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Análise – Baldur’s Gate Enhanced Edition

Baldur’s Gate: Enhanced Edition, traz de volta o lendário título da BioWare que ajudou a definir o género RPG como o conhecemos hoje. Esta versão foi lançada em 2012 para PC, para dispositivos móveis em 2014 e agora está finalmente disponível também nas consolas.

Para muitos, 1998 foi marcado pelo Mundial de futebol em França. Para outros, foi o nascimento da gigante Google. Ainda para outros, os amantes de um certo género de videojogos, este ano foi marcado pelo lançamento de Baldur’s Gate, um dos títulos mais famosos de sempre, não só dentro seu género, mas também na história dos videojogos em geral. Apesar de ser um clássico com duas décadas, não é por acaso que ainda hoje é considerado um dos melhores RPGs alguma vez criados. Na altura, a produtora BioWare estava a dar os seus primeiros passos e ainda veio a criar grandes séries, todas elas de sucesso desde Neverwinter Nights até a Star Wars: Knights of the Old Republic, sem esquecendo os mais recentes Mass Efect e Dragon Age. Mesmo assim, com tanta competição, dentro e fora do estúdio, o mito de Baldur’s Gate nunca caiu no esquecimento.

A grande evidência desse sucesso, está na enorme comunidade de entusiastas que ainda hoje discutem os eventos e desenlaces do jogo em fóruns especializados. Já para não falar de inúmeros mods não oficiais que ainda a sustém. Uma paixão que não passou despercebida à produtora Beamdog, que ficou encarregue destas novas versões Enhanced. Curiosamente, a equipa é composta por veteranos da BioWare que decidiram iniciar um facelift à sua obra-prima. O objectivo era criar um remake que se mantivesse fiel ao original, adicionando ao mesmo tempo novidades que pudessem justificar uma nova despesa, tanto para veteranos como para os curiosos.

Escusado será dizer que o anúncio desta versão levou os fãs ao rubro, sem se importarem com a idade do jogo. Agora, essa mesma versão, está disponível para as consolas PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch, sendo esta última a versão que vamos analisar. Claro que os tempos são outros, não é só o hardware que está aqui em causa. Décadas separam o jogo original das lógicas e mecânicas dos RPGs modernos. Em muitos remakes as produções também tentam rever a jogabilidade e isso nem sempre é positivo. Felizmente, este é também um trabalho de respeito.

Para o benefício daqueles que não sabem o que estamos a falar, nós vamos assumir que eram demasiados novos para conhecer este título. Por isso, antes de entrar em detalhes sobre esta reedição, é importante relembrar o que é afinal Baldur’s Gate. Tendo lugar nas Forgotten Realms de Ed Greenwood, este título reproduz fielmente as mecânicas da segunda edição da mítica série de jogos de mesa, Dungeons and Dragons. Usam a clássica perspectiva isométrica para apresentar este mundo rico em fantasia, sendo o protagonista um órfão que cresceu numa enorme biblioteca-fortaleza, conhecida por Candlekeep.

Este jovem foi criado sob a protecção de um poderoso mago conhecido por Gorion, parecendo ter uma vida destinada aos livros. Contudo, a aventura começa quando Costa Della, um território que serve de pano de fundo para toda história, começa a testemunhar estranhos eventos. E quanto há uma tentativa de assassinato do protagonista em Candlekeep, leva Gorion a exilar-se do misterioso inimigo. No entanto, a fuga não corre como previsto e numa emboscada o mago acaba por perder a sua vida ao salvar o jovem protagonista. Agora, sozinho tem de descobrir a verdade e quem matou o seu pai adoptivo.

O forte da BioWare sempre foi a sua componente narrativa. E isso ficou logo claro nesta sua primeira obra que, mesmo após tantos anos, possui um nível de complexidade de enredo, que é suficiente para fazer frente às histórias de jogos mais modernos. E nas mais de quatrocentas alterações melhorias que a Beamdog afirma ter introduzido para melhorar toda a experiência de jogo, só queria que estas questões ficassem intactas. Felizmente, estes ajustes passam por melhorias de interface e de usabilidade de alguns ecrãs, sem esquecer, claro, o novo tutorial inicial, que dá uma melhor orientação antes de começar a grande aventura. Como já disse, este é um trabalho de respeito.

