ARMS

Análise: ARMS

Quando a Nintendo apresentou os títulos que iriam ser lançados para a sua mais recente consola Nintendo Switch, ARMS foi um dos jogos que se destacou pela sua interacção peculiar e também pelo seu enorme potencial de entretenimento. 

Este é um jogo de luta com personagens coloridas que se enfrentam em arenas com os seus braços extensíveis. Provavelmente, será um dos poucos títulos da Switch que não vai deixar que os seus controlos de movimento caiam no esquecimento. Seis meses depois do seu anúncio, ARMS chegou às lojas. Depois de o testarmos durante algum tempo, podemos dizer-vos se está, ou não, à altura de marcar a sua posição na Switch ou se leva um valente Knock Out à entrada do ringue.

https://youtu.be/k7s3UB_8dFM

A base do jogo parece muito semelhante ao mítico título de boxe presente na colectânea Wii Sports. A particularidade deste título está no facto de cada lutador possuir uns surreais braços elásticos que conseguem dar socos a longa distância. Nessa acção, é possível controlar a direcção dos ataques depois de desferidos de modo a fazer curvas ou arcos. O ritmo dos combates é parecido com o clássico Punch-out, ou seja, centrado em esperar por aberturas para atacar e esquivar para o contra-ataque. Tudo isto, associado a um visual colorido, cheio de personalidade e originalidade, realmente faz com que este título seja deveras viciante.

A mecânica de combate de ARMS é emprestada do tradicional “pedra-papel-tesoura”, onde uma defesa é forte contra socos, agarrar quebra a defesa e os socos suprimem os “agarrões”. Isto, numa análise mais simplificada, logicamente. Existem muitas nuances que, não só tornam o jogo acessível para os iniciantes, mas também cria uma certa envolvência para os mais dedicados. Os “agarrões”, tal como os socos, podem ser também controlados no ar para perseguir o adversário ou para desvios de contra-ataque. Mas, tenham cuidado. Tendo em conta que os braços se esticam, é preciso calcular o timing certo. Um soco mal dado e deixamos todo o corpo exposto, enquanto o braço não retorna à sua posição inicial. Em complemento à acção, temos o ataque “Rush” que pode ser usado quando uma barra fica preenchida. Quando activado, permite “disparar” uma sequência de socos a alta velocidade capazes de causar danos elevados.

Em termos de elenco, o jogo conta com 10 lutadores, todos muito bem distintos, não só no seu visual único, mas também pelas suas habilidades. Há personagens que variam entre as muito ágeis, até às muito pesadas, sendo uma questão de escolher a que melhor se adapta à vossa forma de jogar. Todos possuem duas habilidades individuais e exclusivas. Ninjara consegue teleportar-se automaticamente quando a sua defesa é atingida e Min Min tem um braço que se transforma em dragão quando carregado, por exemplo. As habilidades de cada uma das personagens, aliadas a toda a mecânica que expliquei anteriormente, tornam o jogo bastante tenso e divertido.

E, ao contrário dos jogos de luta mais recentes que fazem questão de revelar a história de cada lutador, ARMS simplifica neste campo. Prefere colocar os jogadores directamente na arena a lutar sem grandes apresentações. Mesmo assim, se ainda houver alguns curiosos, o torneio Grand Prix é capaz de oferecer alguns detalhes sobre cada um dos lutadores. Não esperem grandes histórias de heroísmo ou enredos muito elaborados. Aqui a receita para o divertimento é mesmo andar ao soco.

As lutas são constantes danças, onde cada lutador tenta encurralar o adversário, até conseguir o momento certo para atacar. E, não se deixem enganar pelo seu aspecto colorido, ARMS consegue ser bastante difícil de dominar, dando-nos alguns momentos frustrantes. Sobretudo ao início, pode revelar-se bastante exigente. Na sua dificuldade média já é desafiante, com o adversário a desviar-se constantemente e a dar bastante uso a ataques especiais. É preciso alguma dedicação, persistência e conhecer bem cada personagem para aproveitar vantagens e fraquezas de igual forma.

Sair-se vitorioso de cada combate significa também um aumento de moedas na nossa carteira. Estas moedas poderão ser usadas para “comprar” outros tipos de braços para cada um dos lutadores. Contudo, estes upgrades são caros e requerem que sejamos vitoriosos em vários combates até conseguirmos comprar mais e melhor equipamento. Se se aventurarem pelo torneio de 10 rondas, por exemplo, é oferecido um pequeno bónus no final como um incentivo extra. Já perceberam que a ideia é que sejam persistentes. Como em qualquer outro jogo de carácter competitivo, treinem muito.

