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Análise – ARK: Survival Evolved (Actualização: Nintendo Switch)

Há dois anos, descobrimos ARK: Survival Evolved como um mero projecto promissor. Nesse mesmo ano, acabámos por estabelecer contacto com a versão Preview na Xbox One. Percebemos logo o potencial deste jogo, só não sabíamos que iria ser tão popular.

[Actualização da Versão Nintendo Switch]

Depois de ARK ter sido tão expandido na oferta, ao ponto de ser lançado para os dispositivos móveis, é a vez da Nintendo Switch levar os seus jogadores a mergulhar na misteriosa ilha pré-histórica. Bem conhecemos os limites técnicos da consola da Nintendo, indagando logo se é suficientemente capaz de renderizar tantos pormenores e perigosos dinossauros. A sua passagem pelos tais dispositivos móveis deixou a ideia que seria possível compactar o mundo gigante de Ark na pequena consola híbrida da Nintendo. Obviamente, só quando recebemos esta versão é que pudemos avaliar.
Para começar, a jogabilidade mantém-se intacta como a conhecemos. Toda a experiência de mundo aberto é familiar, mantendo também todas as mecânicas já conhecidas. Isto incluí a caça, o crafting, cultivo, criação de dinossauros, combate e, claro, a construção de abrigos. Não foi alterado na oferta de jogabilidade, mantendo todas as características originais e a possibilidade de jogar até 65 jogadores online. Descrito assim, dá a entender que é um port competente e que os jogadores ficarão satisfeitos de o poderem jogar, agora, na Switch.
Só quando pegarem no jogo é que irão ver que não é bem assim. Com um jogo desta dimensão e exigência técnica, será de esperar que alguns pormenores tenham sido sacrificados para conseguir correr nesta consola. Como todos sabemos, a Switch tem um poder de processamento inferior às outras consolas onde ARK já foi lançado. Confesso que não pude experimentar nos tais dispositivos móveis, pelo que não pude avaliar se esta é mesmo a pior das versões em termos visuais. Mas, não é brilhante.
O corte mais visível na qualidade foi, sem sombra de dúvidas, no grafismo. Entre inúmeros pormenores que tomei nota, a qualidade das texturas é claramente mais reduzida. De tal forma, que a apresentação geral dos modelos e objectos acaba comprometida, principalmente para quem já viu este jogo num PC. Vemos todos os elementos a surgir magicamente numa incrivelmente curta distância, significando que o seu Draw Distance é muito reduzido. E o estranho filtro que desfoca os limites de alguns objectos, claramente para esconder as quebras de polígono, não beneficia em nada o visual.

Como se tudo isto já não fosse suficientemente negativo, temos o problema da performance geral. Todo este sacrifício no grafismo não é suficiente para manter uma fluidez no jogo. O rácio de fotogramas (FPS) oscilam demasiado, notando-se principalmente quando temos vários dinossauros presentes no ecrã. Isto é notório com a consola portátil, mas ainda mais na doca. Este jogo fica de tal forma lento na sua performance que acaba por “travar” em alguns momentos. Esta lógica, quanto a mim, estraga toda a experiência.

A optimização é tudo quando se trata de um port, seja qual for o jogo. Mesmo com a diferenças visuais entre o PC e as consolas, Ark continua a ser um jogo competente a nível gráfico na PS4 e na Xbox One. Este port na Switch não pode ser aceitável num jogo tão popular como este. O intuito é, claramente, chegar a mais audiência. Só que esta plataforma não merecia uma optimização tão pobre e tão menosprezada, mesmo sabendo que o jogo-base é tão exigente a nível técnico.