Umas das alterações que se mais destaca nesta reedição, é a adição de três novas personagens não jogáveis (NPCs). Estas novas adições enriquecem toda a nossa party, com o monge Rassad Yn Bashir, a feiticeira Neerda e o blackguard Dorn Il-Khan, dando mais diversidade que os “tradicionais” Minsc, Jaheira e companhia. Cada uma destas novas personagens estende a longevidade da aventura com áreas totalmente novas em complemento. São adições que não alteram a jogabilidade, pelo contrário expandem-na.

Mas, num jogo que estávamos habituados a controlar com a ajuda do rato, como é que vamos fazer com um comando? Bom, o que a produtora fez foi aplicar dois esquemas de controlo distintos. Por defeito, é possível mover um cursor com o analógico. Um controlo que, para dizer a verdade não é a melhor opção mas cumpre o seu propósito. O segundo esquema de controlo é bem mais interessante. Bloqueia o movimento da personagem ao analógico esquerdo directamente, como se tivessem a controlar um RPG moderno na terceira pessoa, para mim a melhor escolha nas consolas É possível mudar entre os esquemas carregando simplesmente nas setas do D-Pad, já agora.

No entanto, com o segundo esquema perdemos a hipótese de jogar na mecânica point and click, com uma acção padrão em pontos pré-definidos de interacção. Se se aproximarem de um baú, por exemplo, surge um ícone de contexto para o abrir, se se aproximarem de uma fechadura, têm logo a opção de lock pick e por aí em diante. Infelizmente o tutorial inicial não explica nenhum destes esquemas, o que me leva a crer que foram construídos apenas para a versão enhanced nas consolas, sem a devida actualização desse tutorial.

Como é habitual nas nossas análises, antes de concluir temo de falar um pouco da parte técnica. E, também aqui, tenho de afirmar que a produtora quis ser de tal forma fiel ao original que não irão encontrar grandes avanços tecnológicos. Os modelos e as animações por exemplo, são exactamente as mesmas de há 20 anos atrás, com pequenos ajustes óbvios para as resoluções actuais. Apenas os efeitos dos feitiços foram claramente melhorados, o que faz com que as batalhas entre os magos sejam ainda mais espectaculares que no clássico.

A natureza bidimensional do motor Infinity mantém-se inalterada, enquanto que o interface, como referi anteriormente, foi revisto para se adaptar às resoluções mais altas e a amplitudes maiores de ecrã (widescreen). As cenas intermédias originais, francamente arcaicas, foram substituídas por ilustrações num estilo banda desenhada, o que poderá não agradar aos veteranos, não só pela perda das cenas originais, mas também porque conferem uma obscuridade adicional à arte do jogo.

Veredicto

Depois de tudo o que disse de positivo sobre Baldur’s Gate: Enhanced Edition é difícil concluir esta análise sem recomendar este grande clássico recuperado no tempo. A escolha da produtora recriar este clássico com melhorias e muito respeito pelo original é de louvar. É certo que o grafismo pode desencorajar quem ainda não conheça esta aventura, mas não vos deve demover de visitar um dos melhores RPGs de sempre. Baldur’s Gate continua a ser a obra-prima que sempre foi e que todos os amantes deste género e das histórias da Bioware deviam ter terminado esta história… pelo menos uma vez.

  • ProdutoraBeamdog
  • EditoraSkybound Games
  • Lançamento15 de Outubro 2019
  • PlataformasAndroid, iOS, Linux, PC, PS4, Switch, Xbox 360
  • GéneroRole Playing Game
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • O grafismo pode desencorajar novos fãs
  • O tutorial esquece os novos esquemas de controlos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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