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Análise: Assassin’s Creed Syndicate – DLC “Jack, The Ripper”

O lendário Jack o Estripador está à solta na Londres de Assassin’s Creed Syndicate. Foi uma das histórias mais publicitadas na promoção do jogo e do seu passe de época, tornado-o muito esperado. Com uma Evie Frye mais velha, o DLC “Jack the Ripper” coloca-nos directamente no encalço do famoso criminoso com o mesmo jogo que gostaram e adicionando algumas novidades pelo meio. 

O verdadeiro Jack o Estripador, ou melhor, o que se conhece dos romances e policiais, divide os historiadores. Parte mito, parte facto, parte enredo literário, a identidade de Jack (nome genérico dado ao assassino desconhecido), matou e esventrou cinco prostitutas na zona de Whitechapel em Londres, no ano de 1888. Mais crimes semelhantes antes de depois desta data são associados a Jack, mas apenas os cinco originais são tidos como “canónicos”. Só que investigações recentes apontam que alguns desses crimes pertenceram a um marinheiro Alemão eventualmente apanhado e executado em Nova Iorque em 1896. Pior, a mitológica personagem terá sido inventada por um jornalista chamado Thomas Bulling que forjou uma carta para a Scotland Yard fazendo-se passar por “Jack”. Tudo para obter uma história com impacto para publicar.

(O vídeo acima é tridimensional e interactivo, vejam em ecrã completo)

História à parte, até porque Assassin’s Creed sempre soube reiventá-la, Jack é bem real neste novo DLC para Syndicate. Não vos vou contar exactamente o início do jogo, porque faz parte de um mais importantes desenlaces do enredo. Mas, eis o que precisam saber desta nova história:

Passaram-se 20 anos desde que Evie Frye deixou Londres para seguir o seu companheiro Henry Green numa aventura pela Índia. Aí aprendeu novas técnicas de combate não letal e intimidação com os Assassinos Indianos. No entanto, o seu irmão precisa de ajuda. Com uma mensagem da metrópole de Jacob, Evie descobre que um perigoso homicida em série está à solta pela cidade e é preciso a sua ajuda. Ao chegar a Londres, porém, o inspector  Frederick Abberline informa-a que Jacob está em parte incerta e o criminoso está, ainda, a monte.

Não é por mero acaso que estamos com Evie e não Jacob neste pedaço de enredo. Afinal, Jack O Estripador matou e esventrou mulheres prostitutas. Se jogássemos com Jacob, mesmo alternando como fazemos no jogo principal, não teria certamente o mesmo impacto emocional. Assim, a Ubisoft decidiu que só temos Evie disponível (Jacob está desaparecido) e, a dada altura, alternamos com o próprio Jack O Estripador. Ou seja, vemos os dois lados dos crimes hediondos: a mente do criminoso em acção e os esforços de quem o pretende travar.

A dada altura na história, sobretudo na inspecção das cenas dos crimes, irão ver o conflito entre o dever de uma Assassina e o papel social de uma Mulher. O enredo tem um peso emocional e um desequilíbrio moral assinalável. E não deixa de ter o seu toque femininista na narrativa, na minha opinião escusado, mas já vão perceber.

Emoções à parte, tudo o que gostámos em Assassin’s Creed Syndicate regressa, embora com algumas novidades e uma ligeira alteração na jogabilidade. 20 anos depois, Evie continua a usar o Parkour, o grampo com corda, os punhais de pulso e as pistolas e facas. Porém, graças ao seu treino na Índia, Evie é mais furtiva, partilhando as armas de intimidação com Jack, como as novas bombas que aumentam a ansiedade dos opositores de tal forma que podem mesmo fugir com medo. No entanto, o intuito de Jack é mesmo o de matar com golpes brutais e assustando todos em volta. Evie, por seu lado, é mais passiva e mais concentrada em perseguir o psicopata e acabar com a opressão das prostitutas Londrinas.

E é aqui que penso que o jogo exagera. Na pele de Evie, passamos boa parte da nova carreira a investigar as mensagens ocultas de Jack, mas também a fazer escoltas ou caçar alvos específicos, tal como no jogo original. E há também missões localizadas como desmantelar clubes de combate masculinos, explorar bordéis para salvar prostitutas ou raptar proxenetas para os levar pela cidade para humilhar. Apesar destas novas missões darem um sentido de justiça aos gestos de Evie, não deixa de soar a uma peleja femininista contra a opressão masculina. Mesmo que levada a um contexto que a torna aceitável, exagera um pouco. Ainda bem que alternamos isto com o contraste do demente Jack e não perdemos o foco de o caçar.

Algumas missões falham de forma catastrófica se não usarmos as novas ferramentas furtivas e de intimidação. Por um lado Evie pode ver prostitutas serem mortas se for descoberta, por outro, Jack pode ter dificuldade em lidar com imensos adversários se não os conseguir intimidar completamente. Não é que seja complicado, mas é desafiante e acabamos a matar todos os que se cruzam connosco num festival de facadas. E se a tal questão histórica de Jack o Estripador é posta em causa na vida real, neste jogo a liberdade narrativa da série faz com que Jack mate muito mais que uma série de prostitutas, personificando, na verdade um Assassino… mas com fins mórbidos. Se a acção propriamente dita não bastar para adicionar demência, enquanto na pele de Jack as vozes das vítimas estão distorcidas e no ecrã há frases como “mata toda a gente” ou “não deixes testemunhas”. Simpático…

Antes de terminar, só uma nota técnica. Não há muito a adicionar ao aspecto geral deste DLC usando tanto os modelos como as texturas e efeitos visuais do jogo original. Não notei nenhuma novidade nas próprias animações das personagens ou movimentos, além do que já mencionei de novo na jogabilidade furtiva. Até mesmo as cenas intermédias continuam irrepreensíveis e cinematográficas. No que toca à interacção, Evie está mais madura, mas a sua performance continua impecável. Jack é mais “directo ao assunto” e menos atlético, mas nem por isso oferece grande diferença no combate, algo semelhante ao intempestivo Jacob no jogo base. É mais do mesmo neste campo técnico que, depois de algumas actualizações importantes, nos dá um jogo sólido… mesmo que um pouco mais sombrio.

Veredicto

Se gostam de seguir pistas, investigar crimes e perseguir perigosos assassinos em série, como um policial de fim de tarde, vão adorar o enredo principal do DLC “Jack the Ripper”. A acção mais furtiva diminui consideravelmente o ritmo comparando com o Assassin’s Creed Syndicate original. No entanto, o que gostámos do combate e exploração está de regresso. Mesmo com o tom algo femininista do enredo, não deixa de ser recompensador resolver um mistério com mais de 125 anos, embora o façamos com a costumeira liberdade histórica da série. Vale bem a pena mais algumas horas na companhia de Evie Frye e até do sombrio Jack.

  • ProdutoraUbisoft
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento15 de Dezembro 2015
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAventura
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mensagem algo femininista
  • Liberdades na história de Jack

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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