viciante.

O enredo do jogo, embora brilhantemente contado como numa série de banda-desenhada ao estilo Manga, é algo acessório. Temos (só) de impedir que a última estrela Solus se desintegre numa galáxia distante. Há cinco facções que antes batalhavam entre si, mas que juntaram forças na luta pela derradeira estrela, os Peace Keepers, os Rogues, o Last Light Consortium, os Eldrid e o Jannerit Empire. Nós fazemos parte deste grupo, podendo encarnar qualquer um dos seus soldados. No tutorial apercebemo-nos que esta aliança é muito trémula e depende de uma traidora que não sabemos muito bem se podemos confiar.

Na verdade, o enredo é muito curto e sucinto, dividindo-se em apenas oito episódios, contados em cenas intermédias. As cenas introdutórias e de conclusão serão as mais esclarecedoras do enredo, contadas no tal estilo Manga que já mencionei. De resto, durante os oito episódios são só meras animações do planeta para onde vamos lutar com narração das personagens. De facto, é mesmo o excelente elenco de vozes que tornam estas cenas menos aborrecidas, uma vez que também servem como ecrã de carregamento e não podemos saltá-las.

Este é um jogo de acção na primeira pessoa, com tiroteios de arcada em que pontos de dano saltam das personagens. E é aqui que sentimos as primeiras influências de Borderlands. Também temos um escudo de energia, também apanhamos shards (divisa do jogo) e power-ups em cofres avulsos, também temos habilidades com cooldown e outras mecânicas que vos vão ser bastante familiares. Diria que se gostavam e dominavam Borderlands vão estar perfeitamente em casa. Até mesmo na forma como podem jogar as missões.

E leram bem lá em cima. Ao contrário das imensas missões de largas horas de Borderlands, Battleborn só tem mesmo oito missões disponíveis. Podem repeti-las em vários níveis de dificuldade, incluindo num visceral modo hardcore com fogo amigo activado, mas não há alteração no seu desenlace. Até porque vão querer evoluir cada uma das personagens, desbloquear mais informações sobre o seu passado com algumas tarefas especiais, além de obter mais e melhor equipamento como prémio por cada missão bem sucedida. Se quiserem correr todo o jogo a solo, não deverão demorar mais que umas 10 horas para o fazer na dificuldade normal.

Só que existem duas formas de jogar Battleborn: a solo (meh!) ou com companheiros de equipa (yey!). Este novo MOBA tem uma forte componente cooperativa com sessões para até cinco jogadores poderem lutar ombro-a-ombro, cada um com uma das dezenas de personagens disponíveis. Ao jogarmos de forma cooperativa partilhamos quase tudo o que é cofres de loot e multiplicadores de pontuação. Apenas os power-ups são individuais. E há mesmos missões específicas (as de escolta sobretudo) que vão passar um mau bocado se tentarem jogar sozinhos. Façam um novo lobby com amigos ou juntem-se a estranhos no Matchmaking, vão por mim.

E convém escolher bem as personagens para cada sessão. Como todos os outros MOBAS há personagens específicas para combate, cura, defesa, etc. A equipa tem de estar equilibrada, sobretudo nos modos mais difíceis. Há personagens que preferem combate mais próximo, outras que preferem combate à distância, como o meu preferido Oscar Mike que mais parece um Cylon de Battlestar Gallactica que bebeu muitos cafés. Cada uma das personagens evolui por pontos angariados e missões passadas. Também durante a própria sessão temos 10 níveis de evolução temporária para atingir e garantir que temos todo o arsenal disponível para os bosses. E ainda temos conjuntos de três itens de loot pré-definidos que podemos activar para nos dar outras vantagens temporárias.

Neste modo cooperativo PvE, basicamente teremos missões de defesas de pontos com várias vagas de inimigos cada vez mais difíceis, missões de escolta em que temos de dividir funções de ataque e defesa e, claro, batalhas gigantescas com Bosses que possuem diversas fases. Confesso que achei que o jogo precisa de um maior equilíbrio em algumas fases, com algumas armas algo ineficazes com adversários mais fortes ou nos aliados demasiado frágeis nas missões de escolta. Até porque uma falha na defesa de um objectivo pode resultar numa frustrante derrota em que teremos de reiniciar todo o mapa.