Veredicto da versão Nintendo Switch

O facto de Ark: Survival Evolved manter todo o seu conteúdo original na Nintendo Switch é um grande feito. Principalmente se pensarmos na possibilidade de jogarmos onde quisermos nesta consola híbrida. Contudo, sofreu uma redução absurda na qualidade técnica, tão grande que acaba por estragar toda a sua apresentação. Pior, estas optimizações tão destrutivas não parecem, mesmo assim, terem sido suficientes, dada a performance tão abaixo do desejável. Pode ser que umas actualizações consigam melhorar a apresentação. Por agora, porém, é difícil recomendar este port.

[Actualização: Aberration (DLC)]

Ao longo da vida de Ark: Surival Evolved, a equipa de produção do Studio Wildcard trouxe algumas novidades à jogabilidade com os seus pacotes de transformação completa. O mais recente chama-se Aberration e, como o nome indica, a transformação é mesmo uma aberração. Esqueçam o paraíso idílico do jogo base e pensem numa nova Arca em que somos forçados a viver num mundo subterrâneo, com um sistema complexo de cavernas. Agora adicionem umas espécies estranhas de seres para caçar, atacar ou domesticar. Por fim, adicionem mais armas e ferramentas novas, assim como mecânicas diferentes.

Contudo, apesar destas novidades, o jogo mantém todas as suas lógicas anteriores de construção, caça, crafting, combate… e toda a vasta lista de formas de morrer. A diferença é que será tudo bastante mais estranho. Por exemplo, existe uma espécie humanóide chamada Reaper que… vos pode engravidar! Sim, leram bem. O fruto dessa relação improvável é um Reaper que podemos “domesticar” qual filhote amado. Se isto soar estranho, não estão sozinhos. Mas, a estranheza não fica por aí. Desde cavalgar num camaleão gigante, até ter um pequeno ser que serve lanterna, poucas coisas farão sentido.

Sim, continua a ser um pacote de “reskin” como foram os gratuitos Ragnarok ou The Center, mas a sua acção subterrânea confere uma nova abordagem curiosa. As cavernas possuem uma inegável verticalidade, mais evidente no uso dos novos wingsuits que nos permitem voar pelas profundidades ou com a capacidade de escalar paredes. Há também uma maior utilização da iluminação ou, neste caso, na falta dela, dando alguma ênfase à escuridão que esconde alguns perigos. As regiões que o jogo chama de Biomes, são também diversificadas, tendo a zona de Fertile Lake um aspecto parecido à familiar superfície, enquanto que The Edge é uma difícil zona rochosa para os que gostam de desafio.

Devo assinalar que esta é a segunda expansão de três planeadas no passe de época. Para todos os efeitos, é como a equipa da Wildcard quisesse criar novos mundos com o mesmo motor gráfico e mecânicas de jogo, mas sem propriamente reinventar este título. O que até pode manter o interesse dos jogadores em experimentar algo novo, mas também mantém os problemas que levanto no artigo original em baixo. Tal como o anterior Scorched Earth, este DLC custa também 19,99€ no Steam ou, alternativamente, pode obter estes dois DLC e o terceiro por anunciar com o passe de época mais em conta (39,99€). Se este preço significa que vamos ter sempre novas regiões e mecânicas para expandir o jogo base, valerá bem a pena este investimento. E até desculpo os erros visuais que encontrei.

Veredicto do DLC Aberration

Agora que já foi lançado oficialmente, Ark: Survival Evolved entrou numa fase de amadurecimento. A equipa poderia simplesmente lançar estes DLCs pagos com novos mundos e mecânicas, mas também tem vindo a lançar algumas expansões gratuitas de grande relevância. Aberration é o pacote ideal para quem quer algo verdadeiramente novo neste jogo. Traz novidades, não só no novo mapa subterrâneo, mas também nas mecânicas de exploração, com os wingsuits a tornarem-se quase essenciais. Vão estranhar muitas das novas espécies, mas quem não estranhou também acordar numa ilha repleta de dinossauros? Para nós, é só mais uma Terça-Feira na Arca.