No que toca a personalização, há alguma estratégia a ter em conta com os estes braços mecânicos. Estes apêndices podem ser equipados antes de cada ronda e cada personagem pode equipar dois braços entre as suas três opções. Uma vez mais, é importante que se inteirem das capacidades de cada tipo de braço. Há alguns modelos que conferem danos extra, com elementos especiais, como electricidade que deixa os adversários atordoados, ou um outro com elementos de gelo que desacelera o passo dos adversários por um curto período de tempo. Todos possuem vantagens e desvantagens, novamente ajustadas ao nosso estilo de jogo.

No início da nossa carreira, cada lutador começa com três braços diferente para escolher. Eventualmente, com o passar do tempo, conseguirão desbloquear os restantes, de trinta disponíveis. O número elevado de opções é compreensível para dar alguma sensação de conquista ao longo do jogo. No entanto, eventualmente esta variedade torna-se algo ilusória, uma vez que não há muita vantagem entre cada modelo. Enquanto que cada um dos lutadores tem a sua habilidade especial, a verdade é que esta opção de braços oferece diferenças muito subtis na acção. Acabamos por lutar sempre da mesma forma e com o mesmo equipamento. Trocar de braços será raro, quanto a mim.

Em relação aos controlos propriamente ditos, existem várias opções de interacção. Contudo, os Joy-Con são os sugeridos e, na verdade, são os únicos que são alvo de explicação no seu uso nas opções. Devido à detecção de movimentos, porém, até funcionam de forma muito intuitiva. Ao inclinar os comandos para ambos os lados, fazem com que os lutadores se mexam para a esquerda ou para a direita. Os botões superiores ficam responsáveis por saltar e desviar. Se juntarem ambos os comandos, levantam os braços para defender dos ataques adversários. Já os ataques, são feitos como se estivessem realmente a dar murros, com os vossos próprios punhos.

Contudo e como já tem vindo a ser hábito nos controlos deste género, cruzei-me com alguns problemas com os ataques mais rápidos. Algumas vezes, os Joy-Con não detectaram o que eu pretendia fazer e acabei por não conseguir contra-atacar no momento certo. Felizmente, quem preferir pode usar os comandos tradicionais que funcionam também muito bem. Curiosamente, diria que até oferecem mais precisão, mesmo que para bloquear seja necessário carregar no analógico esquerdo, o que não é muito prático para um movimento que precisa de ser feito o mais rápido possível.

Sendo o ARMS um exclusivo para a Nintendo Switch, a possibilidade de jogar com e contra várias pessoas na mesma consola não poderia ser posta de parte. Neste título podem jogar até quatro pessoas ao mesmo tempo, mas é num mítico 1v1 que este título oferece uma competição mais equilibrada. Os restantes modos como Team Battle ou Free for All, tornam-se caóticos com braços vindos de todas as direcções a cruzar o ar. Torna-se difícil planear uma estratégia viável, principalmente se estivermos a jogar online, sem haver qualquer possibilidade de comunicar com os aliados para combinar alguma estratégia.

Para quebrar a rotina dos combates regulares, contem com uma série de mini-jogos que oferecem formas únicas de jogar. Um deles é o V-Ball que coloca os jogadores a bater numa bola explosiva através de uma rede, bem ao estilo de um vulgar jogo vólei, mas mais explosivo. Há também o modo Hoops, onde é preciso agarrar o nosso adversário e atirá-los para uma espécie de cesto de básquete. Ambos são uma alternativa divertida às lutas directas, sendo também uma óptima opção para um serão em casa para ver que encesta mais familiares.

Visualmente, ARMS conta com um grafismo colorido e com alguma exuberância nos detalhes. Embora não seja um visual assim tão único, de certa forma, fez-me lembrar um pouco o jogo de acção do momento, Overwatch. Comparações à parte, posso dizer-vos que, quando a Switch é colocada na dock, o jogo corre com uma resolução 1080p a 60 FPS, o que oferece uma fluidez exemplar para um jogo deste género e útil para os momentos mais frenéticos. No entanto, se for jogado com mais jogadores em campo o framerate baixa para uns 30 FPS bloqueados e a resolução diminui para 900p. Esta medida permite que o jogo se mantenha sempre fluido. Não é particularmente notória, mas é uma redução de qualidade a considerar.

Veredicto

Por tudo o que descrevi anteriormente, posso dizer que ARMS consegue criar uma boa base para o seu futuro. É óbvio que se baseia em vários jogos de luta, seja de boxe, seja noutros géneros, mas acaba por se destacar pela originalidade das suas mecânicas acessíveis. Também os seus modos divertidos criam um jogo distinto, que se sente em casa numa consola como a Nintendo Switch. Assim sendo, o árbitro já levantou os braços e o veredicto está no ar: É mesmo uma vitória por K.O. no género de luta, algo que desde a sua revelação já estávamos já à espera. O Mayweather que se cuide!

  • ProdutoraNintendo
  • EditoraNintendo
  • Lançamento16 de Junho 2017
  • PlataformasSwitch
  • GéneroLuta
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

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  • Alguns problemas nos controlos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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