O jogo possui checkpoints activáveis apenas para quando morremos e gastamos uma das escassas vidas partilhadas entre todos na equipa (começamos com 5 totais mas vamos apanhando mais no mapa). Como já disse, se o objecto de defesa for destruído a missão falha e perdemos todo o progresso e os multiplicadores da missão (mas não os pontos de experiência ganhos, felizmente). Podia haver ali uns checkpoints que nos permitissem reiniciar a evolução ou o combate. Não há… game over!

Mas a mais injusta de todas as situações é mesmo o temporizador de cada sessão. Os servidores dão-nos um limite de tempo para completar a missão. Não há um cronómetro presente no ecrã (está no menu), mas se demorarem muito aparece uma contagem decrescente e serão expulsos da sessão, novamente perdendo o progresso. Algo desnecessário, diria. Até porque na dificuldade mais elevada, os bosses são terríveis.

Se o modo PvE não vos agradar, há um simpático modo Versus que, basicamente, funciona com uma arena PvP para colocar jogadores contra jogadores. Existem três modos de jogo com Incursion, em que temos de destruir o robot inimigo, Capture, um modo de captura e controlo de zonas e Meltdown, um modo de escolta para fazer chegar um robot a uma zona pontuável. Em qualquer uma destas missões os recursos são partilhados entre as duas equipas e convém angariar a maioria de modo a usá-los para activar torres de defesa e ataque, ou o inimigo fará isso mesmo.

Infelizmente, o tempo de respawn caso morramos e não somos recuperados pelos companheiros de equipa é demasiado moroso (até 20 segundos), o que no caso de um desaire nos impede de ajudarmos no combate. Basta um companheiro cair e vai colocar todos os demais jogadores da equipa em maus lençóis com menos uma frente de ataque ou defesa. Talvez aqui a ideia fosse tornar o modo PvP mais próximo do modo PvE em que os tempos são iguais, mas parece mais uma má opção de balanceamento.

E já agora, também é possível jogar os três modos PvP a solo usando Bots para simular os demais jogadores… mas porque é que haveriam de fazer isso?

A embrulhar toda esta jogabilidade está um jogo com um design muito interessante. Sim, já sabem que tem algumas cenas intermédias em jeito de desenho animado, mas ainda não falei no grafismo geral dos diversos níveis e personagens. Todos os planetas que visitamos são únicos com mapas em cavernas, fábricas, naves ou cidades futuristas. Tudo com um design próprio que nos faz lembrar a arte de Borderlands (menos a técnica de cell-shading). Mas as personagens são igualmente caricaturadas e exageradas, bem ao estilo que a Gearbox nos habituou. Já para não falar nas animações cómicas e francamente exageradas.

E para além do já mencionado voice cast do jogo, cheio de humor e com performances ricas e diálogos de nos fazer sorrir, temos de assinalar todas uma sonoridade competente. Além uma banda sonora interessante, com especial destaque para o tema original “Contact” da banda de hip hop alternativo Deltron 3030, os efeitos sonoros das armas e poderes em jogo são mais um ponto a favor de uma equipa habituada a estas lides de armas exóticas e explosões avulsas.

Veredicto

Com a concorrência em força para jogos de acção online, a Gearbox aventurou-se num jogo muito inspirado em Borderlands. Com imensas mecânicas semelhantes e diversas fórmulas que parecem extraídas directamente, até mesmo os menus de jogo nos fazem lembrar esse outro grande título. Mas não pensem que é mais um clone ou reedição. Battleborn tem um ADN muito próprio como um MOBA divertido e viciante. Pode ser curto para que o jogar sozinho, mas este não é um jogo para jogar a solo. Deve ser jogado com amigos (ou inimigos) e é indicado, sobretudo, para os que querem um bom desafio online.

  • ProdutoraGearbox Software
  • Editora2K Games
  • Lançamento3 de Maio 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Cenas intermédias não podem ser saltadas
  • Precisa de algum balanceamento
  • Servidores temporizados

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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