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Análise – Balan Wonderworld

Esta análise a Balan Wonderworld é uma daquelas que, inevitavelmente, será alvo de discussão. Apesar de termos aqui alguma “pedigree”, uma vez que é dirigido por Yuji Naka, um dos criadores de Sonic the Hedgehog, já começou a dividir a crítica e o público, dando origem a avaliações muito variadas. Como sempre, temos a nossa própria opinião…

Num lado, temos o já mencionado Naka, programador chefe do primeiro título de Sonic e, do outro lado, temos Naoto Ohshima, o artista responsável por dar a imagem que conhecemos ao ouriço azul. Como costuma acontecer nestes casos, todos os conceitos devem ser bem esclarecidos para dar uma ideia precisa do que deu origem esta colaboração entre os dois criadores de Sonic. Esta recente colaboração é um título de inspiração artística, caracterizado por uma banda sonora que nos leva para um mundo maravilhoso de uma forma muito única. Contudo, é quando pegamos no comando para jogar que as primeiras questões surgem. Sem dúvida que não é um jogo para todos os gostos.

Começando pelo ponto que, pelos vistos, reúne em si o maior volume de crítica. A mecânica de jogo de plataformas é bastante antiquada. Tem um questionável equilíbrio de dificuldade que não o beneficia em nada, trazendo mais frustração que desafio. E é claro que o que se nota mais é um grafismo ultrapassado em muitos dos seus aspectos mais básicos. Para juntar a tudo isto, temos ainda um preço de venda que acho demasiado elevado.

A pergunta que faço nesta altura que já joguei este título e já tenho a minha opinião é: Terão Naka e Ohshima desejado criar um jogo de plataforma ao estilo dos clássicos das década de 90, deixando de lado qualquer evolução que tenha existido no género desde então? Melhor dizendo, será este um jogo propositadamente criado como um título retro, ignorando as “modernices”? Se for esse o caso, então o jogo poderá estar no caminho certo. É aqui que provavelmente iremos dividir muitas opiniões. Mas, farei o meu melhor para explicar o que quero dizer.Conforme manda a tradição de títulos da Square Enix, a história de Balan Wonderworld é contada através de cenas intermédias muito bem dirigidas que nos colocam na pele de Leo ou Emma. No auge do desespero, involuntariamente acabam a cruzar os seus caminhos num estranho teatro que surgiu do nada. É neste misterioso teatro que conhecemos o mestre Balan, que imediatamente entende qual é o problema das personagens e decide ajudar cada uma. Para isso, através de umas portas especiais, envia-nos para uma espécie de pequeno planeta habitado por simpáticos bichinhos chamados de Tim.

Neste planeta, embelezado com cores vivas, temos doze mundos diferentes, cada um ligado a um determinado tema, bem como às pessoas que os criaram. Também estas pessoas foram vítimas de traumas, decepções e situações desagradáveis que os transformaram em verdadeiros monstros. São os seus criadores que temos de derrotar no final de cada mundo, dando à sua história um final feliz pela sua libertação. Para aumentar a dificuldade temos as criaturas sombrias de Lance, uma espécie de gémeo do mal de Balan que, ocasionalmente, traz as suas criaturas para os mundos coloridos. Felizmente, estas não são uma grande ameaça e basta-nos saltar sobre as suas cabeças ou usar as habilidades ofensivas de alguns fatos e… bom, já lá vamos.

Esta visão de Yuji Naka, para o bem e para o mal, é uma aventura dedicada aos que gostam de fazer tudo e completar 100% de cada jogo. Para desbloquear os novos mundos, teremos de coleccionar um número mínimo de estatuetas douradas em forma de Balan. Conseguir a quantidade de estátuas necessárias para continuar a aventura, porém, não é fácil. Por um lado, há sempre quem não esteja habituado a este tipo de mecânica de angariar determinados pré-requisitos para progredir nos próximos níveis. Por outro, a produção não facilitou quase nada.

Na sua maioria, as estatuetas estão escondidas em locais estranhos, como nas ravinas mais remotas dos cenários. De certa forma, lembram-me um pouco as luas de Super Mario Odyssey. Para alcançá-las muitas vezes precisaremos recorrer a certas habilidades que não estão presentes nesses níveis específicos. É certo que este aspecto adiciona mais longevidade, obrigando-nos a voltar aos locais e insistir e encoraja-nos, não só a observar bem os ambientes mas também a compreender quais poderes podem ser úteis e onde. Contudo, também adicionam um pouco de frustração à mistura.

Portanto, já perceberam que os poderes e habilidades de Balan Wonderworld são, provavelmente, um dos elementos mais específicos da jogabilidade. Esta lógica até é bastante interessante. Em vez de darem à nossa personagem uma quantas habilidades extra para serem desbloqueadas gradualmente, os criadores decidiram vincular esses recursos a um conjunto que consiste em oitenta fatos diferentes. Também aqui, se desejarmos, encontramos um pouco de influência vida da série de jogos de Super Mario.

Alguns destes fatos permitem desencadear ataques que também podem destruir blocos de pedra. Outros actuam na área da agilidade, melhorando o salto e fazendo-nos levitar ou planar para cobrir longas distâncias. A escolha é diversificada e já deu para entender que cada um destes fatos é um autêntico modificador da jogabilidade. Não há fatos perfeitos, contudo. Alguns são inadequados para exploração e outros só servem praticamente para combate. Há ainda alguns que considerei completamente inúteis, como seria de esperar com este número tão elevado de escolhas.

Em cada nível podemos equipar três destes fatos, tendo o cuidado de, ao desbloquear novas fatiotas, não substituir aquelas que consideramos mais úteis. Por mais que a ideia seja interessante e por mais que se ligue efectivamente com as necessidades dos que buscam os tais 100%, a sensação no jogo não é brilhante. Achei algumas soluções algo datadas, outras muito limitadas e, acima de tudo, desprovidas de real dificuldade. No entanto, as lutas finais com os bosses são uma excepção. Embora ache que são razoavelmente fáceis, destacam-se pela caracterização e direcção artística bastante mais apurada, conjugando bem com o resto da jogabilidade.

Balan Wonderworld também consegue ser contrastante na realização técnica. O primeiro impacto é de um jogo que adopta soluções muito antiquadas no que diz respeito à modelação algo tosca com muitos polígonos, com uns efeitos visuais igualmente datados. Mas, tudo flui a 60 fps sem qualquer quebra de performance, beneficiando ainda de carregamentos quase instantâneos. A direcção artística muito peculiar também não ajuda, apelando (ou não) ao gosto pessoal de cada um. As cenas intermédias são sempre bem concebidas, assim como as tais lutas com bosses. Mas, depois, não podemos apreciar tudo, porque o antiquado esquema de controlo da câmara é de enlouquecer. Como disse, um contraste.

Veredicto

Balan Wonderworld é um projeto de autor, daqueles raros, uma vez que não existem muitos no panorama actual dos videojogos. Estamos perante um jogo com uma forte orientação artística, dotado de boas ideias, alguns pormenores de qualidade, como uma boa banda sonora, por exemplo. Contudo, quando tentamos elogiar este jogo, vem à memória as muitas limitações em termos de jogabilidade e implementação técnica que o tornam necessariamente um produto de nicho.

  • ProdutoraSquare Enix
  • EditoraBalan Company
  • Lançamento26 de Março 2021
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroPlataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Jogabilidade limitada
  • Grafismo datado

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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