[Análise original de 4 de Setembro de 2017]

Alguns jogos são assim. De um humilde projecto independente de uma produtora desconhecida chamada Studio Wildcard, saiu um fenómeno de popularidade. ARK tornou-se tão famoso que até gerou uma onda de jogos semelhantes, alguns com relativo sucesso. Mas, ARK só há um. É este, o original que esteve dois anos (e qualquer coisa) no programa Early Access do Steam e Preview da Xbox. Desde Dezembro do ano passado entrou também pela PS4 adentro, conquistando mais uma plataforma. Pelo meio lançou inúmeras actualizações que melhoraram o jogo base, algumas expansões (inclusive uma de três pagas) e até teve direito a um standalone gratuito. Popularidade não falta a este título. É só preciso saber se continua relevante, agora que tem aqui a sua versão final.

Antes de mais, é preciso abordar o modelo da Wildcard com relação à produção e comércio deste jogo. Por um lado, os programas de acesso antecipado são excelentes ferramentas de suporte durante a complicada e cara produção de um jogo. Os jogadores desfrutam dos jogos, ajudam na sua produção e até contribuem para o seu futuro. Por outro lado, muitos entendem este modelo como uma exploração do jogador que paga por um jogo incompleto. Não ajudou que a produção lançasse conteúdo pago entretanto, desvirtuando um pouco o propósito do Early Access/Preview. Pior, quem comprar esta versão final, ainda terá de comprar o passe de época se quiser as expansões todas. Mesmo assim, com quase 6 milhões de cópias vendidas, o jogo em si parece ser do agrado de muitos.

O que trata este jogo? Para quem viveu numa caverna nestes dois últimos anos, explico: Imaginem um intrigante mundo onde acordamos numa clareira onde há… dinossauros e outros monstros extintos. Sem roupas, sem comida, sem armas, apenas com um estranho implante no braço, temos de, simplesmente, sobreviver. Para isso, há que reunir matéria prima, fabricar armas, roupas e até abrigos, caçar para comer ou combater para não ser barbaramente assassinado num mundo hostil. Tudo nos quer matar, até simples bagas que apanhamos e que podemos ingerir sem saber o que estamos a fazer. Pior é quando encontramos outros humanos que não estão dispostos a tréguas. Sem revelar como, tudo isto tem um propósito explicado num enredo que poderão ir descobrindo.

Contem com muito crafting, muita angariação de recursos, muitas emboscadas (e mortes), muita exploração e, sim, muita domesticação de animais, que é capaz de ser o que mais esperam de um título destes, mas que acaba por ser uma das mecânicas mais enfadonhas do jogo. Pelo meio, há uma evolução em quase tudo o que fazemos, melhorando a personagem ao desbloquear mais e melhores projectos, como roupas, armas e até construções cada vez mais fortes. Diria que ARK tem duas fases muito distintas de jogo. A primeira fase é a do deslumbre pela enorme oferta de actividades do jogo, que parece mesmo um título arcaico de sobrevivência. A segunda fase, em que muitos jogadores mais experientes já estarão, é a da consolidação e do grind só para manter e defender bases.

E este é um choque tremendo para quem chega agora. Entrar num servidor público e ser de imediato atacado por jogadores mais experientes é frustrante. Contudo, sem esses jogadores de ego exagerado, mesmo assim, já não me lembrava de como este jogo faz pouco para nos explicar o que fazer. Por acaso, dada a minha análise de há dois anos, estava à vontade com a sua lógica, mesmo que os menus tenham mudado ligeiramente desde a primeira abordagem. Contudo, notei que mesmo na versão final, não há tutoriais e as explicações são escassas e espaçadas. Os novatos passam uma boa parte do tempo a tentar perceber o que fazer. Mesmo sendo intuitivo, era bom que lhes dessem uma ajuda.

Felizmente, podem errar sozinhos. Ou criam um servidor e por ali ficam ou simplesmente jogam offline. A experiência, quanto a mim, é muito menos interessante sem o desafio de ter outros jogadores para combater. Por outro lado, apesar de nem todos terem o mesmo espírito, encontra-se muita entreajuda e cooperação nos jogadores humanos. Podemos criar modestos abrigos ou até fortalezas gigantes, ajudando na construção e na defesa em comunhão. Isto porque, mesmo que todos se desliguem, este mundo é permanente, por vezes, as bases são atacadas por dinossauros ou saqueadas por outros humanos. A entreajuda é um dos destaques de jogar online, mais pelos benefícios que pelo desafio em si. Algo impossível a solo, obviamente.

Contudo, se pensam apenas comprar o jogo base, preparem-se para uma situação injusta. Visto que a produção lançou um DLC ainda na fase de desenvolvimento, cerca de metade dos servidores estarão dedicados a esse pacote chamado de “Scorched Earth“. Porque este conteúdo é dedicado, embora apenas adicione Dragões num novo mapa, a comunidade está dividida. É óbvio que isto é um problema comum a todos os jogos com DLC. Contudo, a Wildcard decidiu lançar uma expansão paga antes do lançamento e não a incluiu no jogo final de 60€, obrigando a comprar uma edição especial, um passe de época ou os três pacotes à parte. Não faz muito sentido e levantou a ira de muitos fãs.

Outro pormenor que não consigo compreender tem a ver com a evolução técnica do jogo desde a sua fase de acesso antecipado. Os ambientes deste jogo, incluindo as suas texturas, animações e efeitos visuais, são realmente fantásticos e bem concebidos… numa abordagem próxima. O jogo, que usa o motor gráfico Unreal 4, tem uma fraca performance à distância, criando erros visuais e outros bugs, sobretudo nos dinossauros e outros seres gigantes. Há também uma colecção enorme de pequenos “glitches” que sempre desculpei pelo facto deste ser, na altura, um jogo em desenvolvimento. Mas, esperem… o jogo foi agora lançado! Qual é a justificação? Não sei, mesmo.

O Unreal Engine 4 é soberbo, tendo já trazido grandes marcos nesta indústria. ARK parece-me ainda em acesso antecipado e por lá deve ficar mais um tempo. O jogo estará a ser melhorado a cada nova actualização, tenho a certeza. Até mesmo nos seus problemas visuais, nota-se uma evolução. Talvez a optimização seja um factor, uma vez que o jogo parece estar constantemente acima dos 60FPS na verão PC que analisei. Contudo, não se pode dizer de ânimo leve que esta é uma versão final, nem se pode cobrar tanto por um jogo que parece igual desde há dois anos. Só mesmo os menus me parecem polidos, continuando com a confusão que sempre achei ser algo temporário e em desenvolvimento.

Veredicto

Este lançamento é, claramente apontado aos recém-chegados. Nele encontrarão todo um novo mundo, repleto de actividades e perigos, num dos melhores títulos de sobrevivência de sempre. Um que até gerou toda uma nova moda. Os que já eram fãs, porém, não irão muita diferença neste lançamento de ARK: Survival Evolved. Afinal, a versão de antevisão que tinham, deu-lhes acesso a esta nova versão final. Por outro lado, irão concluir que este é o mesmo jogo de sempre, o que nem sempre é algo positivo. Apesar de uma evolução em quantidade, a qualidade é a mesma em muitos aspectos, inclusive no campo visual. Era excelente em 2015, continua interessante nesta versão, mas esperem praticamente os inúmeros glitches visuais. Estou certo que o Studio Wildcard vai continuará a trabalhar em melhorias, nem que seja para optimizar os próximos DLCs.

  • ProdutoraStudio Wildcard
  • EditoraStudio Wildcard
  • Lançamento29 de Agosto 2017
  • PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
  • GéneroAventura
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Inúmeros glitches visuais persistentes
  • Tecnicamente, o mesmo jogo de 2015
  • DLC divide a comunidade

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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